sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Ser ecológico com charme é um luxo!


Aderi a moda de preservar o ambiente poupando plástico
Foto: Paula Coruja, China in Blog

Com ambiente não se brinca. E é aquela coisa: cada um fazendo a sua parte, tanto melhor.

Aqui na China, a partir de 1°de junho, a produção, venda e uso de sacos ultrafinos (aqueles com espessura igual ou inferior a 0,025 milímetro) estão proibidos. A partir de lá, os sacos plásticos usados em supermercados e lojas passarão a ser pagos.

Quem já se antecipou desfila orgulhoso com bolsas que refutam o uso de plástico - ou mesmo com bolsas de tecido nem tão bonitas vendidas a cerca de R$ 0,85 em algumas redes de supermercados.

Eu achei super esta aí do macaquinho que avisa: "Não use saco plástico!" (a tradução é da Mariana, sempre ela, claro). Para ler em chinês estes caracteres, vamos lá: "Bu shi xunchang dai! (不是寻常带)". Esta eu comprei numa feira de rua aqui no ano passado e tem um monte de gente que me pergunta onde achar, mas, infelizmente, eu não sei. A feira não é permanente... Agora, vai dizer: ajudar o ambiente com charme é um luxo soh, não?

A bolsa ajuda

Sabem que a bolsa já me ajudou por aqui?

Algumas vezes eu digo que não quero o saco plástico que me oferecem. Mas já entrei em mini-mercados ou mesmo lojas de conveniência ostentando feliz minha bolsa do macaquinho ecológico e mesmo sem dizer uma palavra, o atendente não me ofereceu sacolinhas. Leu o que tava escrito, entendeu, cumpriu também sua parte!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Shanghai volta a crescer


Montão de gente: A foto ainda é da celebração do Ano-Novo chinês, quando muitos visitaram a decoração especial do parque YuYuan, em Shanghai
Foto: Jana Jan

Esta eu não sabia: a taxa de crescimento populacional de Shanghai, centro financeiro da China, voltou a crescer em 2007 depois de 15 anos com índices negativos.

"Hein?", pensei eu, ao ver a matéria ontem na Xinhua.

Isso mesmo, depois de 15 anos sem que a população crescesse - o que, simplificando, significa que o número de nascimentos é menor do que o número de mortes -, 2007 registrou um modestissimo 0,01%. Na China, é comum se dizer e todos repetirem, os números são grandiosos, o país só cresce, é gente por todo o lado, povo se batendo a cada esquina... Como assim, taxa negativa de crescimento populacional?

Assim, ó: Desde 1993, Shanghai registrava as tais taxas negativas devido à lei instituida na década de 1970 sobre planejamento familiar. Conhecida em quase todo o mundo, a lei chinesa limita o número de filhos por casal, além de encorajar casamento e gravidez tardios. Regra geral, cada par pode ter um filho. Nas zonas rurais, este número sobe para dois. Em casos especiais, como quando o filho nasce portador de deficiência, tambem é possível ter mais um bebê. Pouco filho, freio no crescimento populacional - aliás, justamente o motivo da criação da lei.

Agora, outro detalhe sobre a legislação: casais em que ambos os cônjuges sejam filhos únicos podem ter dois filhos. Resultado? Expectativa de um boom de bebês a partir de agora. É que é assim: a legião de filhos únicos nascidos a partir da década de 1970 começou a casar. Filho único mais filho único: casal com direito a dois bebês! Pronto, segundo a especialista demográfica de Shanghai Xie Lingli, a partir de agora, mais famílias terão quatro membros. O índice registrado ano passado em Shanghai, reforça ela, já sustenta esta tese.

Em tempo

Tá, em algumas horas, há gente se esbarrando em determinados locais. Mas você já foi a final de campeonato do seu time favorito, a um show de rock de algum astro, já pegou o metrô na estação Niterói, em Canoas, às 7h ou às 18h? A China tem muita gente se esbarrando o tempo inteiro em alguns locais, em alguns horários. Sabe que em muitas horas eu acho aqui mais tranquilo do que grandes cidades, como São Paulo, por exemplo? Então, por mim, estaria na hora de cair este preconceito de que não dá pra ficar sozinho por aqui. Não dá aqui e não dá em qualquer outro grande centro urbano, ora pois. Nem na Estrada do Mar ou na Freeway em domingão na volta pra cidade no verão!
;)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Polícia para quem precisa


Hoje pela manhã fui visitada por quatro moços vestidos como este de preto
Foto: Duan Zhuoli, Xinhua

Querido estrangeiro (não-chinês, digo eu) que pretende morar na China ou mesmo passar uns dias aqui na casa de alguém, amigo, parente, parente do amigo, amigo do parente: faça o registro de estadia na estação de polícia mais próxima.

Assim que pisei aqui, a Li Wei, responsável pelos brasileiros na Xinhua insistia e insistia para que eu fizesse o tal registro. A lei chinesa manda assim: 24 horas após a chegada, NO MÁXIMO, é necessário fazer o registro. Para tanto, é preciso comprovante da imobiliária sobre o apartamento que tu estás alugando ou, no meu caso, ir acompanhada do dono do imóvel (meu aluguel não tem intermediário). Óbvio que me enrolei da primeira vez...

Com a chegada da Paula a Beijing, a moça esta com quem divido a casa e o blog, nos mudamos. De novo, ir à polícia fazer novo registro de endereço. A multa para quem não cumpre o procedimento é de 500 yuans, pouco menos de R$ 120. Fizemos, as duas, o tal novo registro depois de bastante insistência - e paciência - da Li Wei. Pois bem...

Hoje estava eu em casa me recuperando de uma gripe pós-férias, a Paula no trabalho, ouço batidas fortes na porta.

– Deng yi xia, deng yi xia (等一下,等一下) - gritei eu, num esforço pra tentar dizer um "espere um pouco".

Em vão. Batidas incessantes até eu abrir a porta e dar de cara com quatro guardinhas uniformizados como este aí de cima. Pronto! Não é que eles vêm mesmo pedir os documentos? Chegaram perguntando se havia mesmo duas brasileiras morando aqui, onde estava a outra, eu perguntando se alguém falava inglês, um deles dizendo que sim e continuando a falar chinês, pois meu chinês era muito bom, segundo ele.

Educadamente, convidei os quatro homens da lei para entrarem, caso quisessem, eles disseram que não, catei meus documentos, olharam, conferiram os dados, cruzaram com outros que tinham impressos em uma folha de ofício, agradeceram e foram embora. Não sem antes eu ter notado que o guardinha que falava comigo e supostamente saberia inglês, tremia como vara verde. Achei estranha a situação matinal! E, sabem, me deu um certo alívio. Se tivessem vindo há poucos dias, teria sido a maior confusão: estava hospedando três irmãos aqui... Imaginem a confusão pra explicar por que aquele bando de estrangeiro não estava cadastrado e a multinha ainda a pagar.

Bom, a foto de cima

O registro captado pelas lentes do fotógrafo Duan Zhuoli, da agência Xinhua, mostra um policial conversando com trabalhadores migrantes nas proximidades da estação de trem da cidade de Hefei, na província chinesa de Anhui, em janeiro de 2006. Estava explicando sobre políticas e regulamentações sobre leis de trabalho e emprego. O período, pré-Ano-Novo chinês, é considerado propício porque no feriado muita gente volta para casa. Logo, há muitos trabalhadores migrantes nas estações buscando os bilhetes ferroviários.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fome de quê?


Maíra e eu fazendo pose enquanto pensávamos em encarar o tomate com muuuuuuito açúcar (viram, né? Os pescoços de galinha foram quase todos)
Foto: Rafa Debastiani, Especial

Então, estava de férias. O motivo era nobre: não era um simples descanso, mas a recepção aos meus queridos irmãos Cristiano e Maira e da irmã de coração Rafa. A vontade que dá de mostrar tudo ao mesmo tempo agora te leva a propor programas de índio. E ainda dá vontade de mostrar o quanto se está adaptada ao novo país - onde, no meu caso e em se tratando de China, além de praticamente analfabeta, ainda estou aprendendo a falar.

Na saída do passeio à Cidade Proibida, íamos a Xidan, bairro de compras aqui de Beijing. Pegamos um táxi e ao ler - só com caracteres - que passávamos em frente a um restaurante de jiaozi (os bolinhos estilo ravioli que no Brasil costumamos chamar de gyoza - numa cópia do nome japonês), um dos meus pratos chineses favoritos, não tive a mais mínima dúvida:

- Dao le! - anunciei ao motorista, o que significa: "Chegamos!". Assim, de supetão, sem avisar aos meus irmãos. Pronto, hora de todos descerem.

Desceram, né? Afinal, quem conhece Beijing sou eu. Eles meio que não entenderam por que estávamos entrando em um dos maiores pé-sujo jamais visitado por eles durante toda a vida, mas, pensaram: "ela deve conhecer o dono", "com certeza esse lugar é um dos segredos que só um local da cidade pode desvendar" e outras coisas assim.

Que nada, eu só tinha lido mesmo o caractere de jiaozi.

Aliás, li e devo ter esquecido na hora. Chega o garçom, me dá o cardápio, eu começo a "ler". Totalmente no comando da situação, comecei a pedir os jiaozi. Vi um caractere de galinha e pedi. Outro de tomate, pedi. Outro de carne de gado, pedi. Depois, pedi outro com tofu. É que os jiaozi têm recheios diferentes. O garçom anotou o pedido e foi. Voltou...

- Vocês não vão querer pedir jiaozi? - ele perguntou num chinês tão português que até a Rafa, há dois ou três dias na China, entendeu.

- Hum... Acho que eu não pedi, então, né? - pensei eu em voz alta, já sabendo que viria problema pela frente. Pedi jiaozi, outros dois sabores e respirei fundo, só à espera do que poderia acontecer.


Rafa e Cris amaram os pescocinhos com alho
Foto: Maíra Akemi, Especial

Bem, o que aconteceu foi: uma das primeiras refeições dos meus queridos irmãos em solo chinês foram - nem tão - saborosos salame de carne de gado com temperinho verde, salada apimentada de tofu, pescoço de galinha com muito alho e o tradicional, imbatível e estranho pra maior parte dos brasileiros, imagino, tomate com açúcar. Tomate com muitooooooooooo açúcar. Um milhão de risadas depois e um esforço pra comer algo tão típico, chegaram os jiaozi. A gente até tentou beliscar, mas decidimos que tem horas em que ou o fast food salva, ou o negócio é procurar restaurante cujos cardápios ofereçam fotos.

Sério, ainda tenho muito mico pra pagar antes de ser uma boa anfitriã em terras chinesas...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Festival das Lanternas


Achei lindo este apartamentinho decorado...
Foto: Paula Coruja

O 15° dia do primeiro mês do calendário lunar marca o Festival da Lanterna, a última comemoração do Festival da Primavera. Bom, mas que é isso mesmo?

Por aqui o festival é conhecido por Yuan Xiao. Sabe por quê? O primeiro mês do calendário lunar é chamado mês Yuan e nos tempos antigos a noite era chamada de Xiao. O 15° dia é sempre o primeiro dia no novo ano em que é possível apreciar a lua cheia.

De acordo com a tradição chinesa, bem no início do ano, quando a lua cheia brilhante aparece no céu, devem haver milhares de lanternas coloridas penduradas na rua para que as pessoas apreciem. É o momento alegre em que as famílias se reúnem para apreciar a noite, as lanternas e comem yuanxiao (um bolinho recheado feito a partir de farinha de arroz). O sabor do bolinho (doce ou salgado) e o modo de preparo (frito ou cozido) varia de acordo com a região aqui na China. O que não pode é faltar!

Claro que experimentei os bolinhos. Os que eu comi eram docinhos, um recheio maravilhoso de nozes. Meu colega Sebastião, chinês que fala português, disse que na terra dele os bolinhos são fritos. E acho que eu ia gostar mais da massa frita. Mas gosto é gosto, né? E também fui para a rua apreciar as lanternas. As lanternas e os últimos fogos. Ontem foi o último dia! E podem ter certeza de que foi bem aproveitado!

Paula Coruja

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Os anéis e a bússola


Vocês sabem que não é só Saturno que tem anéis, né? Beijing também! E são cinco! Sei que a gente às vezes fala nos anéis, mas, pelo que me lembro, nunca falamos muito que história é essa. Pois bem, vamos lá, então.

A cidade de Beijing é dividida em cinco anéis rodoviários, como vocês podem dar uma conferidinha ali no mapa. Cinco, que na realidade são quatro, porque o primeiro ninguém viu. E isso eu não descobri o motivo... Esses anéis, além de facilitarem o fluxo de carros da cidade (mesmo que desafogando as avenidas alguns deles vivam engarrafados), servem sempre como ponto de referência. Por exemplo: eu trabalho no segundo anel, moro no terceiro, gosto de sair para me divertir em lugares que ficam no segundo, comprei computador no quinto e por aí vai. Eles são sempre importantes. Me disseram que, beeeeem antigamente, lá por priscas eras, a cidade de Beijing ia só até o segundo anel. Mas o tempo foi passando e a cidade crescendo...

Outra coisa importante por aqui é esquecer que existe direita e esquerda. Aqui é bom saber onde ficam norte, sul, leste e oeste. Não sei se é pelo fato de terem inventado a bússola, mas por aqui eles se orientam assim mesmo. Quando alguém explica onde fica algum lugar nunca diz: "saia do metrô, dobre à esquerda e ande três quadras". É infinitamente mais fácil ouvir: "saia do metrô pela saída leste, vire à oeste e ande três quadras". As ruas seguem essa orientação (por exemplo: meu trabalho fica na xuanwumen oeste, mas tem a parte leste tb), os anéis rodoviários, o metrô... enfim, tudo. Isso, principalmente porque as avenidas da cidade são horizontais e verticais.

Eu ainda me perco muito nessa história. Se bem que chineses, de outras províncias, também se perdem neste esquema aqui na capital! A Mariana me disse que porque em outras províncias, e cidades, tal como Qingdao (cidade natal dela), onde as ruas são construidas ao longo das montanhas, e não são verticais e horizontais, fica mais difícil se orientar pelos pontos cardeais e o costume é dizer direita e esquerda mesmo. O negócio é acostumar. Por via das dúvidas não custa perguntar: alguém por aí tem uma bússola sobrando para me dar de presente?

Errei: Pois é, errei. Vamos corrigir. Quando falei do resultado do ano novo chinês cometi um engano. Na realidade os fogos de artifício só foram permitidos, a partir de 2005 (2006 foi o primeiro ano), do quinto anel para dentro, da véspera do ano novo chinês até o dia 15 do primeiro mês do calendário lunar. Para além do quinto anel era permitido. Ah, e fora do ano novo ainda não é. Desculpem a confusão.

Paula Coruja

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Para não perder o romantismo

Continuando o clima de dia dos namorados, a queridíssima Mariana nos mandou a letra de uma música chinesa que fala da história de amor do rapaz e sua fada, que podem se ver apenas no sétimo dia do sétimo mês de cada ano lunar...

O cantor dessa música fez muito sucesso nos anos 80 e é tido como o rei das canções de amor por aqui!

Espero que voces gostem!
Bom final de semana a todos!

Acompanhe a letra original da música...



...e a tradução:


Niulang e Zhinv

Cantor: Fei Yuqing - Música e Letra: Huang Dajun

Dizem que Niulang e Zhinv é uma história triste
Dizem que só têm podem se ver no sétimo dia do sétimo mês de cada ano
Mas, em todas as noites, dos dois lados do Rio de Prata (Via Láctea)
Eles mantêm seus olhares fortes e fiéis um para o outro
Olha, as incontáveis estrelas, de repente escondidos, e de repente brilhantes
Eles estão contando o amor de mil anos
E em todas as noites, dos dois lados do Rio de Prata
O meu coração está escutando esses murmúrios
Cada pessoa que me ama e cada pessoa que amo
Se não tiver razão, porque não abre a porta do coração
Para aquela lenda permanente como o sol, a lua e as estrelas
e para a paixão não pesarosa
esculpindo a imutabilidade no fundo do coração cheio de amor
Cada pessoa que me ama e cada pessoa que amo
Se não tiver razão, porque não abre a porta do coração
Para aquela lenda permanente de Niulang e Zhinv
e para a paixão não pesarosa
esculpindo a imutabilidade no fundo do coração cheio de amor
Olha, as incontáveis estrelas, de repente escondidos, e de repente brilhantes
Eles estão contando o amor de mil anos
E em todas as noites, dos dois lados do Rio de Prata
O meu coração está escutando esses murmúrios
Cada pessoa que me ama e cada pessoa que amo
Se não tiver razão, porque não abre a porta do coração
Para aquela lenda permanente como o sol, a lua e as estrelas
e para a paixão não pesarosa
esculpindo a imutabilidade no fundo do coração cheio de amor
Cada pessoa que me ama e cada pessoa que amo
Se não tiver razao, porque não abre a porta do coração
Para aquela lenda permanente de Niulang e Zhinv
e para a paixão não pesarosa
esculpindo a imutabilidade no fundo do coração cheio de amor

Paula Coruja

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O dia dos apaixonados


Ahhhhhhhhhhhh, o amor...
Foto: Hang Xingwei, Xinhua

O dia de São Valentim é lembrado e celebrado, em várias partes do mundo, como dia dos namorados. E já uso esse gancho para responder o comentário da Letícia, que perguntou se por aqui também. Os mais jovens celebram sim o dia dos namorados em 14 de fevereiro aqui na China. Trocam flores, chocolates e juras de amor. Os mais jovens… mas há milhares de anos que uma outra data marca o dia dos apaixonados na China. É o sétimo dia do sétimo mês do calendário lunar, que este ano cai no dia 07 de agosto, um dia antes da abertura dos Jogos Olímpicos.

Mas então vamos lá. Lembram da Mariana? A Jana já falou dela por aqui… Pois é, ela me explicou de onde vem esta história.

Por aqui o dia dos namorados é chamado Qi Xi Jie, (Qi é sete, Xi é noite, Jie é Festival). E como tudo começou? Com a seguinte lenda:

Nos tempos antigos, havia um rapaz, Niu Lang, que vivia com o irmão e a cunhada. Eles estavam bravos com ele e deram-lhe nove bois, para que trouxesse dez de volta. E o mandaram para longe de casa. Ele teve de sair de casa e viver nas montanhas. Lá conheceu um homem idoso que disse a ele que havia um velho boi doente. O rapaz foi lá e ajudou a curá-lo e retornou a casa com este boi. Mas, mesmo depois de voltar com os dez bois para casa, o irmão ainda assim ficou muito bravo. E o velho boi lhe deu uma idéia para que ele levasse outra vida e contou ao rapaz que havia uma fada, Zhi Nu, que veio do céu para um lago tomar um banho no mundo. E ela foi vista pelo rebanho. E, a fim de interromper o seu regresso para o céu, retiraram seu vestido. A fada e o rapaz se apaixonaram perdidamente um pelo outro. E estavam levando uma vida feliz, até que a mãe da fada soube e não concordou. Por isso ela levou a fada de volta ao céu. O antigo boi disse ao garoto que ele poderia usar sua pele para voar no céu depois que ele morresse. E assim ele o fez. Estava quase a apanhar Zhi Nu, quando a mãe dela apareceu e usou um pente do seu cabelo para desenhar uma linha entre os dois, essa linha é o Rio de Prata, ou a Via Láctea. A fada voltou para a sua missão de compor nuvens, mas com a saudade que sentia do amado, todas pareciam ser tristes. Eles choraram muito e este choro fez com as andorinhas voassem e se juntassem, formando uma ponte para que eles pudessem se encontrar. Então a mãe da fada permitiu que eles se vissem sempre no sétimo dia do sétimo mês a cada ano. E eles se encontram sobre a ponte de andorinhas, no Rio de Prata.

Romântico, né?

Apaixonados aí, ou aqui na China, se celebram todos os dias, não é verdade? ;)

Sobre as outras datas eu vou contando ao longo dos dias, tá?

Até mais!

Paula Coruja

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Celular, super e foguetório



Vê se alguém aí já passou por isso: você passa o dia inteiro sem receber ligações. De repente o bendito celular se manifesta! Você corre para atender e quando atende… a pessoa desliga. Afinal, é um amigo que estava sem créditos no telefone pré-pago e quer que você ligue de volta. Soou familiar? Pois é, isso não acontece por essas bandas. O carinhosamente apelidado “celular pai-de-santo” não funciona por aqui. Só faz ligação quem tem crédito. E só recebe quem também tiver. Isso porque as ligações são pagas pelos dois. É legal, né? Pra longe com o povo do “toquezinho”!

Claro, sempre tem algum desvantagem. Para receber chamadas internacionais a gente também paga. Daí pra falar com a minha mãe coruja, quando ela liga para o celular, tem que ser bem rapidinho… Mas beeeeeeeem rapidinho mesmo.

***

Se gaúcho toma muito chimarrão, chinês toma muito chá. Mas muuuuuito chá mesmo. O tempo inteiro. Pensando bem, chinês toma muito mais chá do que os gaúchos tomam chimarrão… Enfim… E determinados mercados têm produtos específicos. Não se vende esqui no Equador, não é? Aqui fiquei impressionada a primeira vez que vi uma prateleira de garrafas térmicas no supermercado. E é assim em todos os supermercados que eu entrei até agora. As opções são muitas e tem garrafas de todos os tamanhos. É bonitinho de ver no trabalho todos os chineses com sua garrafinha de chá. Fora os taxistas, os vendedores, o verdureiro…

Mais uma coisinha antes de ir embora. O supermercado é sempre um grande mistério. A maioria das coisas não faço idéia do que seja (fora aquelas que eu faço idéia e acho, no mínimo, estranho). Fazer compras no super acaba sendo uma aventura de vez em quando. Cansei de pegar iogurte jurando que fosse leite. Ou linguiça, tipo salame, e ser surpreendida por um sabor beeeeeeeem adocidado (os chineses adoram… mas com isso meu paladar ainda não se acostumou). Hoje fui de novo. E queria achar uma sopinha instantânea… Uma vez comprei tempero no lugar… Dessa vez peguei uma embalagenzinha diferente (bem diferente) do que estava habituada a ver no Brasil, mas, pelo desenho da embalagem e das instruções no verso tem tudo pra ser sopa… ai, ai… será que errei de novo, hein?

A propósito: O foguetório ainda não acabou… Ontem às 2h era um barulho ensurdecedor, hoje às 8h também e agora (20h) eu mal consigo escutar a música que coloquei no meu computador (no volume máximo). Mas o colorido na janela tá lindo!

Paula Coruja

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Uma cidade aberta a todos

A Cidade Proibida é um dos passeios obrigatórios a quem vem a Beijing. Quem chegar por aqui na época da Olimpíada pode reservar uma tarde para passear na antiga moradia de imperadores. A Cidade Proibida esta localizada no coração de Beijing, bem em frente à Tiananmen, a Praça da Paz Celestial. Foi uma das primeiras coisas turísticas que conheci. E adorei


De proibida não tem mais nada
Foto: Iugo Urakami, especial

A construção da cidade começou em 1406, com o imperador Yong Le, da dinastia Ming e levou 15 anos para ficar pronta. Precisou de 100 mil técnicos e um milhão de trabalhadores. Depois disso outros imperadores das dinastias Ming e Qing fizeram ampliações, mas não mudaram o aspecto da cidade. Por 491 anos serviu de palácio imperial para duas dinastias e 24 imperadores. É um lugar que exala história.


De alguns palácios e templos dentro da Cidade Proibida da para ter uma vista bem bonita de Beijing
Foto: Paula Coruja

É uma construção imponente, que ocupa uma área total de 72 hectares em pleno centro de Beijing. Ela é circulada por um muro de dez metros de altura e um fosso de 52 metros de largura, num total de 3800 metros. A Cidade Proibida esta dividida em duas partes: uma externa, que servia para grandes cerimônias e eventos do país, e o interior do palácio, propriamente dito, que servia apenas ao imperador e a família. A parte externa, inclusive, é gratuita para visitar. Quando eu fui tinha até uma exposição de arte nessa parte.


A parte da externa da Cidade Proibida você pode visitar gratuitamente
Foto: Iugo Urakami, especial


Esse amarelo dos telhados é lindo, vocês não acham?
Foto: Paula Coruja

Uma das coisas que mais me encantou ao andar pela Cidade Proibida é prestar atenção nos telhados. São todos de um amarelo único, muito bonito. Alem de serem ornamentados por figuras de animais. Dizem que a cor amarela, antigamente, era usada exclusivamente pelo imperador. E era uma grande honra quando ele presenteava alguém com alguma coisa de cor amarela. E que a quantidade de pequenas estatuas de animais revela a importância daquele palácio. Para mim, um espetáculo de cor a parte.


Esses são os animaizinhos que eu falei antes
Foto: Paula Coruja


Pela lógica esta deve ser uma parte muito importante do complexo... 10 animais... Ah, vocês conseguem ver as pipas ali no céu?
Foto: Iugo Urakami, especial

Reforma

Foto: Iugo Urakami, especial

Desde 2003 que a Cidade Proibida passa por uma restauração que, no total, deve durar 19 anos, com um investimento total de cerca de US$ 273 milhões. A parte central deve ser concluída ainda este ano. Mas não tem problema. Ha muito a ser visto. Fora que quem vier para a Olimpíada poderá conferir como ficou essa parte reformada E vale à pena. Pode ter certeza.


A Cidade Proibida é todinha circundada por este fosso. No inverno fica assim... congeladinho
Foto: Paula Coruja

Paula Coruja

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Resultado do ano novo e Shanghai apagadinha


Todas as lâmpadas desligadas até 12 de fevereiroFoto: Xinhua

Saiu aqui na agência hoje que as comemorações do ano novo terminaram com uma pessoa morta e 75 feridas... isso só em Beijing. Na nota diz que essa pessoa que morreu soltava uma bombinha de fabricação caseira no próprio pátio de casa.

Mas como lidar com isso? Proibir não dá. Apesar do perigo, os fogos de artifício são essenciais nas celebrações. Além do que, isso já havia acontecido. O governo local só voltou a permitir o uso em 2006. O jeito é o governo continuar intensificando a fiscalização (os locais autorizados, os produtos de baixa qualidade e segurança) e as pessoas tomando um pouquinho mais de cuidado na hora de brincar. O que não dá é estragar a brincadeira!

***

Bom, a Jana já falou sobre Shanghai por aqui. Essa metrópole chinesa e importante destino turístico por aqui, famosa pela brilhante vista noturna, vai ter que ficar no escuro mais um tempo. Não tem jeito. O racionamento de energia é em função das nevascas que atingiram todo o sul, centro e leste da China. Por isso, as luzes foram desligadas em 31 de janeiro e permanecerão assim durante todo o Festival da Primavera, até 12 de fevereiro. Os turistas não gostam muito, mas dá resultado. Durante os primeiros quatro dias de "luzes apagadas", foram economizados 240 mil quilowatts de eletricidade, o suficiente para abastecer uma cidade com 200 mil habitantes.

Agora tentem adivinhar quem estará lá justamente durante esse período e que vai embora exatamente no dia em que as luzes serão reacesas? Acertou quem pensou na própria titular do China in Blog!

Paula Coruja

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

FELIZ ANO NOVO!


Fogos de artifício em região residencial de BeijingFoto: Yuan Man, Agência Xinhua
Yuan Man, Agência Xinhua

E chegou o ano do rato...
Nã0 tem muito como descrever o ano novo por aqui.
É lindo, mágico, barulhento, colorido, fascinante. É um espetáculo do povo. Protagonizado pelo povo.
Os fogos comecaram tímidos há cerca de um mês. Ontem atingiram o auge! Do momento em que anoiteceu até o amanhecer o único barulho que se ouvia na rua era dos fogos. A noite foi iluminada o tempo inteiro.
Quase todas as famílias compram pra jogar, celebrando a chegada do novo ano. As pessoas se revezam na rua para ocupar os espaços onde é permitido. São os chineses aproveitando as próprias invenções.
Do vovô ao netinho, todo mundo está lá com o seu foguinho.
Nao vou explicar muito. Olhem vocês! É bem legal!!!
Feliz ano novo!!!!

Ahhhhhhhhhh!!! E ainda hoje é possível ver a noite iluminada... e, pelo que me disseram, será assim até a próxima semana...


Pois é, chegou o ano do rato!!! A menina, da província de Anhui, escolhe os enfeites para o Ano Novo chinês!
Crédito: Arquivo, Agência Xinhua


Fogos para o céu ou só paradinhos no chão. Vale tudo!!! Só não vale não ter!!!
Crédito: Paula Coruja, China in Blog


Fogos em Beijing
Crédito: Paula Coruja, China in Blog


Lembram quando eu falei do avô ao netinho? Pois é...
Crédito: Paula Coruja, China in Blog


Nas zonas residenciais, nos locais onde é permitido soltar fogos, as pessoas têm extintores à disposição para eventuais contratempos... Ainda bem que eu não vi nenhum...
Crédito: Paula Coruja, China in Blog

Paula Coruja

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Aprendendo com as fitinhas

Muita gente fala da confusão que pode virar Beijing durante a Olimpíada. Principalmente pra chegar aos lugares, visto que a maioria dos taxistas não fala inglês. Pensando nisso o governo distribuiu livros e fitas para que os taxistas estudem e aprendam o idioma do Tio Sam. Achei meio estranho…
Como assim aprender com fitinhas??? Mas, como diz aquele ditado antigo, o que a boca fala...

Dia desses estava voltando do trabalho e resolvi pegar um táxi. Entrei, disse onde morava, o taxista deve ter perguntado algo do tipo 'onde em Fangzhuang', eu, obviamente, não entendi e entramos num impasse. Não pensei duas vezes: puxei meu celular e mostrei a mensagem que a Janaína me mandou o endereço em chinês pro taxista. Ele disse que não conhecia a ponte Dongtieying, que aparece na mensagem de texto como referência ( juro que isso eu entendi). Quando eu estava quase descendo do táxi ele, um senhor de uns 60 anos, tasca com todo o sotaque chinês do mundo: do you speak english?? mazaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!

Ele não falava muito. Só o básico pra carregar pessoas num táxi: "turn left? turn right? go straight?". Até ameaçou um papinho -where are you from?- que terminou quando eu disse "Brazil" e ele não entendeu onde era. "USA?", me perguntou o taxista simpático. "No... South America... Football... Ronaldinho", arrisquei, mas não rolou. Pensando bem eu deveria ter dito Kaká em vez de Ronaldinho… ele anda fazendo mais sucesso por aqui.

Pouco antes de descer ele puxa o livrinho e fica me pedindo pra dizer algumas palavras que ele não estava conseguindo pronunciar e fica repetindo. Na descida eu disse a ele "xie xie" (obrigado) e ele me responde " thank you"! Quem disse mesmo que os livrinhos e fitinhas não ajudam, hein?

Paula Coruja

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Hein? Final de ano??

Oi, gente! Ni hao!!!

Cheguei para me apresentar. Sou a Paula e ficarei com vocês durante as férias da Janaína. Histórias não faltam por aqui e espero conseguir contá-las com toda a maestria que a Janaína o faz. E a participação de vocês é tri importante. Então, não se acanhem e soltem o verbo ali nos comentários!

****

Se no Brasil o ano só começa de verdade depois do carnaval, aqui na China só depois do Ano Novo Lunar (a Jana até explicou isso antes, lembram?). É impressionante como tudo fecha por aqui. O feriado começa na quarta-feira, dia 6, mas desde sábado já é possível ver lojas e outros serviços de portas fechadas, todos avisando que tudo estará reaberto depois do dia 13 de fevereiro.

Mas estranho mesmo para quem chegou por aqui há pouco tempo, como eu, é ver todo mundo tratando janeiro e fevereiro como final do ano! Já achava estranho fazer aniversário no início do ano quando estava no Brasil (completei 27 anos aqui em Beijing, no último dia 17) porque estão todos na praia ou de férias, mas pensar que meu aníver foi no final do ano é ainda mais estranho. Pela coincidência dos períodos do carnaval e Ano Novo Lunar, tentem se imaginar falando (sério) sobre fevereiro como final de 2007! Parece que alguma coisa fica fora do contexto.

Mas como a gente acostuma com hábitos, comidas e fusos, com isso a gente acostuma também. E é até capaz de ter conversas como essa:

- Nossa, o supermercado estava lotadíssimo. A fila era tão grande que nem consegui pagar, deixei tudo lá e saí – disse um colega chinês aqui do departamento.

- Pois é, fim de ano é assim mesmo... – comentei.

Bom, que chegue o ano do rato!

Paula Coruja

Passando a bola


Paula e Jana curtindo espetinho de coração de galinhaFoto: Algum amigo cujo nome não lembro/Especial

Hoje entro em férias, meus irmãos chegam a Beijing. Pra ficar com vocês nestes 20 dias - e em muitos outros ao longo de 2008 - fica a Paula Coruja. Jornalista também gaúcha, trabalhou na Zero Hora por três anos antes de vir para cá também. Aliás, a moça acaba de completar dois meses de Beijing!

Beijos, bom carnaval, feliz 2008!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Honestidade


Bonito ser honesto num lugar com tanta concorrência, não?
Foto: Zhang Yanhui/Xinhua

Dia desses, peguei um táxi para vir ao trabalho. Está frio - sempre abaixo de zero -, o preço não é alto, eu tenho preguiça mesmo, confesso. Certo que o trânsito em Beijing é problemático, constantemente há engarrafamentos. Especialmente em horários de pico e nas principais vias da cidade. Nada de se espantar numa cidade de 16 milhões de habitantes - ou mais, há sempre confusão em relação ao número de habitantes da capital chinesa.

Bueno, voltemos ao táxi. Entrei, sentei no banco de trás, informei ao motorista para onde gostaria de ir e sorri. Pronto, não sei muito chinês, melhor nem tentar conversar.

- Olha, se tu fores de trem, tu vais chegar mais rápido - me disse o tio.

- É, eu sei - respondi.

- É mais rápido e bem mais barato. São só dois kuais - replicou o taxista.

- Sei também - disse.

- Tu precisas pegar o trem em Liujiayao e ir até Chongwenmen...

- Sim, sim, e lá eu troco pra linha dois, pego até Xuanwumen - completei, já ficando constrangida.

- Isso. Viu, você sabe. É mais rápido. E são só dois kuais. De táxi, são mais de 30!

- Eu sei, eu sei - disse, entre constrangida, irritada e surpresa.

- Oh, a estação Liujiayao é aqui - me mostrou o taxista, apontando para uma das entradas da estação de metro.

- Ahan, brigada.

Eu tava constrangida pela preguiça, surpresa com o tio não querendo que eu usasse o serviço dele - provavelmente o ganha pão dele - e irritadíssima pelo fato de não saber falar chinês. Imagina! Que tiozinho era esse? Por que ele explicava tanto sobre o metrô e parecia fazer questão de que eu utilizasse um meio de transporte mais barato e mais rápido? Será que ele gostou de mim e do meu sorriso e nem estava se importando por perder cliente? Saco não saber falar a língua...

De qualquer forma, fiquei contente com a simpatia do "shifu (师傅)" (mestre, e que, aqui em Beijing, designa nossos queridos condutores de táxis). Na chegada à porta da agência, ele ainda voltou a carga:

- Viu, táxi não é bom - sorriu e foi, se referindo ao tempo perdido no trânsito e a grana gasta para pagar o serviço.