O moço da foto, Barack Obama, será a estrela da próxima semana na China. O presidente norte-americano chega a Shanghai na segunda-feira após visitar Cingapura, Tóquio e o Alasca. Na terça, estará em Beijing, onde visitará locais famosos, mas, principalmente, terá encontro com o coleguinha daqui, Hu Jintao. Depois, encerrará o périplo asiático na capital sul-coreana, Seul.
Por conta da visita ilustre, noticiou nesta terça-feira o South China Morning Post, jornal de Hong Kong e cujo artigo é só para assinantes (http://tinyurl.com/yh8rqar), o Departamento Municipal de Indústria e Comércio ordenou que lojistas tirassem das prateleiras as camisetas que trazem Obama caracterizado como um guarda vermelho, como ficaram conhecidos os estudantes e jovens chineses do exército criado por Mao em 1966 e exterminado pelo próprio partido um ano mais tarde, no início da Revolução Cultural (1966-1976).
A China não quer constranger o visitante, alvo da criatividade pop chinesa, que mistura facilmente elementos do Ocidente às referências maoístas, ícones dum tempo comunista que já se foi, mas que, em resumo, moldou a China atual. As peças vintage ocupam 11 entre dez vitrines das lojas descoladas da capital – e de outras nem tão descoladas, mas que embarcam na onda – de lugares bacanas, como é o caso da Nanluogu Xiang, rua apinhada de bares e lojas e point de quem é cool na cidade (a Cidade Baixa dos porto-alegrenses, a Vila Madalena de SP, se não estou desatualizada).
Voltemos ao protagonista. O Obama, eu não sei se está tão preocupado assim em ser cortês. O principal assessor do presidente dos EUA para assuntos asiáticos, Jeffrey Bader, já anunciou que ele vem para falar sobre direitos humanos e tocará no delicado nome de Dalai Lama – figura, aliás, que voltou hoje ao noticiário chinês após visitar Arunachal Pradesh, uma região disputada pela China e pela Índia, na fronteira entre os dois países – numa região em que se encontram Tibete, Mianmar e Butão. Haja Buda! O ato, qualificado pelo governo chinês como demonstração clara das intenções separatistas do Dalai, foi duramente classificado por Beijing, em declaração do porta-voz do Ministério dos Assuntos Exteriores, Qin Gang.
Qin trabalhou bastante hoje – numa das duas conferências semanais regulares de imprensa, às terças e quintas-feiras. Pelo menos, teve de tocar em temas chatos, na visão tão tacanha chinesa, a de preferir não comentar a ter de se defender. Bueno, na defesa, ele já avisou que os EUA não devem interferir em temas internos chineses, nomeadamente Taiwan e Tibete, segundo pontos já acordados entre as duas nações. Lembrando números do comércio bilateral, Qin ressaltou que o que vale mesmo é aprofundar os laços, numa parceria que hoje movimenta US$ 300 bilhões anuais, um baita avanço, comparados ao quase zero de 30 anos atrás.
Agora é esperar pela semana que vem.
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