quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vinheta

Opa, saiu uma tentativa de vinheta, agora só falta começar os vídeos.

Jana China from Janaína Camara da Silveira on Vimeo.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Contando com isso

Hoje recebi a segunda cantada chinesa, a segunda na mesma linha.

- Espero que você fique na China e aprenda chinês pra gente poder conversar melhor.

Frase dum chinês que fala russo, em chinês, para um colega chinês que fala espanhol, que traduziu para mim, que sou brasileira e falo portunhol.

- Ah, pois é. Fico na China pelo menos mais um ano, mas chinês é super difícil de falar - respondi eu.

- Mas eu posso te ensinar - disse o chinês que também fala russo.

- Ah, obrigada - e fiquei meio sem graça.

Eu acho o chinarussinho um tudo nesta vida.

**

A primeira cantada foi num botecão chinês com o qual supersimpatizo. Músicos e amigos tocavam alegremente canções chinesas quando alguns convidaram pra gente sentar com eles, partilhar a cerveja. Beleza.

No meu mandarim macarrônico, a coisa ia num flui não flui, quando um deles falou:

- Olha, se tu falasse mandarim, poderia achar logo logo um namorado chinês, tipo eu.

TUDO.
Tou perdendo, por baixo, uns 700 milhões de possíveis pretendentes.

Gaúcha de sucesso na China



Sabe por quanto pode sair uma Melissa no site de comércio eletrônico Taobao, o mais popular da China?2.30 yuans, ou a bagatela de R$ 766.

Apesar de eu saber que se vendem as sandálias de plástico de Farroupilha por aqui, não encontrei onde. Pela pesquisa que fiz no site da empresa, não consegui encontrar. Estes modelos vendidos online vêm dos Estados Unidos e são o jeito mais fácil, até para os chineses, encontrar os sapatos nestas bandas. Ou as chinesas encontrarem, no caso.

Conversando com uma amiga minha aqui, a Aida, ela acredita que os sapatos podem fazer o maior sucesso entre as mulheres. Eu não duvido. Mas seria preciso chegar com tudo, aliviando no preço, porque estes estão salgados até pra classe média. Aliás, o valor que usei como referência é mais do que pago de aluguel.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Corrente migratória

A partir de agora, publicarei o que escreve no blog Comendo de Palitinho aqui também.

68.4 - Dia 10

Hoje era dia de ventosas, ou baguan (拔罐), mais acupuntura. Estava toda na expectativa de experimentar a técnica que tira o frio do corpo por meio de copinhos acoplados na pele.

Primeiro, as costas. Dos ombros às canelas, fiquei tapada de vidros, que antes de serem ajustados ao meu corpo eram aquecidos com fogo, como vocês podem ver no vídeo abaixo (está em chinês, mas as imagens valem para explicar).



Cada ventosa aplicada fica na mesma posição 15 minutos, no tratamento que estou fazendo agora. Enquanto está no corpo, acaba sugando a pele para dentro do recipiente. Assi, a pele assume uma coloração de vermelha à roxa. E, em alguns casos, o vidro fica cheio de vapor. Sai deste corpo que não te pertence.

Os copos depois foram aplicados na parte da frente, da barriga às canelas, novamente. Meus braços escaparam desta vez. Outros 15 minutos. Jurei que ficaria uma joaninha, cheia de marcas nas costas, como a maioria das pessoas. Mas minhas bolotas não duraram nem 24 horas.

Em geral, quanto mais toxinas o corpo tem para liberar, mais roxa fica a pele e mais tempo leva para que a cor volte ao normal. Eu tenho como únicos hematomas os que ficaram da última sessão de massagem. Cara limpa.

sábado, 25 de abril de 2009

? - Dia 9

Folga no tratamento, bônus especial do meu amigo Paul Lee, 30. O guitarrista chinês mais charmoso de Beijing mostrou que homem pode ser galante em qualquer língua ou cultura - e deu de 10 na maioria dos que eu conheço por aí.

Contei para ele que estava dieta, e ele logo respondeu:

- 你会更漂亮的.

Pra quem não entendeu nada, ele disse que eu vou ficar AINDA MAIS bonita. Pra falar em chinês, você diz assim: "Ni kuai geng piaoliang de".

Sério, até hoje só um amigo tinha acertado no ponto. Os outros todos, ao elogiarem, saem com um "como você está bonita hoje". Não entenderam nada de psicologia feminina. Como assim, bonita hoje? Acaso nos outros dias não somos também?

Entenderam?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Voilà

Vou fazer um trabalho hercúleo, mas acho que será bacana. Migrar todo o China in Blog para este mesmo endereço, o janajan.blogspot.com.

Para quem não sabe, o China in Blog foi um diário que mantive de dezembro de 2007 a 2008 no portal clicRBS, numa parceria com a agência chinesa de notícias Xinhua. O foco era a China, onde moro até hoje, mas para onde recém tinha mudado. E, claro, havia o interesse olímpico.

Durante o período, outros fatos acabaram por marcar a cobertura, como o terremoto de 12 de maio em Sichuan. Os posts contam supresas, curiosidades, micos de alguém recém chegado ao país. Pensando bem, o trabalho será prazeroso, me fará ler as minhas primeiras experiências por aqui.

Se você acha que pode valer, vou migrando em ordem cronológica, gradativamente, sempre na tag China in Blog.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

68.8 - Dia 8

Ba, deve ser meu dia de sorte.

A exclamação de espanto e surpresa tão cara aos gaúchos é também o som para o número 8 em mandarim. 8 = ba (八). Vejam que no meu oitavo dia de tratamento, meu peso é 68,8kg. Seria sinal de boa sorte?

O número 8 na China é considerado um número afortunado. Isso porque a leitura "ba" se assemelha à de sorte ou prosperidade, "fa". O caracter para este segundo é 发, a palavra, na verdade, é 发财, ou facai. A fixação chinesa pelo 8 é tanta, que a Olimpíada de Beijing começou em 8.8.2008 às 8:08pm. Deve ter dado sorte. Eles lideraram de longe as medalhas douradas, 51, ante as 36 dos Estados Unidos, prata no ouro.

Como mesmo em dieta a gente tem sorte, fui liberada para me esbaldar em iogurtes. Chineses tomam pouco leite, fogem do queijo. Para eles, ambos são fontes de gordura e trazem problemas de pele e sei mais o quê. Mas o iogurte, resultado de leite fermentado, pode. E pode até gelado.

Eu sou fã do iogurte, que aqui se fala suannai e se escreve 酸奶, e tomo todas as manhãs. As especiarias de Beijing vêm em copinhos de cerâmica como estes aí abaixo.



Agora, se estou na rua e a fome aperta, corro para uma banquinha para me abastecer do líquido pastoso e deliciante. À noite, se fico acordada até mais tarde, é ele novamente que me salva.

Beba iogurte

Em dieta ou não, iogurte é sempre bom. Tem vitaminas, minerais, proteína. Ajuda a estimular o sistema imunológico e a matar bactérias nocivas. No sistema digestivo, o seu efeito antibiótico age para combater inflamações e proteger o intestino de toxinas. Como fonte vital de cálcio, previne osteoporose. Ginecologistas também recomendam para recuperar a flora vaginal.

Chineses tão apegados à doutrina da alimentação como passaporte para uma vida saudável talvez já tenham se dado conta dos benefícios da bebida há muito, muito tempo. Aliás, iogurte ainda é bacana porque não é só bebida. Aí abaixo, deixo uma receitinha de molho praquela salada saudável e saborosa.

Molho de iogurte

• Ingredientes
1 xícara (chá) de iogurte desnatado
1 xícara (chá) de vinagre de maçã ou aceto balsâmico
½ colher (sopa) de salsinha picada
½ colher (sopa) de cebolinha picada

• Modo de preparo
Misture bem todos os ingredientes e leve à geladeira até a hora de servir

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia da Terra, e eu com isso

22 de abril, se bem lembro da história, é o dia do descobrimento do Brasil. Pois desde 1970, também é o Dia da Terra. Quem disse foram os americanos, que estabeleceram a data como um marco para pensar verde. Ambientalmente amigável, estas coisas. Brasil + Dia da Terra + o verde tão querido da nossa bandeira = bem que poderíamos abraçar esta ideia, como já disse algum slogan por aí.

Pois hoje o Ministério de Proteção Ambiental da China lançou um programa piloto que terá duração de um ano em 11 cidades chinesas para que membros de 330 famílias escolhidas em cada um destes lugares reduzam as emissões pessoais de carbono. Em resumo, que vivam de uma forma ecologicamente correta, o que incluiria decisões cotidianas como o melhor meio de transporte e o que comprar, até as férias, a partir do melhor modo de viajar.

Eu achei a iniciativa bacana, ainda mais porque a promessa é estender o projeto para todo o país no ano que vem. Pena que a notícia divulgada na imprensa seja tão breve, sem dar detalhes ou mesmo indicar que iniciativas fariam de um cidadão chinês um chinês mais ecoresponsável. De qualquer forma, para fins informativos, basta saber que entre as cidades escolhidas estão Tianjin, Shanghai, Xian, Suzhou e Chongqing - esta última, considerada uma das mais poluídas da China.

Ambiente, problema meu

Pode ser paradoxal imaginar que 3,3 mil famílias farão a diferença se pensarmos nas proporções chinesas de 1,3 bilhão de habitantes, berço de indústrias poluentes e de uma economia em franca expansão, com um crescimento diário da frota de veículos nas ruas. Mas é bom que você pense que sim.

Seria de bom tom ainda você imaginar os governantes e legisladores como agentes de regulações a fim de que a natureza seja preservada. E colocar os cientistas no lugar deles, o de gente que desenvolve tecnologias a fim de salvar nosso planetinha. E posto isso, botar as mãos na massa, ciente de que a questão ecológica é uma questão individual.

Pode soar meio riponga, mas é totalmente verdade: se cada um fizer a sua parte... Eu, se fosse você, tentaria fazer do mundo um lugar melhor para viver. Quando ainda trabalhava no clicRBS, um dos últimos trabalhos que fiz foi projetar o que viria a ser o atual site de Ambiente. Na época, editei um material sobre Aquecimento Global produzido pelo jornalista André Crespani e onde há uma afirmação contundente. Taí:

O professor Jefferson Cardia Simões, do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas (Nupac), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), diz que é importante que a sociedade passe a consumir menos. Para ele, o modo de vida consumista é o principal motor da produção poluente. A crise ambiental, de acordo com o professor do Nupac, é também uma crise social.

Logo, problema seu, né?

Consumo responsável

Em julho de 2007, a WWF, organização não-governamental de proteção à natureza à qual eu sou supersimpática (deve ser pela figura fofa do panda) fez uma listinha sobre consumo responsável. Superrecomendo o clique. Mas adianto aqui uma dica:

• Não pegue panfletos entregues na rua a não ser que esteja interessado nas informações. Se pegar, não jogue na rua depois de tê-lo lido

Aqui tem um belo material com o que você pode fazer. Tomara que já tenha lido e adotado.

? - Dia 7

A partir de agora, tenho um dia de folga entre as sessões do tratamento para emagrecer. Bom. Após a última massagem, tudo o que eu sentia era dor. Bem que a terapeuta havia avisado. A massagem redutora mostra seus efeitos malignos no dia seguinte. Junto à dor, aliás, me apareceram dois hematomas. Dois círculos roxos e ridículos perto do umbigo. Jisuis.

Foi, então, um dia para atividades leves. Uma delas, que gosto bastante, mas nem sempre é fácil, foi pensar. Fiquei pensando sobre uma parte da conversa de domingo, quando a Aida estava lá para traduzir o que a terapeuta dizia.

Tudo começou quando a Aida traduzia a lista de tratamentos oferecidos pela estética. Tratamento pra reduzir rugas, acabar com olheira, perder peso. Até aí, tudo tranquilo. De repente, aparece um para deixar o mamilo mais rosa. Achei superengraçado. Aprendi que mamilo em chinês é 乳头, ou rutou, mas por mais que pense, não consigo imaginar porque alguém quereria trocar a cor do bico do peito.

Outro mais caro, coisa de quase R$ 3 mil e com duração de três meses, promete deixar os seios maiores. Praticamente um silicone sem necessidade de silicone e sem cirurgia. A terapeuta vai lá, te aperta, te puxa, vai moldando os peitões. Ela jura que funciona. Mas ante os muxoxos da Aida sobre o preço, a terapeuta deu a dica preciosa para poupar:

- Olha, a massagem não é muito diferente do que um namorado pode fazer - disse a chinesa.

Eu diria que além de poupar, é bem mais divertido. Adoro minha terapeuta e seus conselhos estéticos.

E do Google nasceu um blog

Este post, originalmente, foi escrito para a rede Interatores. Mas achei por bem reproduzi-lo aqui. Quer dizer, fiz umas modificações no texto, mas a informação é, basicamente, a mesma.

Wang Jianshuo é um dos autores de blogs escritos por um cidadão chinês em inglês mais importantes da infosfera chinesa.

Morador de Shanghai desde 1995, Wang escreve desde 2002 todos os dias. O Google foi decisivo. Em 2000, ele havia escrito sobre o aeroporto internacional de Pudong, em Shangai. Publicou em algum canto da internet e um dia, ao fazer um busca no Google sobre Pudong, percebeu que havia apenas um texto em inglês sobre o local. O dele. Então decidiu que escreveria em inglês um artigo por semana. Eu achei tri bacana a história.

Pra melhorar, como veio o blog? Em 2002, recebeu um pedido de entrevista e concedeu. Só depois percebeu que não estava falando para um jornalista no sentido mais formal da palavra, mas para um blogueiro. E aí ele se encantou com o maravilhoso mundo das possibilidades de dividir o conhecimento com um determinado grupo de interesse.

Que grupo seria esse? Bueno, escrevendo um artigo por dia, parece que Wang escreve sobre tudo um tanto. É mais ou menos assim, mas não bem isso. Segundo ele, os temas escolhidos têm de ter a ver com Shanghai e têm de afetar a vida das pessoas de alguma forma. Sejam elas moradoras, turistas, gente de passagem pela cidade.

E eis o nosso garoto Microsoft, agora Ebay, mandando ver na informação. Anyway, o Google já te fez achar um nicho?

terça-feira, 21 de abril de 2009

A febre internética chinesa da semana

O blogueiro chinês Ruan Yifeng postou fotos digamos interessantes eu seu blog, sem identificar a fonte, sem dizer o porquê. Trata-se de uma série feita em um hotel de quinta (e que muito me lembrou o quarto onde dormi há coisa de duas semanas, quando fui roubada).

Especula-se que possa se tratar de uma promoção para um filme ou algo do gênero, mas é febre na infosfera chinesa. Aliás, especula-se que a jogada seria mesmo trabalhar com a divulgação viral tão comum à rede.

E de febres internéticas todos entendemos. A Susan Boyle, inclusive, já veio parar no Youku, o Youtube chinês, megapopular ainda antes de este segundo ser banido (viu uma lágrima escorrer no canto do meu olho esquerdo? ).



**

Vamos às fotos? Sério, eu achei megadivertido.

A primeira já começa provocando


Filmes eróticos ou pornográficos são proibidos na China. Filmá-los também, lógico


Aos pés da mocinha drogadita, garrafas de Tsingtao, a cerveja nacional


Tsingtao pra gurizada


Sei lá o que esta dupla tá fazendo, mas o que tem de jornal


Em cima da mesa, potes de massa instântanea, comida baratinha e vendida em qualquer biboca na China


O velhinho mais do que curioso não é tão amado assim, mas que fofo os dois estarem com uma sacola em que se veem os Fuwa, os mascotes da Olimpíada 2008. Nada mais sinocontemporâneo


Esqueçam o só depois do casamento. Sexo aqui existe entre os jovenzinhos da escola, sim


Nosso intrépido homem da tesoura cuecas homem-aranha tem as costas manchadas porque se submeteu há pouco a uma sessão de baguan, ou ventosas, a mesma que farei na próxima quinta-feira. Super MTC, ou Medicina Tradicional Chinesa


O aparato da sadomaso pode ter sido comprado ainda na entrada do hotel. Beijing deve ser a cidade com mais sex shop por metro quadrado do mundo


Bueno, graças, nunca vi policiais atuando neste tipo de situação. Passo o jogo de fotos com características chinesas


Aqui, representantes dos milhões de trabalhdores da construção civil, as massas instantâneas novamente e cigarro, o que não falta em lugar nenhum. Até sobra

Graaaaaaaaaaaaaaaaande, Muralha

A Muralha da China cresceu. Agora, tem 8,5 mil quilômetros, a bagatela de 2,5 mil quilômetros a mais do que as contagens anteriores. Segundo reportagem de hoje da BBC, o novo número apareceu graças a uma pesquisa de dois anos feita pelo governo chinês.



A diferença existe porque até agora a extensão da barricada gigante era estimada apenas com base em fatos históricos. Aí entraram em cena equipamentos com infravermelho e tecnologia GPS e, plim, foram encontrados trechos antes escondidos - devido a tempestades de areia, por exemplo.

Agora, a muralha é oficialmente composta de

- 6.256 quilômetros de muralha
- 359 quilômetros de trincheiras
- 2.232 quilômetros de barreiras naturais, como montanhas e rios

As novas descobertas tratam-se de construções datadas da Dinastia Ming (1368-1644), entre as províncias de Liaoning e Gansu - um trecho que sai de perto do Mar Amarelo, passa por Beijing e vai em direção a Oeste.

O mapeamento da Muralha ainda demorará outros 18 meses.

***

Passeio na Muralha

A foto que ilustra este post foi tirada pela Maíra Akemi, minha irmã, no ano passado, quando ela, o Cris e a Rafa vieram me visitar. Fica no trecho de Badaling, o mais turístico e bastante próximo da capital.

Para chegar até lá, há ônibus diários, saindo ao lado da Praça da Paz Celestial, por 100 yuans (e com almoço incluído. É, hm, tipo assim...).

Burrocratices


Hoje precisava pegar o metrô duas vezes, para ir e voltar de Xuanwumen (宣武门), onde moro e trabalho. O destino seria Dawanglu (大望路), onde sigo firme e forte nas sessões de acupuntura. Superesperta, resolvi comprar dois cartões de metrô, a fim de poupar tempo na volta.

Chego no guichê eletrônico de Dawanglu, meu bilhete não funciona. Pergunto para uma moça, ela manda eu ir ao guichê, onde há uma fila para comprar os tíquetes. Foi-se o tempo poupado.

No guichê, a moça pergunta se comprei o cartão em Xuanwumen, e digo que sim. Ela gentilmente troca. E eu me pergunto: Se apesar de Beijing ter uma infinidade de linhas, o que você pode ver no mapa abaixo, uma viagem tem o mesmo valor, então por que cargas d'água só posso usar o bilhete que comprei em Xuanwumen em Xuanwumen e assim sempre para todas as outras estações?



Só pra constar, antes não comprava bilhetes porque tinha um cartão permanente, roubado junto à minha carteira.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O mundo em inglês com características chinesas

A imprensa escrita chinesa interpreta os fatos do cenário internacional por meio do jornal Global Times, 环球 (Huanqiu, ou Global), e, a partir desta segunda-feira, 20 de abril, traduz para quem lê em inglês. Está no ar o site www.globaltimens.cn, a versão para quem não sabe mandarim do jornal especializado em cobertura mundial.

O Global Times sem caracteres estreou hoje também nas bancas, fruto de uma iniciativa da mídia chinesa para se aproximar do mundo ocidental, digamos assim, ainda que dentro de casa. A circulação, de segunda a sexta, será nacional.



O Global Times, ligado ao poderoso - e sob controle estatal - Diário do Povo, começou a circular em 1993, trazendo uma cobertura mundial sob a perspectiva chinesa, com os pontos de vista e as opiniões dos chineses, segundo o próprio jornal.

Para o editor-chefe, Hu Xijin, o lançamento marca o início de novos tempos.

- Nós ganhamos confiança para obter sucesso, para fazer amizade com os estrangeiros e facilitar a comunicação entre a China e o mundo - disse Hu, em entrevista à agência de notícias estatal chinesa, a Xinhua, ao falar sobre o lançamento do novo produto.

Hu afirma que não se trata de uma tradução da versão chinesa, mas de um jornal feito por um time independente de repórteres, editores e especialistas. Aliás, segundo o site, são mais de 500 correspondentes ou colaboradores pelo mundo.

O lançamento do Global Times lembra a abertura de uma redação do jornal em inglês mais famoso da China, o China Daily, nos Estados Unidos, ocorrida no final de fevereiro. É que neste ano, o governo chinês prometeu propagandear os feitos chineses através da mídia chinesa em outras línguas, ao criar desde jornais a estações de TV.

Será que agora vai?

69.2 - Dia 6

Estava tão acostumada a perder quase meio quilo por sessão que a diferença de apenas 200g entre a última pesagem e esta até desapontou. Mas domingo é domingo, vale que cumpri a tabela, não matei o tratamento em pleno final de semana.

O dia foi reservado a uma torturinha básica. A tal 按摩消脂, ou anmo xiaozhi, a massagem redutora, é praticamente a mesma que já havia experimentado no Brasil, um combate entre você e a massoterapeuta, que brinca de massinha de modelar com a sua barriga. Dói. Depois de meia hora, fui enrolada em um papel filme e sobre ele, um tipo de aquecedor elétrico foi justaposto, também enrolado na barriga. No total, uma hora de tratamento, antes de enfrentar outros 30 minutos de acupuntura - na foto, a barriga pós-massagem, em clique da Su Ling. Tudo isso por 200 gramas. Quem manda querer escapar da academia, não é mesmo?



A boa nova do domingão foi a companhia da Aida, minha amiga chinesa que fala português e foi responsável por traduções preciosas a fim de que eu entendesse melhor o que se passa.

O tratamento que estou fazendo reúne duas técnicas de acupuntura, as agulhas e as ventosas, mais a massagem. Cada uma tem sua função. As agulhas seriam para equilibrar o funcionamento do organismo, enquanto as ventosas seriam responsáveis por eliminar líquidos e tirar o frio do corpo (super Medicina Tradicional Chinesa, acho fofo). A massagem teria o papel de drenar e moldar. A terapeuta, inclusive, já me convenceu a fazer mais sessões na barriga e nas coxas quando esta primeira etapa terminar.

Perguntei se havia um objetivo para chegar, tipo quantos quilos perder em quanto tempo, mas ela disse que não. No entanto, garantiu que se eu repetir a dose no tratamento, ou seja, fazê-lo de cabo a rabo no mês seguinte, ela me deixará com 60kg. Ainda não será desta vez. Aqui em Beijing o verão está chegando e vou beber minha cervejinha nos bares ao ar livre. Depois, lá por agosto, quem sabe eu retome o tratamento. Vamos ficar pela primeira parte por enquanto e ver o que rola. Curiosa.

? - Dia 5

O sábado foi de folga no tratamento, não na dieta. Durante todo o período, nada de álcool, nada de jantar após as 19h.

Boa desculpa pra conhecer o Element Fresh, um restaurante bacana no shopping mais legal de Beijing, o Village Sanlitun. Para acompanhar meu superapimentado sanduíche tandori de frango - nada bom, até porque achei que era algo meio wrap e veio enrolado em uma panqueca supergrossa que deixei pra trás - acertei na escolha do delícia suco de cenoura com maçã e gengibre. Sem açúcar, que não curto muito, e sem gelo, que não é pra tomar gelado também.



Como se não bastasse o suco saudável, a noite terminou com chá quente sentada em outro boteco charmoso da mesma região, o Boccata.

***

O Village pode ser um dos lugares mais bacanas de Beijing, mas um dos mais caros. Ali estão a Adidas, a maior do mundo, a megaloja oficial da Apple, fora uma infinidade de marcas, como Benneton, Mango, Nike, Levis, Espirit e Uniqlo.

Eu recorri a um super de descontos ao lado, cheinho de fakezices, e compro uma pá de coisa baratinha. Ninguém está falando em boa qualidade, mas pra alguns itens, o design é realmente tudo. Acabei gastando cerca de R$ 75 em três relógios, um Hermes, um Calvin Klein e um Diesel. Eles não falam, mas eu asseguro, made in China.

domingo, 19 de abril de 2009

Acupuntura para quem precisa

Você meu leitor já entendeu que estou de dieta e passando por um tratamento de acupuntura, né? Conto isso tudo aqui, mas hoje, só hoje, resolvi republicar um post quase que na íntegra, até porque ele fala um pouquinho sobre o que é acupuntura, então acho que cabe. Pra ilustrar, minhas joaninhas quase à beira de um ataque, em fotinho da Paula.



A acupuntura integra a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e é utilizada na China para combater males há centenas de anos. Os primeiros registros datam de coisa de entre 2 mil e 3 mil anos. O princípio seria simples, manter a harmonia do corpo, alcançado através de estímulos em pontos específicos, que corresponderiam aos diversos órgãos. Para isso, a MTC delineou um mapa que aponta os hemisférios, ou os pontos onde deverá ocorrer a intervenção. No mapa aí de baixo, roubado daqui, você pode ter uma idéia do que estou falando.



O conceito trabalha com a questão do equilíbrio da energia no corpo, outra crença tão cara aos chineses, cujo símbolo máximo, o do equilíbrio, é o taoista Yin e Yang.

Até hoje a eficácia da acupuntura é debatida no Ocidente. Não é de agora que a técnica causa estranhamento e provoca desentendimentos. O primeiro deles ocorreu já na tradução, quando o tratamento foi mostrado fora dos limites asiáticos.

Acupuntura em mandarim é zhenjiu, ou 针灸, cujos caracteres significam agulha e moxa (este último, outra técnica da MTC que se utiliza de ervas incandescentes). Mas o jesuíta apressado (ou vítima de um mal entendido) traduziu para agulha e punção, o que no latim fica acumpunctum e dai você já entendeu. Resultado é que até hoje ligamos o nome às agulhadas e muitas vezes ignoramos que a técnica abarca outras modalidades, como a própria moxa e as ventosas.

Em resumo seria assim, a MTC tem mais de uma maneira de estimular os pontos, ou hemisférios, do nosso corpo, a fim de garantir a esse equilíbrio de energia e, logo, harmonia.

Organização Mundial de Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a acupuntura como Medicina Alternativa ou Complementar (MAC). Isso significa que a entidade acredita no tratamento como aliado às técnicas da medicina ocidental. Segundo a OMS, em países desenvolvidos, entre 70% e 80% da população já fez uso de técnicas da Medicina Tradicional – que inclui ainda fitoterapia e terapias manuais, como massagens.

No site da organização (em inglês), a entidade afirma que evidências mostram a eficácia da acupuntura no alivio de dores (e de yoga para prevenir crises de asma e de Taichichuan para o equilíbrio dos idosos, se vale a informação). No entanto, alerta que ainda são necessárias mais pesquisas. O que a entidade já faz e trabalhar junto aos países para que estes acrescentes a MT aos sistemas nacionais de saúde, a fim de que se garantam politicas sobre produtos e práticas e, por conseguinte, segurança e qualidade nos procedimentos.

Brasil

O Brasil também reconhece a acupuntura como Medicina Alternativa ou Complementar e desde 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) reconhece tais terapias como eficazes para a prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde. Assim, estão autorizadas no Sistema Único de Saúde (SUS).

Mas a mesma politica abriu um debate no meio médico e de saúde ao garantir o carater multiprofissional destes métodos. Segundo o texto, as práticas integrativas e complementares podem ser exercidas por profissionais de saúde de áreas diversas, desde que devidamente capacitados. A acupuntura, no Brasil, é realizada por profissionais da área da biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, medicina e psicologia.

Aliás, de repente lembrei que não faço ideia da formação da minha terapeuta.

Golpe de mestre

Você que me lê por aqui provavelmente já ouviu falar de Jackie Chan, 55, e caso não conheça a estrela chinesa de filmes de kung fu, logo abaixo tem uma foto da carinha para refrescar sua memória. O clique é da página oficial do ator, durante filmanges de alguma coisa em Shinjuku, que, segundo o que me consta, é um bairro japonês. Deve ter alguma coisa sino-japonesa vindo por aí.



Chan figura em diversas propagandas por aqui, durante a Olimpíada, era quase mais famoso do que astros esportivos locais, como o jogador de basquete Yao Ming e o medalhista dos 110m com barreira em Atenas, Liu Xiang.

Pois neste sábado, Chan saiu das telas para entrar em cena e agradar uma plateia de elite, a de líderes políticos chineses, que junto a outros governantes da Ásia estavam reunidos em Hainan, ilha ao sul da China, para o Fórum de Boao. O evento anual seria a versão asiática do Fórum de Davos.

Pois bem, diante destes senhores, Chan, segundo a agência de notícias AP, foi breve:

- Eu não tenho certeza se seria bom ter liberdade ou não. Eu estou realmente confuso. Se você é livre, será exatamente como Hong Kong é hoje em dia. Super caótico, assim como Taiwan é caótica – disse o ator, que, aliás, é de Hong Kong.

A estrela do cinema – que tem uma legião de fãs por aqui, onde é conhecido como o Dragão Cheng, ou 成龙 – foi ainda mais querida para com o público que o assistia.

- Eu estou começando a sentir que os chineses precisam ser controlados. Se não for assim, faremos apenas o que quisermos – disse o ator.

Ao avaliar os jovens chineses, Chan disse que eles preferem o que outros (apesar de eu não ter entendido exatamente quem são estes outros) fazem, não o que os chineses fazem. Bueno, talvez ele também.

- Se eu preciso comprar uma TV, definitivamente comprarei a de uma marca japonesa. Uma chinesa poderá explodir.

Bom discurso para um encontro onde a maioria era de líderes chineses. Se tivesse Olimpíada de novo, garanto que ele novamente seria convidado para cantar na cerimônia de encerramento. Apesar de eu ter ficado de cara com a fala do astro cinematográfico, às vezes, sou obrigada a concordar com ele. Alguns produtos chineses são realmente uma bomba.

**
Página em português do gajo.

O gato diz adeus

Estou super Porto Alegre aqui em Beijing. Quem está na capital gaúcha tem outro convite meu: ir ao lançamento do O gato diz adeus, o novo romance do Michel Laub, gaúcho radicado em São Paulo há uma pá de anos.



Dia 22, próxima quarta-feira, ele autografa o livro na Palavraria, que fica na Vasco da Gama, 165. Eu não estarei por lá, então adoraria que vocês fossem. Garanto que é leitura deliciosa. Do Michel, só soube que o livro está "lindão". Espero que outro amigo leia pra me contar depois. Meu exemplar, só em dezembro, nas férias no Brasil.

O Segundo Tempo

Conheci o Michel numa bela noite de CHOPE na Vila Madelena, em São Paulo, quando fui encontrar um amigo em comum, o Marcelo Carneiro da Cunha. Eu estava superinteressada no chope, pra dizer a verdade, artigo inexistente aqui na China e uma das minhas paixões. E, bueno, aquela era a primeira vez que eu estava experimentando chope nas minhas férias no Brasil, o que já seria mais do que suficiente para me deixar muito de bom humor. Como aquele era um dia de sorte, a companhia dos meninos só fez melhorar o que já estava muito bom e saí de lá com uma baita vontade de ler o que o Michel já havia escrito.

Bueno, no Natal, minha irmã me deu O Segundo Tempo de presente, romance do Michel lançado em 2006. Caso você ainda não tenha tido o prazer de ler, aqui tem um trecho, mas eu super recomendo comprar. Nem precisa sair de casa - ai, saudades das livrarias que entregam livro em português pra gente (!).

Eu li o romance no dia 25 de dezembro, enquanto tomava sol em Curumim, a praia de estimação da família, no litoral norte gaúcho. Posso dizer que foi a leitura que fez o dia mais agradável, mas a crítica do livro eu superpasso porque nunca soube fazer, acho que nunca saberei. Para mim, no entanto, reforçou a crença de que a gente se torna mais cético ao longo do tempo. Mas você pode ter outra interpretação, e espero que tenha. Repetindo, espero que leia.

Aliás, Maíra, por que tu não vai à Palavraria pegar um autógrafo pra mim?

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Conexão São Paulo


Dia 27, o Michel lança O gato diz adeus na Mercearia São Pedro (Rodésia, 34, na Vila Madalena). Se quiseres ser pontual, chegue às 19h.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Porto Alegre visual



Na próxima quinta-feira, quem estiver em Porto Alegre tem um convite meu, visitar a exposição Diários Visuais: Imagens de uma Mente Inquieta, a primeira exposição individual do Chico. Bueno, vamos apresentar melhor o moço. É a primeira exposição individual do Chico Baldini, designer, ilustrador e artista multimeios.

As pinturas, gravuras e minigravuras ficarão expostas no andar térreo do Memorial do Rio Grande do Sul (antigo prédio dos Correios, no Centro) de 23 de abril a 10 de maio. Ou seja, o convite se estende ainda por mais alguns dias.

- O fato de trabalhar como ilustrador e designer e estar atento a todos os estímulos gráficos que preenchem a cidade me desperta a necessidade de reinterpretá-los e dar a eles uma resposta - conta o Chico.



Todas as explicações do moço e os preparativos para a exposição já têm endereço, o blog Diários Visuais. É por ali que pretendo acompanhar o balacobaco, já que não estarei lá para ver de perto. Mas você, felizardo que pisa solo gaúcho bem que pode dar uma passada. Se eu acho que será legal? Presta atenção na foto abaixo.



- Acho que quero uma nova tatuagem - disse um dia, e o Chico estava junto.

- Fala onde quer fazer e o que queres fazer e eu desenho - ele respondeu.

Entre este diálogo e a foto que vocês veem aí em cima, tirada pelo Arivaldo Chaves em fevereiro de 2006, foram quase dois anos. A Mari escolheu bem antes que eu tatuar uma borboleta no pescoço e logo ganhou uma borboleta linda. Eu demorei, só sabia que queria joaninhas. A idéia de tatuar no braço foi amadurecida ao longo de muito tempo. Afinal, olhar para um desenho a quase toda a hora em que tu te miras no espelho não é mole. A não ser que seja um baita desenho.

Definidos joaninha e braço, era hora de o Chico botar a mão na massa. Ou pegar caneta e papel. E foi assim, numa noite de fevereiro de 2006, durante um jantar na casa da Cacá e do Sérgio enquanto eu e Tati planejávamos férias no Rio (trip que teria ainda a Paula) que ele desenhou. O processo foi coisa de 20, 30 minutos, intercalado com boa conversa e palpites dele e da Elisa sobre o Rio (já que eles recém haviam estado por lá).

Saí com minhas joaninhas floridas feliz da vida e no dia seguinte estava em Capão da Canoa, onde participaria da cobertura de verão na Sucursal de Praia da RBS. Nem perdi muito tempo, encontrei um estúdio e fiz lá mesmo a tattoo. Joaninhas floridas praieiras. Ou bicuíras, como queiram.

Resultado? Até hoje as pessoas me perguntam de onde é o desenho. Algumas enxergam as joaninhas, outras falam sobre as flores, algumas falam do tribal com inspiração indiana. Foi assim desde as férias no Rio, no encontro com amigos queridos de Porto Alegre, na Tailândia, aqui na China. E a cada vez que conto toda esta história, lembro que tenho o meu amigo sempre ao lado. Pena agora estar tão longe, adoraria dar um abraço pra comemorar a exposição.

Bueno, graças ao Chico, aprendi muito rápido como dizer joaninha em chinês, 七星瓢虫, ou qīxīng piáochóng - literalmente, Joaninha Sete Estrelas. Hoje ainda foi útil, quando a terapeuta com quem faço acupuntura passava os olhos - e os dedos - encantada com a tattoo.

Bueno, agora entendeu por que pra mim o Chico Baldini será sempre só o Chico, né? Tanta intimidade suprimem o sobrenome rapidinho. E nos deixa um tanto quanto mais feliz na hora de elogiar. Porque artista, sendo meu amigo ou não, isso é facil de perceber que ele é.

Anotou o endereço da exposição? É ali na Praça da Alfândega, mané.
:)

70.1 - Dia 3

O terceiro dia de acupuntura significa, em tese, o último dia em que estou proibida de comer carboidratos. Sim, junto às agulhas, massagens e ventosas, há uma dieta para seguir.

Como disse, nos três primeiros dias, os carboidratos estão proibidos. Ao longo de todo o tratamento, não se pode comer doces, frituras, gordura. Álcool está totalmente descartado. Aliás, para beber, nada gelado - a preferência é por líquidos quentes, mesmo água.

Água quente? Sim, mania nacional. Já ouvi diversas teorias sobre a importância da ingestão de água quente - líquido oferecido aos clientes em restaurantes, cafés, salões de beleza, salas de espera em várias cidades aqui na China. O vivente terá alguma sorte se a água vier acompanhada de algum complemento, tipo limão ou folhinhas de hortelã (sonho, sonho). Em geral, vem a água sem nada. Olha, não só acostuma como se torna difícil tomar água gelada depois de um tempo.

Pois bem, falando sobre as teorias. Estar na China e comer e beber como os chineses é se habituar à água quente, antes que você pense em bichos estranhos com temperos esquisistos. No livro Laowai, da jornalista Sônia Bridi, ela aposta que o consumo da água quente se dá devido aos baixos índices de potabilidade. Será?

Pergunte a um chinês por que ele bebe água quente e ouvirás que é para auxiliar na digestão, na circulação sanguínea ou simplesmente para manter a temperatura do corpo que, por volta dos 36°C, não precisaria ser incomodada com um líquido frio. Sem saber exatamente a razão, segui na minha enquete e um colega deu a resposta mais adequada, até agora.

Beber água quente faz parte da cultura chinesa, está ligado à Medicina Tradicional Chinesa, tão cara aos chineses. Basicamente, a função da água quente seria manter um equilíbrio com o meio, segundo ele - que, aliás, diz beber água quente apenas no inverno.

Eu também não sou das mais adeptas, apesar de achar BOM em diversas horas do dia. Se faz bem ou não, não sei. Mas que depois da terceira sessão - e três dias sem ingestão de gelados - saí com 70.1kg, isso eu saí.

Daqui a pouco vou acreditar que água quente faz milagres. Por aqui, é santo remédio para cólicas menstruais, gripes, tosses, indigestão, indisposição, dor de cabeça. Reclame de algo não muito grave para um chinês e vais ouvir, invariavelmente:

- Estás tomando bastante água quente?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Stand by me

Essa dica veio do Twitter, roubei lá do Tiago. Primeiro você assiste, depois a gente conversa.


Stand By Me from David Johnson on Vimeo

O vídeo aí de cima integra o projeto Playing for Change: Peace Through Music, documentário dos diretores Mark Johnson e Jonathan Walls. Em 2005, eles já haviam lançado outro documentário, com músicos de rua. Desta vez, escolheram 100 músicos em diversos cantos do mundo, do Tibete ao Zimbábue. Do Rio, vem o Cesar Pope, pelo menos em Stand By Me, que já está disponível na web. Além de reunir esta gente tocando e cantando, o documentário traz depoimentos dos músicos.

O projeto será lançado em CD e DVD e também no site da Fundação Playing for Change (Tocando por mudanças, numa tradução livre). A idéia, além de mostrar a música pelo mundo, é ajudar na vida das pessoas, efetivamente. O primeiro centro já existe em Gugulethu, África do Sul.

Segundo Johnson, a ideia surgiu há sete anos, a partir de um conceito simples, o de que a música sempre foi uma linguagem universal. A partir daí surgiu o projeto, que se classifica como um movimento multimídia cirado para inspirar, conectar e trazer paz ao mundo. Eu achei tão legal que vou dar um replay no vídeo. E você?

71 - Dia 2

Tou nem aí pras agulhas.

Esse foi o primeiro pensamento ao chegar à clínica, vamos chamar assim, para fazer a acupuntura. Quem já fez cinco tatuagens, uma delas com a antiiiga técnica de bambu ali na Tailândia, não pode ter medo de espetadas (a prova está aí, a da tatuagem, eu digo).


Espera deitar, tirar a roupa (a gente fica de calcinha e sutiã) e ver a mulher te apontar o arsenal pontiagudo. A sensação é de que vai doer muito. Aí ela te passa um algodãozinho com álcool na barriga, braços, mãos, pernas e abre o saco com as agulhas descartáveis. Pega uma, introduz num cilindro plástico, mira em algum ponto do teu corpo e pronto, ao dar uma estocada na ponta mais grossa da agulha, enfia o artefato. E daí tu pensas "bah, nem doeu".

A brincadeira se repete assim, por baixo, umas 40 vezes. Em alguns pontos dói. Tornozelo. Mão. Cotovelo. E parece que são exatamente nestes locais que a chinesa precisa ajustar as agulhas. Então ela afunda os aparelhos mais um pouco, dá uma torcida pra esquerda, opta por ajeitar para a direita e tu ficas ali, sentindo choquinhos. Chocante. Mas nada tão ruim que não te faça voltar no dia seguinte.

No meu segundo dia de acupuntura, aprendi a importância da recomendação não te mexas durante a sessão. E, claro, da pior maneira possível. Estou gripada, tipo supergripada. E daquelas gripes que não contentes em te fazer espirrar e assoar o nariz o tempo todo, te brindam com bons acessos de tosse.

Pois foi um dos violentos que eu sofri enquanto estavam eu e minhas 41 agulhas sobre a cama da clínica da chinesa. Como quando a gente tosse o corpo balança (sei lá quantos músculos a gente move), senti todas as dores das agulhinhas na barriga. Também no tornozelo. E uma fisgada forte na mão quando tive o impulso de levar a dita cuja, a da esquerda, até a boca.

A chinesa me olhava meio apavorada, com um copo de água na mão, que havia acabado de buscar na cozinha, rindo às pampas quando se deu conta de que seria impossível eu beber. Até porque eu não poderia nem sentar, experiência que, caso eu optasse por passar, talvez fizesse com que alguma agulha desavisada saísse lá pelas minhas costas.

Depois de uns minutos da cena ridícula e incômoda, a tosse se foi.

Na balança, 71kg, sinal de que outros 400 gramas também desapareceram por aí.

Mania



Comecei a ver no twitter, passou pro Facebook e foi parar no msn. Daí resolvi fazer o meu, que está aí acima. Quer um? Só clicar aqui.

O engraçado é que o site faz um alerta antes de mandar a tua versão em mangá via e-mail, a de que uma vez feito o desenho, este é irreversível e para sempre. Até parece tatuagem. :)



Esses aí são de outras quatro amigas. Será que vocês adivinhariam quem são?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Eu agora

tenho 71 quilos.
E também tenho um mantra: eu sou uma pessoa legal, mesmo sóbria. Eu sou uma pessoa leagl, mesmo sábria. Eu sou uma pessoa legal, mesmo sóbria. Eu sou ...

Até 12 de maio, nada de álcool. Nada de jantar após as 19h. Por apenas três dias, ainda bem, distância de carboidratos. Sem doces, o que é ouquei para mim. Sem bebida gelada. Nada.

Divirtam-se num diário de Brasileira em Dieta na China aqui.

71.4 - Dia 1

Assim aponta a balança no primeiro dia de tratamento de acupuntura para emagrecer. Sim, 71,4kg é o meu peso, e até 11 de maio cumpro um pacote de 19 sessões, algumas das quais pontuadas com outras técnicas para além das agulhadas, como massagem e ventosas.

Não faço idéia se há algum objetivo fixado sobre quantos quilos perderei, até porque não entendo a chinesa que me atende. Uma pena. Devo estar perdendo além de gordura, informações valiosas sobre a Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Cobaia surda e muda, ainda que não cega. É engraçado ver minha barriga toda espetada.

Apesar de toda a ignorância, vou tentar ao longo destes dias descrever o que está acontecendo comigo. Antes de optar pela técnica, a primeira coisa que houve foi vergonha ao me olhar no espelho, isso nas férias no Brasil. Tive vergonha ao experimentar biquínis (e eu estava sozinha no provador) e só fui relax pra praia porque pensei: fod*-se!. Mas não estava contente. Nem vou contar que pra (pigarro) pegar gatinhos, de luz apagada era mais confortável.

De volta à China, decidi que embarcaria num regime, mas fora decisões pontuais, como ir à natação e cortar pão e frios no café da manhã, não tinha feito nada substancial. Bueno, tinha diminuído a ingestão de cerveja - uma tortura pra mim, acreditem. O resultado, calculo bem meia boca, foi a perda de algo entre dois e três quilos. E aí, um amigo veio dizer que estava fazendo o tratamento com acupuntura. Por que não? Na China, como os chineses.

Pelas 19 sessões eu vou pagar ¥ 990, ou pouco mais de R$ 320. Segundo minha agenda, na primeira semana recebo acupuntura todos os dias, depois os intervalos serão de dois dias e, finalmente, de quatro dias.

No domingo, ou quinto dia de sessão, será a vez de encarar o baguan (拔罐, ou 拔火罐 para bahuoguan), que são as ventosas. Na quinta, terei uma sessão de massagem redutora, que em chines seria 按摩消脂, ou anmo xiaozhi. O baguan ainda ocorrerá por outras três vezes, enquanto a massagem, só mais uma.

Desejem-me sorte.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Eu não me lembro do seu nome

Preciso tanto descobrir

Ficar com um cara sem saber sequer o nome da criatura é tão ruim assim? Também não ter ideia sobre a idade deporia muito contra a sua reputação?

Pelo menos tou sabendo que ele é de Nova York, de férias na China, estudante de matemática e achou divertidíssimo a história dos cartões vermelho e verde nas churrascarias de São Paulo, quando lá esteve a trabalho ou de férias, não lembro, que indicam que o cliente está satisfeito. Ou não. Aliás, o mocinho disse que adorou a carne brasileira.

Obrigada!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Parece difícil, mas pode piorar

A simplificação dificulta a compreensão.

Com esta expectativa um tanto estapafúrdia e pouco animadora, o vice-diretor do Instituto de Linguística da Academia de Ciências Sociais da China, Wang Ning, anunciou na semana passada que o país passará por uma, digamos, reforma ortográfica. Será a primeira vez que haverá mudanças na forma de grafar alguns ideogramas chineses em pouco mais de 20 anos.

- Este é um problema que pretendemos resolver - acalma Wang, ao se referir à simplificação que complica, dando um certo alento àqueles que já, por ventura, estejam nervosos.

A China adotou caracteres simplificados em 1956, a fim de facilitar o aprendizado. Em 1986, uma singela lista de outros 2.235 ideogramas simplificados foi lançada. Desde lá, nunca mais se mexeu nos hanzi (汉字), que é como são chamados tais símbolos em mandarim. Em outras regiões, como Taiwan, Hong Kong e Macau - e até no Japão, que herdou da China o sistema de escrita - os caracteres nunca foram alterados. Ou seja, nestes lugares ainda se usam os tradicionais, como se convencionou chamar.

O governo não dá dicas de quando publicará a lista de novos caracteres, apenas afirma que será em breve e que esta já está pronta. Hoje, no entanto, teve de desmentir uma notícia publicada na província de Guangzhou que dava conta de que as alterações atingiriam até mesmo nomes próprios. Segundo a reportagem, a partir da publicação da nova lista, passariam a ser permitidos apenas 8 mil caracteres para serem usados nos nomes das crianças. Mas, não, não, os pais que fiquem tranquilos, sustenta o governo. A escolha do nome do filho único, maior parte dos casos das famílias por aqui, não ficará restrita a tão pequena esfera.

Eu enquanto brasileira sofrendo o processo de reforma ortográfica da língua portuguesa me pergunto sobre a amplitude de modificações em um sistema que se baseia em ideogramas - ou seja, um símbolo não fonético que representa um objeto ou uma ideia (ideia sem acento, agora).

Desde o ano passado, já há uma grita em relação aos caracteres. Um membro do Comitê Permanente do Partido Comunista da China, Pan Qinglin, pediu a volta dos símbolos tradicionais. Para ele, a reforma de meio século atrás foi feita às pressas, sem respeitar aspectos estéticos e científicos da formação dos hanzi. Além disso, segundo ele, os sistemas de escrita pelo computador poderiam ajudar no retorno ao modelo anterior, iniciativa que, além disso, aproximaria a escrita da China continental à das demais regiões.

Parece que não colou, vide o anúncio de mais simplificação por aí. Aliás, quem defende a manutenção do atual sistema na parte continental diz que seria muito difícil formar novamente duas gerações de chineses que já foram alfabetizadas segundo o modelo simplificado.

Fato é que, grosso modo, simplificar significa diminuir traços dos caracteres. E os caracteres são formados justamente por estes traços, muitos dos quais remetem a significados de pictogramas antigos. Tem gente que jura que pessoa, ou 人, mostra alguém de pé. Além desta associação mais óbvia (ahan), os caracteres são formados de radicais, os quais dão pistas sobre o significado e até sobre o som. E, ainda, são uma mão na roda para buscar as palavras no dicionário - pena que haja divergências quanto a contagem dos radicais, que varia de pouco mais de uma centena a até mais de 200. Alguns dicionários consideram determinada parte um radical, outros consideram outras partes radical também e está feita a salada.

Agora, radical mesmo eu achei um dos argumentos para a volta do padrão tradicional. E ele fala sobre amor, o que poderia ser meigo.

Amor em chinês é Ai, assim como no Japão. É uma das únicas palavras que guarda o mesmo fonema. Mas enquanto por aqui se escreve 爱, no Japão e também em Taiwan, Hong Kong e Macau, o amor é mais complicado, sai como 愛. Para não iniciados, talvez fique difícil perceber, mas sob o segundo traço vertical de cima para baixo, a versão simplificada exclui o 心, o caracter de coração. Lendo pela internet, descobri que dizem que os problemas surgidos na sociedade chinesa ocorreram devido à retirada do componente humano do amor.

Ai, diria eu.

Donde concluo que, em linhas gerais, é melhor simplificar.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Repeteco - ou cobra dobrado

A quem interessar possa, este é o post de número 500 deste blog. Para marcar o número, vou republicar um post de que gostei muito num outro blog que gostei muito de escrever, o China in Blog, que durou de dezembro de 2007 a dezembro de 2008. Segue o baile. Quer dizer, o post.



Cobra dobrado

Ontem fui a um dos restaurantes mais estranhos aqui de Beijing, o Guolizhuang - pelo menos na minha concepção. Estranho pelos pratos que oferece: uma infinidade de sopas, ensopados, cozidos, saladas e até bebidas preparadas com pênis ou testículos de animais. Em alguns casos, um sanguezinho cai bem, como o de cervo, que, misturado a um aguardente de sorgo promete milagres! Sim, milagres afrodisíacos, se é que foi nisso que você pensou.

Aberto a homens e mulheres, o restaurante teria mais apelo masculino, digamos assim. Isso porque a crença segundo a Medicina Tradicional Chinesa é de que a ingestão destas iguarias traria potência sexual. Aliás, para nós, meninas, há que se evitar alguns ingredientes, como o testículo de boi, que, segundo os chineses, pode engrossar a voz e trazer pêlos ao rosto. Alguns pênis, no entanto, dão mais vigor a pele das mulheres, ou seja, também podemos comer pensando nos benefícios a nossa saúde e beleza - e não apenas ficarmos pensando que vai trazer algo de bom para o namorado, marido, amigo, amante. Bem, quer dizer...

Voltando ao restaurante. O cardápio do Guolizhuang é amplo. Oferece pênis de cachorro, de touro da Mongólia, de urso de não sei onde e por aí vai. Os preços variam de acordo com os animais. Quanto mais exóticos, mais caros, como o caso de focas canadenses, cujo prato com um pênis é vendido a mais de R$ 770 (e é preciso ser encomendado com antecedência. Além disso, é preciso comprar a iguaria fora da China. O cliente encomenda, paga e depois vai receber uma ligação do dono do restaurante dizendo que o prato será servido. Em dia incerto e não sabido).

Uma garçonete acompanha os preparativos, explicando os benefícios de cada ingrediente. Pena que é em chinês (claro, a gente está na China) e muitas das explicações foram perdidas. Mas a incursão no restaurante foi didática, mesmo que seja anatomicante falando. Graças a ela, fiquei sabendo que o pênis dos cães tem uma cartilagem e que as cobras (assim como os lagartos, pesquisei depois) possuem hemipênis, ou dois orgãos copuladores - apesar de somente um hemipênis ser introduzido de cada vez no corpo da fêmea durante a cópula. Para o jantar, os dois orgãos vem juntinhos.

A verdade é que fui com amigos, registrei, me diverti, mas não cedi aos - supostos - apelos afrodisíacos. Achei que poderia passar minha existência sem comer tais quitutes, motivo pelo qual eu não tenho como contar o gosto, a textura, etc. Quem comeu, aliás, ainda não me contou se os tais orgãos garantem o efeito prometido. Caso a satisfação não seja garantida, no entanto, duvido que você obtenha seu dinheiro de volta.

Aliás, falando em preços, discutíamos o sexo dos animais e quanto custavam cada um de seus órgaos quando perguntei:

–No caso das cobras, que têm dois pênis, praticamente, o preço fica pela metade?

–Não, cobra dobrado – respondeu prontamente meu amigo Bernardo Brasil, num dos trocadilhos involuntários mais perfeitos que já ouvi até agora. Tudo bem, talvez você não ache, mas eu achei engracadíssimo. Eu tenho problemas com trocadilho, admito.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Quantos celulares eu terei na vida?

Eu sei, não basta ser estúpida o suficiente para viver coisas estúpidas, é preciso ter azar também. Não fosse assim, não teria histórias para contar. Podem me chamar de avoada, mas, reitero, acho que é só azar.

A Patrícia, amiga aborígene aqui de Beijing, tem uma frase bacana para aqueles momentos em que o convite não só é desinteressante como totalmente digno de não. Em algumas ocasiões, ela não pode fazer tal coisa porque tem de estudar para passar no exame de sangue. Eu sempre rio, porque acho engraçado. Nunca contei, até pra não desapontá-la e deixá-la com vergonha desta amiga que vos escreve, que eu já rodei em exame médico. Havia trabalhado no Terra por uns dias, como teste, e fui fazer o exame pró-forma. Quando a médica perguntou se eu havia tido tendinite alguma vez na vida, eu disse que sim, há alguns anos, havia tido uma crise.

Naquele dia, aprendi que eu crepitava. Ou pelo menos meus ossos crepitavam, apesar de eu nem entender direito o que isso pudesse significar no jargão médico. Até agora não entendo, aliás. Aprendi também que ser sincera pode ser uma merda. Mas eu sou sincera, que merda. E algumas vezes ainda cometo o disparate de superconfiar na raça humana. Não sei porque insisto. Deveria me cercar dos exemplares de que gosto e parar por aí. Mas ontem foi um dia, ou uma noite, como queiram, em que eu confiei na humanidade.

Depois de assistir a emocionantes partidas de sinuca da dupla brasileira Paulo e Patrícia contra australiano, chineses, colombiano e turco, fomos mostrar o suíngue brasileiro bailando funk e popzisses oitentistas no bar do Tom, outro brasileiro amigo. Lá chegando, deixei minha bolsa pendurada numa cadeira e fui me acabar na pista. A Patrícia foi embora, o Paulo tava dançando comigo. Quando o bar ficou chato, convidei o Paulo para uma última ceva ao ar livre, no Lugas. Cadê bolsa?

Tipo assim, cadê bolsa, cadê o celular que estava dentro da bolsa, assim como cartões (meu e da Paula) e chave de casa. O Paulo, que é fotografo, mas jura que sabe arrombar portas sem ser assaltante, resolveu ir à minha casa. Eu ainda tinha uma esperança de ter deixado a porta aberta, como estupidamente fiz semana passada. Nada. Nem pra arrombador nós servimos. Decidimos ir ao posto de polícia que fica dentro do meu condomínio. Entramos nas salas, subimos dois andares, ninguém. Fiz até xixi num dos banheiros. Ninguém. O Paulo está aqui de férias, num hostel, nenhum jeito de dormir com ele.

Estávamos os dois sem passaportes, fomos a um hotel foleiro perto da minha casa, onde nos deixaram entrar sem mais o quê. O lugar era tão nojento e com cara de mau (aliás, tinha um quadro do Mao no corredor) que o Paulo decidiu dormir por ali pra não me deixar só. Sem tocar nem no travesseiro, o que foi bastante engraçado. Eu bravamente encarei o cobertor. Pela manhã, 8h, uma chinesa nos acorda. Me traz o dinheiro do depósito que havia deixado e pede as chaves. Entrego e só muito mais tarde perceberia que, em caso de fiscalização policial, o nosso quarto apareceria como desocupado, pois não estávamos registrados.

Com o celular do Paulo, ligo pra Noha, amiga egípcia que mora aqui. Ela conta que a Paula está vindo do aeroporto, há horas tentando falar comigo, sem grana (porque tava sem o cartão, que tampouco está comigo) e precisava de alguém para pagar o táxi. A Noha pagou. Eu tomei café com o Paulo, que pagou meu táxi, hotel e café - e pra quem eu devo horrores, não só em grana, mas em apoio moral porque, segundo ele, o hotel de ontem compete acirradamente com um do Peru na categoria de pior lugar pra dormir. Não basta vir pra China, tem de conhecer a Jana. E não basta saber que a Jana se mete em estipidices vez que outras. Há que compartilhar.

Voltando ao relato, voltei pra casa, onde a Paula já estava, com chave e sem cartão. Ela já sabia do ocorrido, pela Noha. Demos boas risadas. Pra que voltar de férias sem uma confusão, né? Acharam minha bolsa numa lata de lixo, com minha chave e meu cartão da agência. Agora preciso comprar outro celular. Só o dinheiro que já gastei com celulares daria uma bela poupança, juro. Será que compro IPhone?

No almoço, pelo menos, levei uma cantada do cozinheiro. Sempre cumprimento o moço porque ele faz umas comidas deliciosas, aplausos para o kaobaozi, um tipo de pastel de forno recheado com carne de ovelha de comer de joelhos, agradecendo à raiz muçulmana dos chinesinhos. Semana passada ele já havia feito kaobazi na hora pra mim e meu amigo francês. Hoje, foi até a mesa levar os quitutes (o que ele não faz nas outras mesas) e me olhou super no olho e disse:

- 今天你太漂亮 - o que a gente lê jintian ni tai piaoliang e traduz como "hoje você está muito bonita".

Ah, deve ser meu ar de sofrimento, né não?

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Mariana, ao saber do roubo.

- Jana, há alguma coisa que tu tenhas adquirido e não tenhas perdido? Até agora eu sei de celulares, bolsa, roupa, computador, sem falar em namorados.

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Tou de calças novas, esta eu não pretendo perder, lindonas, presente da marida Paula, recém chegada do Brasil, sem cartão, sem dinheiro.

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Domingo a previsão é de 30 graus. Vamos fazer picnic de Páscoa no parque.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Mais nada pra fazer

Outra brincadeirinha no facebook, desta vez a de escolher quais os cinco jornais que eu sempre leio.



Tive de criar o Zero Hora, que ainda não havia sido escolhido por ninguém, e escolhi uma capa especial. O 4 de abril já é bastante comemorado lá em casa por ser aniversário do meu pai, mas no último sábado, a capa do maior jornal do RS trazia uma história bacana para aqueles que gostam de futebol, o centenário do Inter.



Agora, se você também escolher ZH nesta brincadeirinha, verá a bonita capa que esta jornalista e torcedora escolheu.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Há flores em tudo o que eu vejo

Hoje, ao chegar a Beijing de uma viagem durante o final de semana à linda região onde ficam Hangzhou e Suzhou, vi que há vários caminhões carregando frondosas árvores para lá e para cá, a fim de que as ditas cujas sejam transplantadas da estufa onde estavam durante o inverno para as ruas e avenidas da capital.

Pois no último finde, vi a primavera florescer onde mais lhe convém, a mim me parece, numa zona com mais humidade, mais calor. Hoje não contarei sobre a viagem, que foi uma delícia, mas deixo vocês com as cores que me encantaram.

Beira do Lago Oeste, ou XiHu (西湖), em Hangzhou

O lago, antigamente uma pequena lagoa cuja água foi represada para dar origem ao espaço atual, é o mais famoso da China

Hangzhou é um destino turístico tão popular quanto Guilin, mais ao Sul

Durante a primavera (de março a maio), as chuvas são frequentes na região

As principais ruas de Hangzhou exibem jardins coloridos e superbem cuidados

Adoro esta árvore das flores vermelhas

Suzhou, onde foi feita esta foto, tem mais de 200 parques, muito dos quais listados como Patrimônio Cultural Mundial

Este clique é do Jardim do Administrador Humilde, o maior e mais famoso de Suzhou. Tem 5,2 hectares e foi inaugurado em 1509

O Parque da Floresta do Leão foi construído por monges budistas em 1342

Adorei esta foto do Jardim da Tranquilidade, um dos quatro mais famosos da China, datado de 1566

De março a abril, florescem as pessegueiras

Esta flor, no Jardim do Administrador Humilde, eu batizei como flor pipoca. Pode?

Confesso que não descobri o nome da pagoda, mas amei o amor perfeito

Uma flor para uma flor