quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

As diferenças culturais, a mídia e o mundo bizarro chinês


Oies, pessoal.
Sodades, sodades.

Mando esse email por dois motivos, um é para dizer que dia 16 chego por aí - o que, em tese, significa Porto Alegre. O outro é para falar sobre o não entendimento brasileiro sobre a China - e aqui o vice-versa cabe perfeitamente, mas não vem ao caso agora.

Dia desses me deparei com uma notícia no G1 traduzida de um jornal austríaco que falava sobre a moda entre os casaizinhos chineses de tirarem fotos quase pelados para o álbum de casamento - aqui, algumas vezes a sessão de fotos dos pombinhos custa mais caro do que a própria festa. Mesmo não custando, é tão importante quanto. E, se bobear, tem álbum e não tem festa, se a grana estiver curta. 

Enfins, com a moda mais sensual, erótica ou meio sem noção, diria eu, parece que a associação dos fotógrafos resolveu se pronunciar, dizendo que casamento não era exatamente o momento para celebrar o sexo. E na tradução para o português, que talvez esteja também no tal jornal austríaco, falava-se que o matrimônio é sagrado, por isso não poderia ser, digamos, profanado.

Aí comentei com a Cláudia e com a Bruna, minhas amigas, sobre o caso e o quão distante a referência a matrimônio estava da realidade chinesa. Aqui, a união tem um caráter civil e não há qualquer peso cristão na decisão. É, claro, uma convenção social, mas não religiosa. 

Eis que hoje me deparo com a mesma notícia, desta vez traduzida do site Orange News, no site da Época Negócios. Comecei a ler o texto, tava quase enviando para as gurias, e iria comentar que tinham acertado o tom. Aí chego na última frase, que fala algo como "A moda vale só para as fotos. Imagina a cara do padre se eles entrassem peladões". Tipo assim, não há padre, sabe? Os casamentos aqui são celebrados, na maioria, em hotéis e restaurantes, com um mestre de cerimônia que, de novo, não tem esse caráter religioso. Não é o representante de ninguém etéreo na Terra.

Os casamentos têm outros ritos, e muitas noivas até se vestem de branco - mas em geral, elas usam três vestidos na festa, um para cada momento. Poucas casam na igreja. E mesmo a igreja aqui não é exatamente a igreja que você conhece aí na sua esquina, pois o Vaticano e a China não se conversam muito bem desde os tempos de República Popular.

Aí fiquei pensando que jornais, sites, revistas e tvs adoram dedicar tempo, espaço e dinheiro ao que é bizarro na China. Mas até reportando o bizarro mostram um desconhecimento total da cultura do país. Às vezes acho a raça jornalística tão, tão, tão preguiçosa. Desde que inventaram o control C control V o que vale é colar. A gente nem pensa se estamos colando certo ou não. 

Bom, segue o link da última matéria, pra quem ficou curioso. E um beijo pra vocês