sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ah, a Olimpíada

Hoje o departamento de turismo de Beijing divulgou que o Ninho de Pássaro, o estádio onde ocorreram as cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada do ano passado na capital chinesa é um dos destinos preferidos dos turistas neste feriado de Festival da Primavera na cidade. Em cinco dias, o parque já recebeu 80 mil turistas.

Lembrar do Ninho de Pássaro, me fez lembrar o período olimpíco na cidade, a expectativa das pessoas, a minha, do mundo. Então resolvi publicar aqui um vídeo feito para o extinto China in Blog, em que eu e a Aida, minha tradutora, saímos para saber o que os chineses esperavam do evento esportivo.

Passeamos por um hutong, que são os bairros por assim dizer em que viviam funcionários importantes do governo há coisa de 600 anos em Beijing, mas que hoje abriga, na maioria, camadas mais baixas da população. Abriga também um charme e um encanto únicos, com cheiro de Beijing de antigamente, com jeito de cidade pequena, com algo que me faz cair de amores por hutongs.

Bueno, vamos ao vídeo

sábado, 24 de janeiro de 2009

Um pulo no Japão

A dica veio da Paula, o vídeo é ótimo, apesar de eu ter ficado um pouco tonta com tanto movimento. Vale passear pelo Japão. Na página do autor do vídeo, ele explica passo a passo como fez. Legal compartilhar não só a experiência da viagem, mas como transformou o material num protudo internético.


This is Japan! from Eric Testroete on Vimeo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Violência Doméstica

Discutindo violência doméstica com um colega chinês, ele logo foi reclamando de que não são apenas as mulheres as vítimas, mas também os homens. Claro, fácil ponderar, há mulheres que mesmo se não são tão fortes, podem atirar objetos, arranhar, arrancar cabelos, até fazerem outras barbaridades.

- Que nada. Violência doméstica é chegar em casa e ter aquela mulher que fala, fala, fala... - respondeu ele.

HAHAHAHA.
Tem certas coisas que não há diferença cultural que faça parecer diferente.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Xampu


Acredite: é muito legal saber palavras novas quando se está aprendendo um idioma. Incrementar o vocabulário vai ser a chave para desenvolver mais e diferentes diálogos. Dia destes aprendi xiangping, 香槟, ou champanha em mandarim.

Prestando uma atençãozinha, fica fácil perceber que o xiangping chinês se assemelha ao som da palavra champagne. Este é um dos sistemas de "importação" de palavras para cá. Pega-se o som e tenta-se achar caracteres cujos fonemas se assemelhem. Em alguns casos, os caracteres encerram significados.

Falando sobre a bebida, teriamos os caracteres que designam perfume e noz-de-areca, uma planta típica da Ásia que serve como estimulante. A bebida francesa, então, manteria um nome em mandarim cujo som remete ao original e, de quebra, seria, pela leitura que os caracteres suscitam, um estimulante perfumado.

Très intéressant!

Daí que dia destes estava numa festa para comemorar o Ano-Novo Chinês na firma e havia champanha a rodo. Numa das tentativas de pedir à garçonete que me trouxesse mais uma taça, a confusão.

- 我要一杯香槟 - pedi, que é justamente "Eu quero uma taça de champanha" (Wo yao yi bei xiangping, pra ajudar na leitura), mas não houve entendimento.

Depois de uns três pedidos, resolvi ir até a mesa onde estavam as bebidas, a fim de mostrar para a mocinha qual líquido satisfaria o meu desejo.

- Ah, xampu - exclamou, tri feliz.

Eu fiquei megadesenxavida, tendo errado no nome de algo de que tanto gosto. A champanha, estou falando. Adoro xampu também, mas não pra beber, não era o que eu estava precisando na festa.

Mais tarde, quando confiscamos algumas garrafas de champanha - cansamos daquela coisa de ficar pedindo tacinhas - fui ler o rótulo, e lá estavam caracteres que eu conhecia. Os fofos 香槟, cuja leitura é xiangping. Não xampu!!!

Aliás, xampu não é uma palavra que tenha sido importada para o chinês tentando manter uma semelhança com o som em inglês (que é o que o Brasil fez, transformando - ou não - o shampoo em xampu). Como são um povo com mais de 4,5 mil anos de história, acho que estão lavando a cabeça há tempos. O produto esse para limpar e perfumar a melena por aqui se grafa 洗发水 e a gente lê xianfashui.


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Mandarim eno-etílico
Bom, segundo me explicou o Ricardo Duarte, champanha ainda pode ser chamada de 香檳酒, ou xiangbinjiu. Se quiserem um espumante, peça um 起泡酒, ou qipaojiu.

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Só para terminar este post bebumno-linguistico, ontem aprendi a terceira ou quarta frase em francês da minha vida:

J'adore la bièrre, ou "Eu adoro cerveja". Espero que vocês também.

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Ah, a foto foi feita pela Alma Soto na festa da firma, quando as garrafas já estavam em nossa mesa.

Au revoir

Trocadilhos e o Ano-Novo


No ano passado, alguns dias antes de começar a Olimpíada, conheci o Daniel Piza, o Felipe Machado e o Nilton Fukuda, trio do Estadão que veio parar nestas bandas para falar sobre a China, sobre os chineses, sobre a Olimpíada e, sim, algumas vezes sobre as competições.

No nosso segundo encontro, quando os levei para conhecer a Praça da Paz Celestial e o portão Qianmen, além da região revitalizada ali pelas imediações (os chineses reconstruíram uma das primeiras ruas de comércio da cidade, cujo nome também é Qianmen, literlamente portão da frente e, não por coincidência, um dos últimos antes do acesso à Cidade Proibida) eles perguntaram do que eu mais sentia falta dada a distância Brasil-China.

- De trocadilhos - eu disse, de tanta falta que os tais realmente fazem no meu cotidiano.

Naquele dia e nos próximos cerca de 30 que se seguiram, o Felipe, fazendo juz à fama que o Daniel e Fukuda haviam divulgado por aqui, me abasteceu de diversos trocadilhos. Infames, bons, horríveis, engraçadíssimos. Honrosas colaborações do Daniel e tiradas geniais do quieto, mas no ponto Fukuda.

A Olimpíada acabou, o trio Estadão voltou para onde tinha de voltar e eu fiquei sem os tais trocadilhos por aqui de novo. Triste. Aí, agora, tem um trocadilho no qual não consigo parar de pensar, mas que está em diversas revistas que tentam ser engraçadinhas, em nicks de msn e etc de chineses e estrangeiros que vivem aqui. É o happy 牛 year!

O símbolo entre as palavras happy e year lê-se como "niu", bem pertinho da pronúncia de "new" no inglês. A expressão happy new year, como todos sabem, significa feliz ano novo. O ano novo, como todos sabem, ainda não chegou aqui na China, só chegará dia 26. O que talvez nem todos saibam é que niu quer dizer boi, vaca. E o próximo ano será o ano do boi (apesar de eu adorar a expressão Ano da Vaca, uma vez que moro na Niu Jie, que é a Rua da Vaca).

Em resumo, voltando ao trocadilho, o Happy 牛 Year é um fofo trocadilho sino-inglês (ou seria anglo-mandarinico?Ugh) que deseja não só um feliz ano novo, mas um feliz ano da vaca nova. Quer dizer, um feliz ano novo da vaca. Ou do boi.

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Esse não é trocadilho, só uma curiosidade a respeito das gírias. E que tem tudo a ver com vaca!

No Brasil, quando algo é super supimpa, como um jogo de futebol na TV, um chope bem tirado ou um texto, ou o que quer que seja, isso é classificado como "do caralh*".

Pois aqui, algo "do caralh*" é algo "bucet* de vaca". Algum estrangeiro que fala super bem o mandarim, fala um chines bucet* de vaca, o show é bucet* de vaca, e assim por diante. Pra quem quer saber como se escreve, aí vão os caracteres: 牛逼, e a gente lê niu bi!

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Ah, a imagem que ilustra este post foi tirada daqui.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quem bate?

13h, hora do banho, já que trabalho às 14h30min. Estava saindo do box, fiquei sem luz. Quem leu há poucos dias o blog, lembra que não pude voltar pra casa porque meu prédio estava sem energia, sem elevador, eu sem energia para subir 19 andares.

Lembrando disso, bateu certo panicozinho e alguém bate à campainha. Melhor atender, né? Vai ver é um moço que vai me explicar o que está acontecendo e resolver o problema.

Ainda perguntei:

- 谁啊?- Ou, Shei a? (uma expressão que significa "quem é", na qual o "a" final está ali por puro cacoete linguístico comum aos moradores de Beijing).

O moço do lado de fora respondeu muitas coisas que totalmente escapam à minha compreensão, mas entendi o 公司 (gongsi) do final, ou seja, companhia, empresa. Abri a porta, deixei entrar, não entendi xongas, liguei pra dona da casa, também chinesa, com quem pouco me comunico e deixei os dois conversando. Ela explicou alguma coisa que eu não entendi e então, fiquei olhando pro moço, que não ia embora.

Talvez nesta altura seja conveniente eu explicar que como eu havia recém saído do banho, eu estava vestindo uma camiseta e tinha uma toalha enrolada à cintura (sim, eu faço coisas ridículas na China que no Brasil não faria nem sob tortura, do tipo, abrir a porta mal vestida. Mas, poxa, imagina ter de descer 19 lances de escada... Eu jurava que era urgente).

Bueno, o cara não ia embora. Eu não entendia o que ele queria, a não ser cobrar 4 mil kuais, um montante que dá aí uns R$ 500, numa conversão grosseira e preguiçosa que fiz agora de cabeça. Liguei pro meu escritório, a fim de que alguém servisse de tradutor pra mim. Expliquei a situação pro meu chefe, que falou com o chinês e depois veio falar comigo, ao telefone:

- Jana, eu acho que ele é um ladrão.

- Ah, tá. Que que eu faço com um ladrão dentro da minha casa agora?

Bueno, a coisa era que o cara era de uma empresa de reforma de casas e apartamentos e não iria embora sem receber o dinheiro, grana que a dona ficou devendo pra ele. A dona não iria lá para pagar para o cara, eu precisava sair para trabalhar, o cara não saia da minha casa, meus colegas falavam comigo, com a dona, com o cara, tudo por telefone. Eu de toalha, já nervosa, quase ficando com um certo medo. Pedi pra chamarem a polícia.

A estas alturas, eu já gritava com o cara, num mandarim sofrível. Ele me dizia:

- Daqui não saio, daqui ninguém me tira. A dona vai chegar em cinco minutos.

- Eu não tenho cinco minutos. Eu preciso trocar de roupa. Você pode esperar ali fora, não pode esperar dentro do apartamento - eu respondia.

- 不明白 - ou, bu mingbai, que é não entendi, insistia.

E eu replicava que ele entendia, sim. E voltava a dizer:

- 我没有五分钟。 我想换衣服。 你可以等外边。 不可以等房子里边 - que é justamente "Eu não tenho cinco minutos. Eu preciso trocar de roupa. Você pode esperar ali fora, não pode esperar dentro do apartamento", ou "Wo meiyou wu fenzhong. Wo xiang huan yifu. Ni keyi deng waibian. Bu keyi deng fangzi libian". Sacou o mandarim?

Isso já era aos gritos, eu meio que empurrando a criatura e segurando a toalha já que, totalmente exasperada, a última coisa que eu poderia fazer naquele momento era jogar a toalha.

Passados uns 40 minutos, com a promessa de que a polícia subiria ao meu apartamento (a gente tem uma base da polícia dentro do nosso condomínio, exatamente em frente ao nosso prédio), alguém ligou para o chinês maluco, suposto ladrão, e ele foi embora.

Troquei de roupa, bateu a polícia. Minha explicação foi maluca, eu não sabia dizer tudo isso em chinês, liguei de novo pro meu chefe, que explicou o que tinha ocorrido, agradeceu a gentileza dos policiais e eu desci com os dois moços. Eles me ofereceram um cigarrinho, prontamente recusado, e eu fiquei contando que era brasileira, morava há um ano e meio em Beijing, era jornalista e não tinha tempo de estudar chinês, em resumo, as únicas coisas que sei dizer.

A dona é uma caloteira, eu agora não abro mais porta para estranhos e ainda fico me perguntando por que minhas semanas não podem passar sem uma emoção doméstica.

奥巴马入主白宫


Os sete caracteres aí de cima devem ser lidos assim: Aobama ruzhu BaiGong. Pra quem precisa de tradução, aqui vai: Obama dono da Casa Branca.

Nesta terça-feira, o afrodescendente se tornou o 44°presidente norte-americano, mas isso todo o mundo já sabe, tamanha a repercussão da posse em Wanshington. Só no local, segundo li em jornais por aí, havia 2 milhões de pessoas enfrentando o frio para ver o moço de perto.

Em Beijing, a Obama Mania garantiu faturamente extra a bares que nem sempre estão lá muito lotados durante a semana. O Saddle Cantina, por exemplo, apostou numa comemoração para a posse, com telões ligados a todo o volume e o resultado foi uma casa abarrotada. Estive lá por dois minutos e decidimos ir ao Lugas Villa, logo atrás do Saddle, ambos no bairro boêmio de Beijing, Sanlitun.

Ali três telões estavam ligados à transmissão da BBC, cujo som estava conectado ao sistema da casa. Volume máximo, outra casa cheia (mas não lotada) e silêncio total durante o discurso de Obama. Na plateia, chineses, norteamericanos, canadenses, indianos, franceses, portugueses, brasileiros e mais um monte que eu talvez soubesse, caso perguntasse prum público estimado - por mim, claro - numas cem pessoas.

Bush foi vaiado, Obama ovacionado, mas a sensação que ficou do discurso foi de uma fala morna, que não teria o impacto daquele de Lula em 2003, quando o petista tomou posse no Congresso Nacional. Pelo menos assim lembravam os brasileiros presentes.

Eu discordo. Pelo menos uma frase está nos discursos dos dois eleitos: A Esperança Venceu o Medo. Frase de efeito? Sim, mas é ela que simboliza a mudança, que marca a escolha pelo diferente - o caso do petista no Brasil, do afrodescendente nos Estados Unidos. Na verdade, interessa muito mais o que Obama fará na Casa Branca (já que é o dono do local, segundo o termo cunhado pelos chineses) do que a fala diante da família Bush, dos seus seguidores e de seus opositores. Ali, ele tinha de ser elegante, polido, burocrático, sim, e inteligente o suficiente pra apontar caminhos.

Neste sentido, acho que ele tocou em temas que precisava. A crise por que passam os Estados Unidos agora é comparada à de 1929, então não estamos brincando de eleger um presidente negro para mudarmos a cara do poder estadunidense. Estamos realmente diante de desafios que exigirão dele maturidade e competência. Uma palavra em todo o discurso me tocou, curiosidade. É desse valor, disse Obama, que os norte-americanos precisam para enfrentar os desafios e chegarem ao sucesso. Curiosidade aliada a trabalho duro e honestidade, coragem e justiça, tolerância, lealdade e patriotismo.

Pra mim, é mais do que bonito falar em curiosidade. E, sim, tolerância ao lado da curiosidade, como usou Obama no discurso, é tudo o que faria do mundo um lugar melhor, na minha visão. Barulho ele já começou a fazer. Poucas horas depois de ser efetivamente o presidente, ele já pediu que os processos conduzidos ante comissões militares da Base de Naval de Guantánamo fossem suspensos por seis meses. Seriam 21 casos, um dos quais envolve cinco homens acusados de tramar os ataques de setembro de 2001 - momento emblemático do governo de Bush filho, em que a guerra ao terrorismo passou a ser a desculpa oficial para ocupações em outros países e aperto nas regras relativas a estrangeiros no país.

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A imagem deste post é uma reprodução do site especial que a CCTV, a televisão estatal chinesa, fez sobre a posse do Obama, que às vezes vem acompanhado só do Barack, às vezes do H. e, como ele usou na hora do juramento antes da posse, do Hussein que traz no nome.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A maternidade, a paternidade e o signo chinës


Hoje recebi a notícia do nascimento da Maria Júlia, a filha do Guisba e da Beta. Mais uma bebê ratinha, segundo o horóscopo chinês. De acordo com pesquisas que fiz agora, os nascidos sob o signo do Rato são sentimentais e muito apegados à família, além de serem superadaptáveis, o que os ajuda a serem bem sucedidos em todos os empreendimentos. Fofo!

Neste ano, ano e meio em que estou aqui na China, a quantidade de bebês dos meus amigos é algo impressionante. Vieram ao mundo Luíza, Valentina, João, Cecília e agora a Maria Júlia. Todos ratinhos e ratinhas.

A Cecília e a Maria Júlia são daquela porção de gente que tem de fazer as contas pra saber a qual signo chinês pertencem. O ano novo que eu comemorarei agora no dia 26 de janeiro muda a cada ano, pois segue o calendário lunar. Assim, nascidos entre o final de janeiro e o início de fevereiro têm de ficar de olho naquelas tabelas que aparecem na internet, dizendo que tal ano é ano do boi (como o caso de 2009), da serpente, do dragão. Na verdade, não é bem assim, a mudança vai demorar um pouquinho mais pra ocorrer, nunca será no dia 31 de dezembro.

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Pois dia destes um amigo perguntou se eu tinha vontade de ser mãe. Com esta profusão de bebês à minha volta, digo que ainda meu instinto materno não aflorou. No entanto, faço algumas descobertas com minhas amigas e amigos pais e mães - a maioria de primeira viagem. Algumas são um tanto óbvias, como os medos em relação a cuidar do filho (e que, apesar de óbvia, ainda assim é desesperador e encantador que só).

Mas num meio em que as crianças não fazem parte, exatamente o meu aqui em Beijing, às vezes percebo o quão legal é ter pequerruchos em volta vez que outra - até pra me preparar para tê-los de uma vez por todas, full time (aff :p).

Domingo veio a Maria, quatro anos, tomar chá da tarde lá na minha casa e da Paula. Tudo bem, a moça foi com a mãe, mas foi ela quem ajudou a explicar o endereço pro taxista e, não contente, ainda queria fazer o doce que a Simoni tinha prometido preparar. Em determinado momento, quando não havia nada pra ser feito, a não ser lavar os morangos, a Simoni foi categórica com a Maria:

- Filha, fica olhando bem concentrada pra panela. Se não olhar, o doce vai estragar - falou, ao se referir à panela onde estava o pó de chocolate misturado ao leite condensado, ainda sem ir ao fogo.

Pronto, eu, Paula e Tarsila caímos na risada e a Maria se sentiu muito importante em fazer parte de um momento tão crucial para a feitura do doce, enquanto a Simoni tinha tempo pra lavar e cortar os morangos sem se preocupar com as estrepolias da filhota. Sério, tem coisas que só a maternidade ensina. Falar com crianças é uma delas.

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Falar em falar com crianças, Beijing não é tão desprovida assim de bebês, mesmo que no meu círculo. Por aqui está grávida a Mariana, uma das minhas melhores amigas, grávida do primeiro filho, muito provavelmente o único. Se quiser ter dois, vai ter de pagar, e não é pouco, uma taxa para o governo até que o bebê se transforme num pseudo-adulto de 18 anos.

Desde os fins de 1970 a China exige o filho único, salvo pagando, ou em casos em que as crianças nascem com necessidades especiais, casos em que o filho mais velho pode vir a ser salvo por um irmão mais novo (transplantes de medula ou não sei mais que outras doenças), casos de famílias rurais cujo primeiro filho seja primeira filha, casos de descendentes de minorias étnicas, casos em que um dos cônjuges seja estrangeiro e casos de famílias cujos cônjuges sejam AMBOS filhos únicos.

Esta política foi implantada aqui porque o país cresceu muito. Em 1949, tinha 542 milhões de pessoas, população que saltou para 963 milhões em 1978 (o ano da implantação da política de filho único). O salto foi muito em decorrência de políticas da época, que estimulava o crescimento das famílias. Hoje, graças ao freio, são 1,32 bilhão de chineses no país, segundo os dados oficiais.

Mas agora, dois problemas: a geração de filhos únicos está chegando à fase de ter filhos (eles nasceram em 78, a conta é fácil, 30, 31 anos) e agora podem ter famílias com dois rebentos. Em razão disso, Shanghai, em 2007 já teve crescimento populacional após 15 anos de ou queda ou estagnação na taxa.

O outro problema é que as famílias estão acumulando dinheiro, ficando ricas, classe média alta, enfim, com poupança que pode, em termos práticos, resultar no direito de criar mais um filho, mesmo que pagando impostos. Pesquisa divulgada semana passada mostra que atualmente 70,7% das mulheres chinesas em idade fértil querem o segundo filho, um número 7,6 pontos percentuais maior do que o de 2001.

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No terremoto de Sichuan, em 12 de maio do ano passado, morreram mais de 10 mil crianças. O governo lançou uma política especial para a região que permite às mães terem o segundo filho, caso o primeiro tenha sido vítima da tragédia. Casais de viúvos do terremoto, por assim dizer, que já tenham filhos da união anterior, mas que casem novamente também podem tentar um filho do novo casal, desde que a soma dos filhos anteriores não ultrapasse dois. Ou seja, se cada um trouxer um filho do casamento anterior.

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Tanta matemática em relação às famílias deixa a coisa toda um tanto sem emoção, não? Como falei tanto de mãe, mas não falei de pais, deixo um texto do Tião, pai do João, pra vocês. Vocês vão clicar no link, depois procurar o post do dia 23 de novembro, combinado?

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A foto é minha e da princesinha Luíza, a filhota da Gisselle e do Vini, que eu conheci neste ano em Curumim.

Interatores

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Queijo da Serra com Guacamole


Morar fora, em geral, significa fazer amigos estrangeiros. Mais ou menos porque as pessoas do lugar já tem seus amigos e suas vidas e as pessoas de fora estao sozinhas, loucas por companhia. O resultado é que voce acaba por formar uma família multicultural, um grupo de gente que se torna unido e começa a planejar de passeios a jantares juntos, um grupo que se torna meio inseperável. Bem, pelo menos esse é o caso em que eu e meus amigos nos encaixamos.

A turminha reúne brasileiros, italianos, franceses, egípcios, portugueses, mexicanos, espanhóis e, claro, chineses. É, acho que estas sao as nacionalidades predominantes nos nossos encontros. Desta (con)fusao, uma das maiores delícias sao as trocas culturais. Em termos linguísticos, sempre dá pano pra manga. Em termos culinários, hum, eu que sou meio glutona, sempre fico com culpa depois de experimentar - e exagerar no consumo - delícias estrangeiras.

O queijo Serra da Estrela, ou só queijo da serra para os íntimos desta iguaria portuguesa, é um dos casos. Desde que conheci o Ricardo Duarte, ele me falava de o quao bom era o tal queijo. Produzido em pequenas propriedades na Serra da Estrela, é resultado da mistura do leite tirado das ovelhas Bordaleira da Serra da Estrela - o segundo maior rebanho portugues (na foto voces veem alguns exemplares) - ao cardo, uma flor típica de Portugal (que também aparece pela Argentina e algumas regioes da África) usada para coagular o queijo, além de sal.

O resultado é um queijo molinho, que vai do branco ao ligeiramente amarelado, numa consistencia amanteigada. A gente come de colher e bota em cima de torradinhas. Delícia. Entre conhecer o Ricardo e conhecer o queijo que o Ricardo nos trouxe, levou uns nove, 10 meses. Mas valeu a pena esperar. Ele nos trouxe um queijo da Casa Matias.

Agora, nem tudo o que é bom vem sozinho. A Alma, nossa mexicana fofa, fez um guacamole que vou te contar. Eu já tinha comido na rua, mas assim, em casa, nunca. O pure de abacate salgado é companhia perfeita pros nachos. E o Ricardo ficou reclamando que se comia a fruta com sal, nao com açucar. Pois a mistura ao doce é comum em Portugal e no Brasil, mas impensável no México. Pra quem quer seguir a receita, anota aí.

- Abacates maduros
- Cebola média cortada em pedacinhos minúsculos
- Um dente de algo super picado
- Salsinha picada
- Pimentas verdes
- Suco de limao
- Sal a gosto

Mistura tudo numa tigela, amassa, amassa, amassa e depois sirva com nachos. No México, me contou a Alma, algumas vezes ainda se bota tomate verde. Em receitas que vi em sites brasileiros, havia o tomate vermelho mesmo (aliás, já comi assim em outros bares de Beijing). Outras receitas ainda falam em pimenta malagueta e coentro. Bueno, tempere a gosto, mas coma guacamole! E se fores a Portugal, já sabes o que pedir.

A Ásia e o futebol

Mianmar quer um novo técnico de futebol, depois da saída do brasileiro Marcos Antônio Falopa, de 59 anos, que deixou a seleção masculina do país em dezembro após ter fracassado em levar a equipe adiante na Copa Suzuki da Federação de Futebol da Associação das Nações do Sudeste Asiático no ano passado.

Achei interessante, espraiamos conhecimentos futebolísticos pelo mundo, mas eu, ainda que não seja a maior fã do esporte, tão pouco sei sobre o que se passa nos campos aqui da Ásia.

Daí que fui atrás da página da Confederação de Futebol Asiática (AFC, na sigla em inglês). Além da separação por regiões do continente, eles tem três categorias de seleções, as desenvolvidas, as em desenvolvimento e as emergentes. A China está no grupo de elite, assim como o Japão.

Na ponta de baixo, as equipes têm desde 2006 a AFC Challenge Cup, uma competição que reúne os tais times emergentes do continente, um grupo simpático que reúne Tadiquistão, Afeganistão, Nepal, Sri Lanka, Paquistão, Taipei Chinesa, Guam, Filipinas, Butão, Brunei, Quirguistão, Laos, Camboja, Palestina, Macau e, claro, Mianmar - a antiga Birmânia .

Olha, na edição de 2008, o time capitaneado pelo brasileiro Falopa até nem fez feio, chegou em quarto lugar, após perder a disputa pelo terceiro posto para a Coréia do Norte, num jogo que terminou em 4 a 0 (pros coreanos, vocês entenderam, né. Eles, aliás, haviam sido convidados pro evento). A final foi entre Índia e Tadiquistão - o primeiro, time convidado -, e os donos da casa, os indianos, acabaram levando a taça após derrotarem os adversários por 4 a 1.

Em 2010, a Índia voltará a sediar o evento. A ESPN passa o torneio. Eu, se fosse você, já iria me preparando pra conhecer as estrelas dos emergentes times asiáticos.

Guam

Minha ignorância geopolítica mundial me fazia até agora solenemente ignorar a existência de Guam, uma base naval norte-americana da Oceania, na ponta sul das Ilhas Marianas. O posto estratégico parece um pedacinho de paraíso, com o chamorro e o inglês como línguas oficiais.

Como um bando de outras ilhas no Pacífico, por ali aportaram portugueses e espanhóis e é desta segunda cultura que se importaram algumas palavras e a maioria católica da região - fato que os faz comemorarem fiestas e celebrarem nobenas. O único detalhe é que nós brasileiros - e mais um montão de gente de diversas outras nacionalidades - precisa do visto norte-americano pra ingressar lá.

Voltando ao futebol, pelo menos na internet

O site da Confederação de Futebol Asiática tem versões em inglês, árabe, chinês simplificado, chinês tradicional, híndi, japonês, russo, coreano e persa. E o incrível é como muda o visual de cada uma das páginas. Impressionante!

Mas que nada


No último sábado, comemoramos o aniversário da Paula no Yu Gong Yi Shan, casa de espetáculos aqui de Beijing, uma das minhas preferidas pra sair na noite. É ali que quem procura música ao vivo de qualidade deve ir na capital chinesa. Bom, tem o Mao e o 2Kolegas também, mas sobre estes dois bares eu falo outra hora.

As atraçoes vao de gente conhecida por estas bandas - e até de outras, como o caso do AIR -, até gente que está começando por aqui. E o palco é democrático, vai de reggae a música experimental, passa por uma pegada rock n'roll, flerta com funk, se esbalda com blues e cai no samba.

Pois sábado, havia duas bandas, a chinesa Daya Band (大伢乐队) e a Mama Funker, esta última com os vocais e a guitarra do brasileiro Fábio, nascido no Pará, criado em Sao Paulo e expatriado na China - há pouco menos de um ano em Beijing. Foi neste meio tempo que ele deu início ao projeto, que traz a guitarra virtuosa do cubano Hansel, o baixo pesado e melódico de Tim, da ilhas de Dominica, e, pra honrar os donos da casa, os chineses, as baquetas estao sob o comando de Peng Fei.

A mistura multicultural deu um caldo bacana ao suingue brasileiro que nos palcos chineses aposta em funks e souls Tim Maia e Ed Motta, Lenine e até cai num roquezinho fofo do Capital Inicial, com os versos de Primeiros Erros. Pasmem, ou, pelo menos, eu pasmei: a estrangeirada, que na grande maioria nao entende lhufas do que está sendo cantado no palco, embala que é uma beleza e, além de pular e dançar, arrisca umas sílabas dos refroes.

Nem preciso dizer que o aniversário da Paula foi um sucesso, que o show foi um sucesso e que pra quem curtiu e quer mais, a boa notícia é que teremos repeteco. Nos dias 8 e 20 de fevereiro, a Mama Funker tocará no Mao Live (juro, juro que falo desta casa outra hora) e no dia 26 estará de volta ao Yu Gong Yi Shan. Aliás, quer saber mais sobre o YGYS - que é como os íntimos do local grafam o nome -, clica aqui.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Só comigo

2h, alguma coisa abaixo de 0C. Volto pra casa louca pela minha cama, após me fartar com paellas, tortillas espanholas e depois ainda dar uma de olho grande pra cima de quesadilla de pollo mexicana. Cama, cama, cama... Só isso o que eu gostaria de enxergar pela minha frente.

Ops, gostaria de enxergar alguma coisa pela frente. Prédio sem luz, corredor sem luz, caminho até os elevadores - até com um pouquinho de medo, pois é preciso andar prédio adentro na total penumbra - e tateio os botões. Nada, necas, nem em sonho. Óbvio, estamos sem energia.

Saio pra tentar alguma informação, só vejo uns chineses com lanternas, se dirigindo ao subsolo do prédio. Técnicos eletricistas, me parece óbvio. Ensaio uma conversa, mas não entendo nada. A não ser que não tem luz, mas isso se entenderia em qualquer língua.

Exasperada, nunca imaginei que um dia usuria esta palavra, ligo pra meu amigo que jantava comigo pra que ele me ajudasse na tradução. Tempo de espera para que se reestabeleça a energia: entre uma hora e algum período indeterminado. O chinês me olha curioso: "você mora em qual andar?". Respondo: "Décimo nono". Ele faz cara de quem tem pena de mim.

O meu amigo, acho, também sentiu pena. Convidou pra dormir na casa dele. Assim resolvi meu problema. A luz, pra quem quiser saber, voltou as 10h da manhã seguinte. Eu cheguei em casa às 11h.

No ano retrasado, nunca imaginei que usaria isso tão cedo pra me referir a 2007, já havia ficado fora de casa durante o inverno. Mas, veja bem, até calefação eu tinha, ainda que apenas a do corredor. Tem horas em que reclamamos de barriga cheia.

***

Ah, o décimo nono andar

Há dois meses moro num apartamento supimpa em Beijing. Foi o primeiro que escolhi com a marida Paula, pois os outros dois anteriores foram escolhidos por indicação, acomodação. Este foi todo pensado: perto do trabalho, numa região bonita, decoração decente, recém reformado. Fica no décimo nono andar e tem uma vista para algum canto da cidade que não consigo identificar. Não vejo nenhuma construção conhecida, nada de Cidada Proibida, Praça da Paz Celestial ou prédio da CCTV.

Vivo numa região conhecida como Niu Jie, ou rua da vaca - hmmmmmmmmmmm. Ali se concentra a maior comunidade de chineses muçulmanos de Beijing, o povo huimin. Não se come porco, a maior parte dos restaurantes servem os pratos que se comem em Xinjiang, região autônoma ao leste do país, na fronteira com um monte de países que terminão em quistão, como o Quirguistão e o Cazaquistão. Sinônimo de culinária maravilhosa. Muito tomate, pimentão, massas e batatas no cardápio.

Tudo perfeito. E, cerejinha do bolo, viver no décimo nono andar. A possibilidade de ver a cidade de dia ou de noite me é tão cara que foi este o principal critério de desempate na hora de eu escolher meu quarto - Paula havia me dado o privilégio porque no apartamento antigo, ela havia escolhido. Meu quarto tem janelões pra rua. O décino nono andar me encanta. Só nunca tinha pensado que talvez um dia teria de deixar de dormir em casa por justamente morar tão alto.

Será que tenho de levar lanternas quando for passear à noite? Subir 19 andares no escuro não é exatamente a experiência que quero ter na China.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Resolução de ano-novo: ler


Há pouco tomei uma nova resolução de ano-novo, ler. Tudo bem que ler é um dos exercícios a que mais me dedico, mas desta vez quero ler clássicos chineses e, então, escolhi as quatro principais novelas escritas por aqui pra começar. A categorização é dos próprios chineses. Mãos às obras.

O primeiro livro, Dream of the Red Chamber (sem tradução para o português) foi sugestao da Cacá, reforçada pela Tarsila, pelo Ricardo e pela Mariana. Neste balaio de gente boa aí tem uma descendente de chineses devoradora de livros no Brasil, uma brasileira devoradora de livros que dá aula de português na China, um português devorador de livros que mora na China e uma chinesa devoradora de livros falante de português.

A leitura se transformou em resolução de ano novo porque hoje recebi a escala para o Festival da Primavera que, apesar de ser no inverno, é quando os chineses comemoram a chegada do novo ano, seguindo o calendário lunar chinês. Durante este período, que soma nove dias sem trabalho - sábado, domingo, os cinco dias úteis subsequentes, mais o outro final de semana - o território chinês, com nada desprezíveis 9,5 mil quilômetros quadrados, mais um troco, se transforma num grande corredor turístico. É gente viajando para todos os lados para se reunir aos familiares ou conhecer novos lugares. Resumo da ópera de Pequim: fique em casa a maior quantidade de tempo que puderes. Com temperaturas máximas que não deverão ultrapassar os 0C na próxima semana, é o que eu vou fazer. Como não tenho internet, nem computador, e não posso escrever, qual a resolução? Ler.

Dream of the Red Chamber

O livro também é chamado de Histórias de Uma Pedra, estava me contando a Mariana. Em mandarim, seria Hong Luo Meng (红楼梦). Escrito no meio do século 18, durante a Dinastia Qing, a obra de Cao Xuequin é conhecida pela infinidade personagens. Só na linha de frente, são 30, apoiados por outros 600 personagens secundários. Haja fôlego pra acompanhar a história.

Complexidades à parte, o fato é que o título virou referência, já ganhou versões para o cinema, foi série da televisão estatal chinesa e agora está recebendo nova roupagem pra estrear novamente na telinha.

Eu vou parar de falar dela por aqui, mas você, do outro lado, torça para que eu encontre a versão em inglês numa das livrarias daqui antes do feriado. Começar o ano novo sem cumprir resoluções dá o maior azar, né? Já basta o 1 de janeiro que passou há tempos e no qual já deixei promessas abandonadas. Nada melhor do que vir pra China e ter outra chance de fazer novas resoluções no ano que novamente se inicia. Melhor não desperdiçar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Eu e o português

Paulo:
o que vais fazer no feriado?

Jana Jan:
ficar por aqui. nao gosto de viajar no feriado.

Paulo:
eu entendo.. é a pior época para viajar. cheio de chinocas em todo o lado

Jana Jan:
exato. chinoca la na minha terra, rio grande do sul, significa put*

Paulo:
ahahaha. nao sabia

Jana Jan:
ahan

Paulo:
para nós é chinês, só

Jana Jan:
as diferencas do portugues

Paulo:
isso já nem é português.. é dialecto de rio grande do sul!

Jana Jan:
haha, como pandorga, que significa papagaio. soh se usa no rio grande do sul

Paulo:
nunca tinha ouvido

***
Aliás, um pouco mais sobre pandorga aqui

Pra falar em pandas

Meu amigo, via e-mail:
Oi Jana, tudo bem?
Nossa, os gatos-ursos são bravos!
Lembra do nosso passeio no zoológico? Delícia!

Eu, em resposta:
Óbvio que eu lembro no passeio no zôo.
Tenho ate foto com gorro de panda e tu com um chimpanzé.

***
Ele tem 39. Eu, 31.

***
Aqui, aliás, eu falo sobre pandinhas

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009

2008 foi e, pelo que tenho lido em vários lugares, ou mesmo ouvido em conversas entre amigos, é que já foi tarde, demorou para acabar e etc. Acho que tem um quê de crise econômica, percalços com escândalos políticos e outros motivos de fórum mais privado por aí. Eu, no entanto, não estou na turma do "ainda bem que acabou". Quer dizer, é legal que venha 2009, mas 2008 foi bem bacana.

Falo por mim, claro, mas vamos lá. Foi o ano em que recebi visitas na China, fui pra Tailândia com meus irmão, conheci o Vietnã com a Paula, visitei as Filipinas, li muito, me apaixonei ainda mais pela China, beijei pouca gente, mas me diverti. Fiz novos amigos, voltei de férias pro Brasil em dezembro e, de quebra, tive uma cobertura de Olimpíada no meio disso tudo.

Pode ter sido apenas no âmbito pessoal, mas eu repetiria 2008 de A a Z. Agora, como eu disse, é legal que venha 2009. Seria a hora de fazer resoluções? Eu tenho a velha companheira de quase todas as mulheres: emagrecer. Estou com 72 quilos. Mais do que na hora de emagrecer, desta vez não é exagero. Mas acho que as resoluções deveriam vir sempre baseadas em experiências boas ou más que tivemos no ano anterior.

Mais ou menos este post é pra dizer assim: mesmo que o ano anterior tenha sido ruim, é por meio das lições que tivemos com ele que iremos melhorar - e viver melhor, que é, pelo que entendo, nosso objetivo maior. Então, vamos lá.

- eu vou emagrecer - porque me sinto muito mais gostosa mais magra. Mãos à obra.
- eu vou aprender chinês - porque muitas e muitas vezes na vida deixei as coisas pela metade, como o aprendizado de japonês. Agora está na hora de fazer alguma coisa de verdade.
- eu vou ler e ler e participar de tudo o que eu puder acerca de jornalismo na internet - porque eu preciso me especializar em alguma coisa, e sou apaixonada por internet. Não posso só saber bem pouco de poucas coisas. Chega!
- eu vou ler muito - cada vez mais tenho vontade de escrever. Só se aprende a escrever lendo. Claro, se você não tem nenhum talento pra escrita, não adianta devorar uma biblioteca, mas eu acho que tenho um certo dom. Sem modéstia.
- eu vou viajar - porque a cada vez que viajei, amei mais ainda.
- eu vou tentar beijar mais - porque é muito legal pra mente e pro corpo.

Se cumprir minhas resoluções, seria uma mulher gostosa, culta, viajada e com sexperience. Se não cumprir, azar. O bom dos inícios de ano é que a gente sempre sonha, sem limites, sem culpa e, no fundo, com uma baita esperança de que vai dar certo!

Desejo a todos - sim, porque o final de um ano e início do outro a gente sempre sente esta vontade incrível de desejar coisas para nossos queridos - muita saúde e paz. E dinheiro suficiente, mas não demais.