A Coreia do Norte está prestes a indicar o próximo sucessor na linhagem Kim, na única dinastia comunista de que se tem notícia. Kim Jong-un, o filho mais novo do Querido Líder, Kim Jong-Il, deverá ser o escolhido.
O encontro que poderá indicar a sucessão deveria ocorrer no início de setembro, mas foi adiado. Agora, a agência oficial norte-coreana, a KCNA, anunciou que a conferência do Partido dos Trabalhadores da Coreia ocorrerá dia 28, quando será eleita a cúpula do partido. Ninguém sabe ao certo o que exatamente será anunciado e que papel caberá a Jong-Un, mas espera-se que este seja o primeiro passo rumo à sucessão.
Jong-Un deve ter menos de 30 anos e provavelmente estudou na Suíça na adolescência, embora alguns especialistas em Coreia do Norte sugiram que o caçula do Querido Líder nunca tenha saído do país. Até hoje, circula apenas uma foto dele pela internet, e o antigo chef de Jong-Il, um japonês que adotou o nome fictício de Kenji Fujimoto, descreve o menino como o preferido do pai. Fujimoto escreveu um livro de memórias sobre os 13 anos em que foi o chef do ditador. Especialistas acreditam que muito do que se conta seja mesmo verdade. E o japonês conta que Jong-Un tem muito a ver com o pai: fisicamente e psicologicamente. Ele teria herdado o estilo cruel e implacável do pai, diz Fujimoto.
Observadores estão antentos à movimentação da reunião inédita desde 1980. Ainda que o futuro líder ainda seja considerado novo por muitos, é preciso prepará-lo. A saúde de Jong-Il se deteriora desde um suposto derrame sofrido em 2008. Na ocasião, quando se afastou do palco político, o poder efetivamente ficou nas mãos do cunhado Jang Song-taek, casado com a irmã mais nova do então convalecente, por alguns meses. Song-taek também deve ser nomeado para algum cargo importante na cúpula partidária da próxima terça-feira. E, se for necessário, será o responsável por conduzir Jong-Un pelos caminhos do governo numa eventual transição, apostam estudiosos no tema.
- Sob o arco-íris da montanha sagrada
O próprio Jong-Il foi nomeado sucessor do Grande Líder Kim Il-Sung aos 38 anos, em 1974, mas o poder mesmo, só assumiu com a morte do pai, em julho de 1994. Até hoje ele não é presidente, cargo que cabe ao fundador da República Popular e Democrática da Coreia, o nome oficial do país. Coube a ele o título de Querido Líder e os louros de ter nascido na montanha sagrada de Baektul, sob um duplo arco-íris. Mas presidente ele não é. O presidente é morto, aliás, mas é eterno.
A história real indica que o segundo governante da Dinastia Kim tem a Rússia como país natal, uma vez que seus pais estavam exilados na fronteira sino-russa com a Coreia para brigar contra a invasão japonesa. Enfim, para que se apegar a detalhes se o arco íris da montanha sagrada é tão mais poético.
A história oficial a ser contada para Jong-Un ainda é desconhecida, assim como a real e, principalmente, como a política que o jovem pode adotar. Em uma nação voltada ao militarismo e afeita a contendas nucleares, é melhor abrir o olho mesmo. Fujimoto-san talvez não esteja 100% correto no livro – editado apenas em japonês e coreano -, mas se ele acertou que Jong-Un era o queridinho do Querido Líder, por que não desconfiar de que se trate de um jovem cruel? Ademais, ele é o jovem que tem pela frente o desafio de alinhar economicamente o país, que sofre com escassez de recursos e onde nem a comida é suficiente.
A esperar por terça-feira.
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