Há uma semana
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Honestidade
Bonito ser honesto num lugar com tanta concorrência, não?
Foto: Zhang Yanhui/Xinhua
Dia desses, peguei um táxi para vir ao trabalho. Está frio - sempre abaixo de zero -, o preço não é alto, eu tenho preguiça mesmo, confesso. Certo que o trânsito em Beijing é problemático, constantemente há engarrafamentos. Especialmente em horários de pico e nas principais vias da cidade. Nada de se espantar numa cidade de 16 milhões de habitantes - ou mais, há sempre confusão em relação ao número de habitantes da capital chinesa.
Bueno, voltemos ao táxi. Entrei, sentei no banco de trás, informei ao motorista para onde gostaria de ir e sorri. Pronto, não sei muito chinês, melhor nem tentar conversar.
- Olha, se tu fores de trem, tu vais chegar mais rápido - me disse o tio.
- É, eu sei - respondi.
- É mais rápido e bem mais barato. São só dois kuais - replicou o taxista.
- Sei também - disse.
- Tu precisas pegar o trem em Liujiayao e ir até Chongwenmen...
- Sim, sim, e lá eu troco pra linha dois, pego até Xuanwumen - completei, já ficando constrangida.
- Isso. Viu, você sabe. É mais rápido. E são só dois kuais. De táxi, são mais de 30!
- Eu sei, eu sei - disse, entre constrangida, irritada e surpresa.
- Oh, a estação Liujiayao é aqui - me mostrou o taxista, apontando para uma das entradas da estação de metro.
- Ahan, brigada.
Eu tava constrangida pela preguiça, surpresa com o tio não querendo que eu usasse o serviço dele - provavelmente o ganha pão dele - e irritadíssima pelo fato de não saber falar chinês. Imagina! Que tiozinho era esse? Por que ele explicava tanto sobre o metrô e parecia fazer questão de que eu utilizasse um meio de transporte mais barato e mais rápido? Será que ele gostou de mim e do meu sorriso e nem estava se importando por perder cliente? Saco não saber falar a língua...
De qualquer forma, fiquei contente com a simpatia do "shifu (师傅)" (mestre, e que, aqui em Beijing, designa nossos queridos condutores de táxis). Na chegada à porta da agência, ele ainda voltou a carga:
- Viu, táxi não é bom - sorriu e foi, se referindo ao tempo perdido no trânsito e a grana gasta para pagar o serviço.
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