A temperatura oscila entre agradáveis 12 e 25 graus, uma perfeição brindada pelo céu azul.
Estamos em meio a dias atípicos - não só pela folga que tivemos da incômoda poluição. Na última quarta-feira foi feriado nacional em virtude do festival de Meio Outono, a noite em que a lua cheia é a mais cheia na China no ano, e no dia 1º de outubro se comemoram os 61 anos da República Popular da China. A cidade está florida, canteiros estão em todas as esquinas e praças de Beijing.
O céu azul pode ser bênção divina a esse país que só cresce e quer moldar uma orientação mais ecológica que, na verdade, não tem. Então é preferível acreditar que não se trata de bênção alguma, mas que o trabalho seja do Escritório de Modificação do Clima, a repartição chinesa em que deve ser mais legal trabalhar, desde que você não se sinta desconfortável com o fato de que talvez esteja contribuindo ainda mais enfaticamente para a explosão do planeta. Sério, qualquer hora isso tudo vai pelos ares - ares poluídos ainda por cima.
Então eu apostaria que os mocinhos dos escritórios de modificação do clima país afora acharam por bem ter o dia de Meio Outono lindo, que é quando familiares e amigos fazem visitas uns a outros para ofertar bolinhos de lua, o que está longe de ser delícia, mas é tradição. Agradeço tanto pelo coelhinho da Páscoa trazer chocolate. Se é para engordar, que as calorias valham a pena, né?
Enfin, deixa para lá as calorias. Agora será a hora de celebrar a unificação do camarada Mao, a revolução proletária, a reforma e abertura, o socialismo com características chinesas, a economia que só cresce, etc, etc. O céu vai continuar azul.
Para compartilhar tamanha felicidade ante uma semana, quem sabe 10 dias de dias maravilhosos, eis uma foto tirada ontem no 798, um antigo complexo fabril militar - na verdade, algumas unidades ainda funcionam - construído na década de 1950 por engenheiros especialmente importados da então Alemanha Oriental que optaram pelo estilo Bauhaus nas construções. Pois ante uma estratégia que levou muitas das unidades à bancarrota, na década de 1990 o lugar passou a abrigar artistas plásticos. Abandonados, alguns galpões foram alugados pelos tais artistas porque eram espaçosos, com muita luminosidade e incrivelmente baratos. O galpão da 798 abrigou a primeira galeria do lugar e acabou por batizar toda a região, com exposição permanentes ou temporárias e aberto o ano todo.
Hoje a região é conhecida como o Soho nova-iorquino, ninguém mais mora lá porque os aluguéis estão pela hora da morte, mas tudo o que você quer ver de bom em termos de arte chinesa estará lá. Dá para achar em outros lugares também, mas lá é meio parada obrigatória. Para gente como eu que já mora aqui, é ideal para uma escapadela da cidade e para comer comidinha boa, tomar café barato e ficar distribuindo ois para os amigos. Porque uma galera acaba tendo a mesma ideia.
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