DEM. Esta é a marca por trás de muitas marcas chinesas. Uma companhia de branding, design de interiores e de projetos de ponto de venda que há dois anos aportou em Shanghai, vinda de Taiwan.
Até aí tudo bem. Os negócios entre ambos os lados do estreito – o eufemismo utilizado para que não seja necessário explicar se se trata de dois países, um país ou qualquer outro detalhe geográfico que o valha – só fazem crescer em tempos de pujança econômica. O enrosco, hoje, é primordialmente político.
Pois é no campo político que está a ironia em relação à DEM. O nome do dono diz muita coisa: Demos Chiang. Sim, a família tem peso na história chinesa. Ele é bisneto de Chiang Kai-shek (1887-1975), que fugiu da China em 1949 após uma longa guerra civil que culminou na fundação da República Popular da China, o modelo comunista à Mao Zedong. Chiang era o presidente chinês, à frente do Partido Nacionalista, o inimigo da revolução proletária que culminaria cerca de 30 anos depois no socialismo com características chinesas – o mecanismo que permite muita coisa, até a reconquista de Shanghai pelos Chiang.
Rapidinho em 1949 mais uma vez, é desde esta data que Taiwan se declara independente, que a China declara Taiwan chinesa e que o estreito ganhou status de eufemismo. Cruzá-lo é cada vez mais fácil. E é nesse intercâmbio intenso que se resgatam e redescobrem traços da cultura milenar chinesa, justamente um dos pilares da DEM. Parace mesmo que Demos curte a função de cruzar fronteiras e construir pontes.
O rapaz educado no Ocidente também se diz arauto da mistura fina entre modelos ocidentais e orientais. Um resgate patriótico, interpreta o China Daily, jornal oficial chinês em inglês – e onde o jovem empresário figura como destaque. Tanto Chiang biso quanto Mao e seus seguidores pudessem duvidar do feito, mas o jornal parece satisfeito ao mostrar que a maior parte dos negócios de Demos ocorre na porção continental do país (a China, menos Taiwan, Hong Kong e Macau). E o moço, claro, é só satisfação.
Entre os clientes, tanto do escritório em Taipei quanto do de Shanghai, estão Sony, Swatch, Motorola e Lenovo. Em solo chinês, a DEM foi responsável pela recém lançada Shanghai Vive, linha de cosméticos de luxo. Foi a empresa também que incluiu uma fênix chinesa nos carros de Fórmula 1 da Renault, além de brincar com pincéis chineses na principal loja da Louis Vitton em Kaohsiung, em Taiwan.
Para ler a matéria publicada no China Daily, em inglês, siga o link: http://www.chinadaily.com.cn/usa/2010-08/31/content_11234004.htm
Aqui, você confere a empresa: http://www.dem-global.com/en/
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