terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A vida fácil chinesa


Por um motivo qualquer, um dia um brasileiro decide morar na China. "É fácil?", se perguntam alguns. "Olha", digo eu, "difícil é que não é". Pelo menos aqui em Beijing. Pelo menos para trabalhar na Xinhua, no Departamento de Língua Portuguesa, onde há 12 colegas chineses que falam português, a maioria dos quais já morou ou no Brasil ou em Portugal.

Eu me considero uma sortuda. Já na chegada ao aeroporto, sem saber muito o que iria encontrar ao desembarcar, vi meu nome num folha de ofício: "Janaína Silveira". Era eu, certo, e quem segurava o papel era uma chinesinha sorridente e falante, descobri esta segunda característica poucos minutos depois.

Mariana, ou He Meng, o nome chinês que só fui saber muito tempo mais tarde, é a minha melhor amiga aqui. Colega de trabalho, é ela quem me ensina sobre as culturas antiga e moderna chinesas, explica o modo de ser dos adolescentes, dos mais velhos, dos jovens casais, tem conselhos sentimentais ótimos e, como uma cerejinha do bolo, sabe fazer piada como ninguém.

A Mariana vive me ensinando, corrigindo, mostrando. Qual minha supresa hoje, ao chegar ao trabalho, e descobrir que essa menina esteve aqui no blog comentando! Pois se você clicar aqui, vai ver que ela teve a gentileza de nos contar a origem da expressão Mamahuhu. Olha, aulas de chinês com quem entende, é privilégio para poucos, acredito. Fico feliz de que tenhamos a companhia desta guria por aqui!

Ela está aí ao lado comigo, em foto tirada ainda no verão, quando me levou às compras pela primeira vez.

***

Não responde exatamente ao Jorge Cesar, que, por e-mail, me perguntou se aqui dá para sobreviver sem dominar o idioma. Olha, Jorge, é assim. Eu estou em Beijing, onde o inglês ajuda muito. Não em todos os restaurantes, mas é possível apontar os pratos pelas fotos no cardápio, pelo menos. Agora, ir a médico, resolver burocracias, etc... nestes casos, você precisará de um intérprete, sim.

Eu conheço alguns brasileiros por aqui, muitos dos quais não falam o chinês. Todos se viram, não tenha dúvidas. Mas eu, por exemplo, estou fazendo aula de chinês. Quero aprender esta língua. E tem horas em que ajuda. Me sinto superfeliz a cada passinho no mandarim. Tenho a impressão de que em cidades do interior, a vida sem mandarim seja ainda mais difícil.

Sobre entrar no país, é tranquilo, sim. O visto de turismo depende de alguns trâmites, assim como o de trabalho, mas se você tem uma empresa aqui o contratando, não há problemas - a não ser, cumprir as etapas para pedir o visto.

Agora, claro, só para completar este papo de mandarim ou não mandarim.

Eu vejo que as pessoas aprendem rápido o que mais lhes interessa - à exceção do universal "xiexie", claro, que é "obrigado" (e boa educação todo o mundo gosta). Tem gente que precisou pedir rápido "cubo de gelo", pois aqui as bebidas muitas vezes não são geladas como nós brasileiros apreciamos, tem gente que precisou aprender rápido "dobre à esquerda", "dobre à direita" na hora de guiar o taxista até em casa.

Agora, respondendo ao Domingues, "Garçom, traz mais uma" é a tradução literal pra uma das primeiras frases que aprendi aqui - veja o que são os amigos conhecerem bem a amiga, mesmo distante! É assim, já ensino a vocês: "Fuwuyuan, zai lai yi ge!". Só tive de decorar rapidinho uma segunda frase (lembram que disse que aqui o gelado não é tão comum assim?): "Bing de pijiu" - "cerveja gelada"! Não custa nada lembrar ao garçom do que gostamos, não é mesmo?

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