2 de junho, a dois dias do aniversário de 20 anos dos protestos na Praça e tentando falar aqui de Beijing.
O temor não declarado das autoridades chinesas levou a um sem número de bloqueios internéticos para barrar opiniões estrangeiras. Hoje, não temos aqui Youtube, Blogger, Wordpress, Google Reader, Twitter, Flickr, Ning, o recém saído do forno Bing, sei lá o que mais.
Dentro de casa, o fanfou.com, uma imitação descarada do Twitter, discute a campanha para o uso de roupas brancas no dia 4 (http://fanfou.com/q/白色衣服) e lembra o protesto estudantil que culminou numa manifestação violenta na Praça. Desde que o fenômeno seja observado com os olhos locais, tudo bem. Será?
Claro que não é bem assim e quem fala o que o governo não quer é calado também, como o blogueiro Michel Anti, que em 2005 teve o blog banido da blogsfora chinesa pela Microsoft - a pedidos, óbvio. Em entrevista recente a um dos sites mais bacanas em inglês da China que fica de olho na mídia local, o Danwei (www.danwei.org), Anti alertava aos amantes do twitter para que piassem enquanto houvesse tempo. Depois, bico calado.
Calaram-se. Haveria necessidade de tanto barulho para um mar de silêncio, ou pelo menos, de certezas vagas?
Quando a Coréia do Norte começou a encrespar com esta histórinha de satélite de longo alcance para lá e para cá, imaginei que nunca um agito oriental caísse tão bem. Os camaradas teriam acertado na mosca. Ainda no mundo animal, a gripe suína rende outro pano pra manga e reportagens intermináveis, alarmando a população para o que poderia se tornar uma reprise de SARS.
Nesta até eu me dei mal, não bastasse estar quase calada, agora tenho férias programas e na volta serei obrigada a ficar sete dias trancada em casa. Todos os que saírem da China e trabalham na minha unidade, governamental, terão a quarentena compulsória. Bingo. E perderei sete dias de férias no Brasil.
Voltando às notícias que abalam o mundo, tem horas em que as precauções excessívas e insesatas chinesas me irritam. Em tempos de concordata da GM e do horror que esta sendo a triste história do vôo AF477 perdido no Atlântico quando ia do Rio para Paris nem tem gente querendo voltar ao passado. Ou deste, ter apenas as boas recordações das vítimas do acidente, a quem deixo minhas mais sinceras orações.
Há 16 horas
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