terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A maternidade, a paternidade e o signo chinës


Hoje recebi a notícia do nascimento da Maria Júlia, a filha do Guisba e da Beta. Mais uma bebê ratinha, segundo o horóscopo chinês. De acordo com pesquisas que fiz agora, os nascidos sob o signo do Rato são sentimentais e muito apegados à família, além de serem superadaptáveis, o que os ajuda a serem bem sucedidos em todos os empreendimentos. Fofo!

Neste ano, ano e meio em que estou aqui na China, a quantidade de bebês dos meus amigos é algo impressionante. Vieram ao mundo Luíza, Valentina, João, Cecília e agora a Maria Júlia. Todos ratinhos e ratinhas.

A Cecília e a Maria Júlia são daquela porção de gente que tem de fazer as contas pra saber a qual signo chinês pertencem. O ano novo que eu comemorarei agora no dia 26 de janeiro muda a cada ano, pois segue o calendário lunar. Assim, nascidos entre o final de janeiro e o início de fevereiro têm de ficar de olho naquelas tabelas que aparecem na internet, dizendo que tal ano é ano do boi (como o caso de 2009), da serpente, do dragão. Na verdade, não é bem assim, a mudança vai demorar um pouquinho mais pra ocorrer, nunca será no dia 31 de dezembro.

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Pois dia destes um amigo perguntou se eu tinha vontade de ser mãe. Com esta profusão de bebês à minha volta, digo que ainda meu instinto materno não aflorou. No entanto, faço algumas descobertas com minhas amigas e amigos pais e mães - a maioria de primeira viagem. Algumas são um tanto óbvias, como os medos em relação a cuidar do filho (e que, apesar de óbvia, ainda assim é desesperador e encantador que só).

Mas num meio em que as crianças não fazem parte, exatamente o meu aqui em Beijing, às vezes percebo o quão legal é ter pequerruchos em volta vez que outra - até pra me preparar para tê-los de uma vez por todas, full time (aff :p).

Domingo veio a Maria, quatro anos, tomar chá da tarde lá na minha casa e da Paula. Tudo bem, a moça foi com a mãe, mas foi ela quem ajudou a explicar o endereço pro taxista e, não contente, ainda queria fazer o doce que a Simoni tinha prometido preparar. Em determinado momento, quando não havia nada pra ser feito, a não ser lavar os morangos, a Simoni foi categórica com a Maria:

- Filha, fica olhando bem concentrada pra panela. Se não olhar, o doce vai estragar - falou, ao se referir à panela onde estava o pó de chocolate misturado ao leite condensado, ainda sem ir ao fogo.

Pronto, eu, Paula e Tarsila caímos na risada e a Maria se sentiu muito importante em fazer parte de um momento tão crucial para a feitura do doce, enquanto a Simoni tinha tempo pra lavar e cortar os morangos sem se preocupar com as estrepolias da filhota. Sério, tem coisas que só a maternidade ensina. Falar com crianças é uma delas.

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Falar em falar com crianças, Beijing não é tão desprovida assim de bebês, mesmo que no meu círculo. Por aqui está grávida a Mariana, uma das minhas melhores amigas, grávida do primeiro filho, muito provavelmente o único. Se quiser ter dois, vai ter de pagar, e não é pouco, uma taxa para o governo até que o bebê se transforme num pseudo-adulto de 18 anos.

Desde os fins de 1970 a China exige o filho único, salvo pagando, ou em casos em que as crianças nascem com necessidades especiais, casos em que o filho mais velho pode vir a ser salvo por um irmão mais novo (transplantes de medula ou não sei mais que outras doenças), casos de famílias rurais cujo primeiro filho seja primeira filha, casos de descendentes de minorias étnicas, casos em que um dos cônjuges seja estrangeiro e casos de famílias cujos cônjuges sejam AMBOS filhos únicos.

Esta política foi implantada aqui porque o país cresceu muito. Em 1949, tinha 542 milhões de pessoas, população que saltou para 963 milhões em 1978 (o ano da implantação da política de filho único). O salto foi muito em decorrência de políticas da época, que estimulava o crescimento das famílias. Hoje, graças ao freio, são 1,32 bilhão de chineses no país, segundo os dados oficiais.

Mas agora, dois problemas: a geração de filhos únicos está chegando à fase de ter filhos (eles nasceram em 78, a conta é fácil, 30, 31 anos) e agora podem ter famílias com dois rebentos. Em razão disso, Shanghai, em 2007 já teve crescimento populacional após 15 anos de ou queda ou estagnação na taxa.

O outro problema é que as famílias estão acumulando dinheiro, ficando ricas, classe média alta, enfim, com poupança que pode, em termos práticos, resultar no direito de criar mais um filho, mesmo que pagando impostos. Pesquisa divulgada semana passada mostra que atualmente 70,7% das mulheres chinesas em idade fértil querem o segundo filho, um número 7,6 pontos percentuais maior do que o de 2001.

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No terremoto de Sichuan, em 12 de maio do ano passado, morreram mais de 10 mil crianças. O governo lançou uma política especial para a região que permite às mães terem o segundo filho, caso o primeiro tenha sido vítima da tragédia. Casais de viúvos do terremoto, por assim dizer, que já tenham filhos da união anterior, mas que casem novamente também podem tentar um filho do novo casal, desde que a soma dos filhos anteriores não ultrapasse dois. Ou seja, se cada um trouxer um filho do casamento anterior.

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Tanta matemática em relação às famílias deixa a coisa toda um tanto sem emoção, não? Como falei tanto de mãe, mas não falei de pais, deixo um texto do Tião, pai do João, pra vocês. Vocês vão clicar no link, depois procurar o post do dia 23 de novembro, combinado?

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A foto é minha e da princesinha Luíza, a filhota da Gisselle e do Vini, que eu conheci neste ano em Curumim.

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