quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O retrato do Mao

Ele é a personificação de o que é a China hoje. Parece que foi sempre deste jeito, mas não foi. Pop art pura, Mao Zedong foi um dos principais modelos de Andy Warhol, o pai da tal pop art, que se inspirou no retrato oficial do líder chinês, pendurado na entrada da Cidade Proibida, para apresentar ao mundo ocidental o tal timoneiro. Isso era 1973.

 

Mao já estava no portão desde antes da fundação oficial da Nova China, de boné e roupinha comunista pobre. Nem assim tinha a lata carismática do Che. Vai ver por isso a imagem nem vingou, e o que faz sucesso junto ao argentino com características cubanas é mesmo a estampa setentista – já bem mais careca, mas ainda assim, com mais cabelo do que a imagem agora imutável. É você pode não ter percebido, mas muita coisa mudou por aqui.

 

Em 1 de outubro de 1949, a data lembrada nesta quinta, o líder apareceu sozinho e mais sério no pórtico. O primeiro retrato como presidente já o mostrava sem boné. E cabeludo. Durou pouco. Um ano depois, tomadas as providências mais urgentes, era hora de trabalhar o culto ao líder. Foram selecionados 30 estudantes do Instituto de Arte de Beijing e coube  a Zhang Zhenshi a tarefa do retrato oficial.

 

De 1950 a 1964 ele foi o responsável pelo quadro a óleo de 6m x 3m, que mesmo baseado em fotos oficiais, evoluiu conforme avançava a idade de Mao. E daí a coisa de perder cabelo.

 

Em 1967, no entanto, um detalhe sutil revelaria uma faceta chinesa, a arte interminável de leituras das mensagens subliminares nas pinturas. Esporte nacional, as interpretações de obras já renderam boas dores de cabeças, provocaram perseguições e prisões, especialmente nesta época, a do início da Revolução Cultural (1966-1976).  Mao, que assim como Warhol se apropriou, aparecia até então com apenas uma orelha voltada ao exterior, passou a ter as duas retratadas, numa tentativa de mostrar que ele ouvia a todos durante a revolução e não apenas a selecionados do seu grupo de camaradas.

 

O retrato do Mao até já mudou de cor com a pop art, mas depois de Zhang, virou preto e branco somente por um curto período, após setembro de 1976, quando o retratado morreu, em sinal de luto. Depois – assim como aconteceu agora – voltaram as cores e o quadro só é trocado para se manter sempre novo em folha.

 

E ele se renova em outros objetos, de canecas a camisetas, relógios e bolsas, passando pelas notas. De 1 a 100 yuans, ou seja, a maior unidade da medida da moeda chinesa, lá está ele.

 

Por aqui, a velha dúvida sobre se Jesus Cristo ou John Lennon é o mais famoso nem tem vez. Houve brasileiro que já tenha sido perguntado

 

- Quem é esse? – por um chinês que via uma imagem do Redentor, sim, o que está de braços abertos sobre a Guanabara.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mao, Pol Pot, Hitler e Estaline: os maiores genocidas da História. Celebrar o quê? Os milhões de mortos às mãos desses loucos?