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segunda-feira, 7 de abril de 2008
Abordagem chinesa
Policiais prenderam 20 suspeitos, oito estrangeiros
Foto: Agência Xinhua
Sexta à noite em Beijing, feriado nacional em razão do dia para varrer os túmulos - um dia de finados por aqui. Pelo feriado, ocasião para um drinque em um bar ao ar livre, especialmente porque já estamos na primavera, e a temperatura está agradável. O destino escolhido por meus amigos? Sanlitun.
Sanlitun é uma das regiões boemias da cidade, reduto de estrangeiros e chineses, uma mistura de gente que procura diversão à noite - seja para dançar, curtir um drinque, um jantar gostoso e até um flerte.
Sentamos eu e meus amigos - àquelas alturas, dois brasileiros e um português, no bar Aperitivo (que apesar do nome familiar em português, é italiano). Comentei: "Aqui é divertido, sempre acontece alguma briga aí em frente, na calçada, a gente acaba vendo muito da vida noturna sem fazer esforço", falei brincando. Meia hora depois...
Vimos uns seis homens passando correndo muito em direção à rua principal. Olhamos para os caras correndo e percebemos que todo o mundo olhava justamente para o lado contrário. Motivo? Uma batida policial, daquelas que até já presenciei no Brasil.
A rua onde estávamos é uma via pequena, e a polícia a fechou dos dois lados. Quem estava do lado de dentro, não saía. Quem estava do lado de fora, não entrava (em resumo, rimos do fato de estarmos "presos" em um bar, numa sexta à noite, com cervejinhas geladas). Teve gente que não riu tanto assim.
A batida policial tinha endereço certo. Foram direto aos bares chamados Phoenix Café e Pure Girl porque tinham um alvo: apreender drogas e traficantes. Os locais agora estão fechados, os donos estão sendo investigados e, além de realmente terem apreendido entorpecentes, foram presos 20 suspeitos, entre os quais oito estrangeiros.
Pelé
Enquanto uma massa de curiosos se reunia em frente ao cordão de isolamento que impedia o acesso à rua, ouvi uma batida de samba. Samba? Só a batida policial já estava sendo meio surreal por aqui.
Foi assim. Um brazuca que vive por estes lados e que atende pela alcunha de Pelé estava, como eu, "preso" em Sanlitun. Os outros brazucas que estavam ali para se encontrar com ele ficaram retidos do lado de "fora". Como tinham pandeiro e surdo na mão, não tardaram a improvisar uma roda de samba, devidamente registrada pelas câmeras de TV que filmavam a ação policial, e darem início ao grito da noite: "Soltem o Pelé!". No final, nem vou dizer, mas o Pelé driblou o cerco e saiu de cena, com o povo da roda de samba. E, claro, teve estrangeiro que não entendeu nada do "protesto" brasileiro.
Em resumo, o crime não compensa, mas que brasileiros reunidos em qualquer situação, em qualquer lugar, sempre acaba em piada, ah, isso acaba.
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