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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Hotel no complexo da CCTV arde em chamas em Beijing
Beijing – e a China inteira – celebra hoje o Festival das Lanternas, comemoração de origem milenar que marca o fim dos festejos do Ano-Novo Chinês e última data em que é possível soltar fogos de artifício na região central da Capital. E talvez um destes fogos tenha dado início a um incêndio que, pelo que vi, destruiu um prédio de 40 andares que daria lugar a um hotel da rede Mandarin Oriental, marca de luxo.
O edifício fica no novo complexo da CCTV, a rede estatal de televisão chinesa cujo projeto arquitetônico é aclamado como uma das maravilhas contemporâneas. Quem assina é o holandês Rem Koolhaas. Certo é que deveria estar pronto antes da Olimpíada, mas não deu, a área toda ainda estava vazia. Motivo por que se acredita que não haja vítimas.
A hipótese do fogo provocado por petardos pra mim ainda é muito remota. A gente sai pela rua e tem foguinho de tudo quanto é lado. Difícil um acertar justamente um dos prédios modelo de arquitetura e urbanismo contemporâneo. Ou só uma triste coincidência, ainda mais no último dia em que a brincadeira era permitida. Mais, só no ano que vem.
Correndo para pegar um táxi e ver as chamas, um fogo estorou bem perto de mim, dentro do meu condomínio, fazendo com que uma janela de um apartamento simplesmente se estilhaçasse. Pensei: onde estou me metendo...
O táxi parou a cerca de dois quilômetros do prédio que ardia em chamas. Corri como uma louca, mas quando cheguei, se o fogo ainda estava longe de ser controlado, pelo menos não se viam mais labaredas gigantes, como eu soube que teve ao ver vídeos e fotos de pessoas que haviam chegado bem antes do que eu. Atravessando um viaduto para acessar a região, apinhada de chineses tentando entender o que acontecia próximo a um dos símbolos da cidade – fincado no centro financeiro de Beijing – alguns avisavam: feiji lai le, feiji lai le, que significa que vinha vindo um avião. Realmente algo se movia no céu, e acho que deveria ser um helicóptero da polícia. As referências ao 11 de Setembro e um temor de ataque terrorista, acho, no entanto, acabam sendo inevitáveis.
Já perto do complexo, um vaivém de carros da polícia e ambulâncias, além de viaturas do corpo de Bombeiros, dava um tom de filme. Surreal, na minha frente. Mesmo tendo chegado mais de 21h à região de Guomao – cuja tradução é World Trade Center -, ainda não havia um cordão de isolamente, e os curiosos, que somavam milhares, sem ser exagerada, andavam pra lá e pra cá fazendo imagens, conversando com as pessoas, observando. Jornalistas de todo o mundo brotaram e se perguntavam o que poderia estar acontecendo.
Velhos, jovens, adultos, crianças, policiais, freelancers, fotógrafos, repórteres de todas as mídias estavam todos ali, alguns dos quais me provocando inveja. Sem um smartphone ou algo que o valha, estava no local da cena, mas nem sequer o Twitter eu poderia atualizar. Fiquei pensando o quanto somos já dependentes da informação instantânea, mesmo que ela não contenha o número de vítimas, as causas do fogo, o que vai acontecer com o prédio.
Mais, daqui a pouquinho.
»»»
A primeira imagem é minha, mas cheguei quando as chamas já estavam meio que sob controle e, além disso, minha maquininha é bem ruim.
A segunda imagem é de um especial sobre o caso publicado pelo site chinês Tencent QQ, um dos mais famosos do país. Detalhe: o especial está no ar desde cerca de três horas depois do início do fogo.
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