sexta-feira, 30 de outubro de 2009

The Village

Beijing tem meu shopping preferido, dos poucos que conheço, o The Village. Acho que a concepção de vários prédios um lado do outro, com um espaço gigante ao ar livre e um abuso do colorido com tons de vermelhos e verdes faz dele algo diferente.

O projeto, que reúne 19 prédios, é capitaneado pelo japonês Kengo Kuma (http://www.kkaa.co.jp/E/main.htm), que se juntou a outros cinco escritórios de arquitetura (nenhum da China, aliás) para criar o complexo, inspirado nos hutongs, as vielas de Beijing onde viviam as famílias dos mandarins há coisa de 600 anos - e que hoje acaba sendo moradia de quem é bem mais humilde. Nada a ver com o The Village. O que mais de humilde tem por ali são trabalhadores da construção civil que acabam o dia descansando em frente ao imenso telão. Super crônica da faceta cruel do capitalismo que se integra cada vez mais ao cotidiano chinês. Eles estão ali, sonhando os sonhos de consumo que a classe média - ou mais que média - realiza em lojas de médio padrão, como a japa UniQlo, a espanhola Mango, e outras cuja origem não sei, mas que têm fãs, como a Benneton e a Espirit.

Mas, bueno, além do ótimo design e da sensação de amplidão que o The Village me dá, o que eu curto mesmo por ali é comer, sempre em dois endereços, estes norte-americanos. Ou o Element Fresh (com um suco de cenoura e gengibre sensacional) e o Starbucks, o único lugar em que encontro algo parecido com o que seria um misto quente, torrada para meus queridos conterrâneos gaúchos.

Aqui, mais um pouco do The Village http://www.thevillage.com.cn/en/index.html, em inglês.

Um flagra no metrô

Toda a catigoria e o estilo das ruas de Beijing, bem perto de você, numa viagem pela linha de metrô número 10, que corta a cidade de leste a oeste, fazendo alguns zaques, outros zigues. 

O casalzinho aí desembarcou em Guomao, zona central do distrito de negócios da capital chinesa, lotado de escritórios, lojas de marcas luxuosas, mas longe de ser ponto de encontro de gente descolada, sequer patricinhas e mauricinhos. É reunião de gente comum, que trabalha de terno e tailleur, uniforme de limpeza ou que se veste como quer, ainda que pra mim, no caso da foto, lembre um estilo livremente inspirado no Falcão, o cara da pérola "Ai, minha mãe, minha mãe/ Ai, minha mãe, minha mãe/ Ai, minha mãe, minha mãe/ É a mulher do meu pai".

Som na caixa

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Pulinho na Coreia

Dei um pulinho na Coreia do Sul, mais precisamente na capital, Seul, e já voltei.
Depois conto outras novidades, mas por enquanto deixo registro das lindas flores vermelhas características do outono na região, clicadas no Jardim Secreto do Palácio Changdeok, um dos cinco de Seul e aquele ao qual se recomenda a visita, caso não haja muito tempo para conhecer os outros quatro.
O ingresso custa pouco menos de R$ 5 e as visitas são permitidas apenas com guia. Em inglês, os tours saem às 11h30min, 13h30min e 15h30min. Para chegar lá, estação de metrô Angkug, saída 3. Siga reto toda vida e se depare com o complexo, construído pelos anos de 1400. Mas como eu disse, mais eu conto depois.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um pouquinho de comunismo

Ontem à noite conheci um restaurante que, na tradução, pode ser chamada Clássico Vermelho, ou 红色经典 (hongsejingdian), título de um dos hinos populares do maoísmo. O restaurante de Beijing é mais um do estilo, que tem como principal atrativo show de música, dança e pequenas esquetes que lembram os tempos do Mao. Pelas paredes, dizeres e cartazes, inclusive os que lembram a Revolução Cultural. Nada de grandes reflexões, a coisa é diversão.

Enquanto você paga um preço mínimo pela comida, o que a gente no Brasil chamaria de consumação e que equivale a cerca de US$ 10, assiste aos atores. Um bando de jovenzinhos que até encarnam os demônios japoneses (isso eu entendi e eles falam assim mesmo) e os inimigos do Partido Comunista, aqui conhecido como Guomintang (国民党), aqueles que foram retirados do poder depois da revolução do timoneiro - aquela mesmo que levou à fundação da Nova China em 1949 e que resultou em trapalhadas ou experimentos de dimensões que só a China pode oferecer, como a morte de milhares de pessoas por fome durante o Grande Salto Adiante ou pela violência perpetrada entre 1966 e 76, a época da famigerada Revolução Cultural, a época de maior culto ao líder, menor liberdade de expressão e pensamento e, em tese, maior ícone do fervor patriótico chinês.

Pois foi este fervor que me deixou arrepiada. Velhos, crianças, adultos, adolescentes e até bebezinhos, estes ainda sem nem entender o que se passava, estavam todos lá bem felizes acenando e respondendo às palavras de ordem da moçada no palco. Juro que fiquei com medo e este mix de orgulho com o frescor da história recente me fez, por alguns instantes, entender que é possível manipular massas. Claro, as demonstrações eram um momento de descontração, mas uma descontração que me constrange. Celebrar um passado que significou a morte de tanta gente não me parece normal. E um passado hoje posto em dúvida até pelo único partido no poder desde 1949, o comunista, que de comunista tem pouco ou quase nada.

Nos dizeres de longa vida ao pensamento de Mao Zedong e ao Partido Comunista da China, estão incluídos tantos outros elementos... Que diga a Coca-Cola, símbolo máximo do capitalismo nestas bandas chinesas, presente em um sem número de registros pop contemporâneos que fazem referência à abertura da China. Seja ela qual for.

Bueno, estas foram as minhas impressões, e você bem pode ter as suas. Vindo a Beijing, inclua um destes restaurantes no seu roteiro. A comida nem é boa, mas neste país de paradoxos, contradições e hipocrisias mil, para que se preocupar com detalhes, não é. Ah, é difícil chegar ao local, então mesmo com o endereço amigo aí abaixo, vale dar uma ligada para a atendente, que pode explicar tudo direitinho ao taxista.

红色经典

266 Baijialou, Dongwuhuan,
Chaoyang
东五环白家楼266号
Abre das 9h30min às 14h30min e das 16h às 21h30min

6574-8289

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sambinha no Rio

Salve, gente boa.

Escrevo aqui de Beijing para convidá-los para uma festinha no Rio nesta sexta-feira, no Estrela da Lapa. Nao que eu vá estar lá - uma pena, pois amaria. 

Quem estará lá é o Tonho Crocco, que lanca neste dia o Teto Solar, o EP recém lancado lá no Sul, de onde eu venho. Aliás, é lá do Sul que vem Teto Solar, Quadratura, Árida Saudades e outros sambas, sambinhas, sambarock, sambalanco e sambasoul do Tonho.

Eu se fosse vocës náo perderia essa chance de conhecer como um gaúcho faz um bom samba. A festa é o seguinte

Nesta sexta, dia 16, Tonho Crocco (Ultramen), lança o EP "Teto Solar" na festa Sambadelic! com participacoes especiais de Rogê, Marcelinho da Lua e Marcio Local

No Estrela da Lapa (Mem de Sá, 69)
21h - o show começa às 22h

Precinho camarada da lista amiga: R$ 15 (mandando email para sambadelica@gmail.com com qtos nomes quiser). Na hora é R$ 25. Depois do show, tem o DJ Zé Octávio botando a galera pra dançar com muito sambalanço, sambarock e sambasoul.

Eu achei estas infos num fotolog, do Joca, se nao tou errada (http://www.fotolog.com/jocasan/38995129)
onde se lë ainda

Por volta das 2h estaremos (eu e Tonho) em Copacabana para a já tradicional Black Friday. Tonho assumirá seu lado DJ pela segunda vez na festa com seu set "para a pista" que abrange o melhor do dancehall/ragga, hip hop, MPB e old school funk. Para quem quiser ir somente na festa (e não no show) a lista amiga é de R$ 10 (até 01h). Para entrar nesta lista dê um reply com qtos nomes quiser para o meu email mesmo (jocavidal@gmail.com). Para aqueles que vão na Sambadelic! e depois na Black Friday, o preço desta última fica ridículo: apenas R$ 5!

Agora, se você está se perguntando quem é Tonho Crocco, seguem algumas referências:

Acústico MTV Bandas gaúchas - Ultramen e Falcão d´O Rappa:http://www.youtube.com/watch?v=LwgW8qostnA

Marcelinho da Lua feat. Tonho Crocco - Ela partiu (do Tim Maia):http://www.youtube.com/watch?v=gi7YF7gC8E0

Tonho Crocco - Teto solar: http://www.youtube.com/watch?v=ecexCb1fNo0

Site do Tonho Crocco: http://www.myspace.com/tonhocrocco

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A parada

A parada

O aniversário chinês seguiu o roteiro. Sol como o prometido, apesar de o dia ter amanhecido nublado. Façanha alcançada graças a 18 aviões que desde a noite de quarta bombardeavam as nuvens no coração de Beijing com iodeto de sódio e gelo seco.

O sol a pino e o azul do céu contrastrando com o vermelho do Portão Tian'anmen eram o que faltavam para a festa. Apareceram e, então, era hora de o Politburo entrar em ação. O presidente chinês, Hu Jintao, surpreendeu no modelito quando apareceu, isso perto das 10h. Usou um terno à Mao, no estilo em que o Timoneiro vestiu para fundar a República Popular, há 60 anos. Os demais companheiros vieram com ternos normaizinhos, combinando as gravatas vermelhas, embora algumas aparecessem lisas, outras riscadas, outras com bolinhas. Sem muitas surpresas.

Surpresa, aliás, é o que menos se viu no desfile, que durou quase três horas. Suspiros provocaram as esbeltas militares, beldades que desfilaram de minisaia, em uniformes verde-musgo, branco e vermelho - este último, combinando com botinhas brancas. Super 60s! Até o Hu soltou uma risada marota ao ver as meninas, provando que tesãozinho amigo não tem barreira cultural.

Pois a chinesada gostosa, avisou a agência estatal, tinha uma média de idade de 22 anos. Todas moram em Chaoyang, que, apesar de ser um dos maiores distritos de Beijing, é também o mais habitado por estrangeiros. Rapazes, se você é deste time de ocidentais loucos por orientais, taí uma dica.

Claro que a mensagem pretensa da festa era bem outra. Não foi nem o terninho Mao de Hu, nem as pernocas torneadas das gurias. Mas estas mensagens propagandistísticas são sempre tão chatas que até preciso puxar da memória para lembrar quais elas eram. Ah, sim. Dizer que as 56 minorias étnicas que oficialmente compõem o país vivem em harmonia, que o país é dono de um poderio militar consistente, que trilha o caminho do desenvolvimento junto à conquista de tecnologia própria, que as crianças darão segmento ao socialismo com características chinesas, que é a atual doutrina do partido.

Mas deixa pra lá. Hoje é dia de celebrar a China, de curtir um feito do governo, o de fazer o céu ficar incrivelmente azul. Vou brindar com uma cervejinha, porque ninguém é bobo. E esperar a queima de fogos das 21h, que dizem, será maior do que a da abertura da Olimpíada.

Aqui, para você curtir aí um sem fim de fotos, imagens para quem curte a China. Aliás, é deste monte que roubei esta que abre o post.

国庆快乐!

http://www.xinhuanet.com/photo/60dyb/