quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

奥巴马入主白宫


Os sete caracteres aí de cima devem ser lidos assim: Aobama ruzhu BaiGong. Pra quem precisa de tradução, aqui vai: Obama dono da Casa Branca.

Nesta terça-feira, o afrodescendente se tornou o 44°presidente norte-americano, mas isso todo o mundo já sabe, tamanha a repercussão da posse em Wanshington. Só no local, segundo li em jornais por aí, havia 2 milhões de pessoas enfrentando o frio para ver o moço de perto.

Em Beijing, a Obama Mania garantiu faturamente extra a bares que nem sempre estão lá muito lotados durante a semana. O Saddle Cantina, por exemplo, apostou numa comemoração para a posse, com telões ligados a todo o volume e o resultado foi uma casa abarrotada. Estive lá por dois minutos e decidimos ir ao Lugas Villa, logo atrás do Saddle, ambos no bairro boêmio de Beijing, Sanlitun.

Ali três telões estavam ligados à transmissão da BBC, cujo som estava conectado ao sistema da casa. Volume máximo, outra casa cheia (mas não lotada) e silêncio total durante o discurso de Obama. Na plateia, chineses, norteamericanos, canadenses, indianos, franceses, portugueses, brasileiros e mais um monte que eu talvez soubesse, caso perguntasse prum público estimado - por mim, claro - numas cem pessoas.

Bush foi vaiado, Obama ovacionado, mas a sensação que ficou do discurso foi de uma fala morna, que não teria o impacto daquele de Lula em 2003, quando o petista tomou posse no Congresso Nacional. Pelo menos assim lembravam os brasileiros presentes.

Eu discordo. Pelo menos uma frase está nos discursos dos dois eleitos: A Esperança Venceu o Medo. Frase de efeito? Sim, mas é ela que simboliza a mudança, que marca a escolha pelo diferente - o caso do petista no Brasil, do afrodescendente nos Estados Unidos. Na verdade, interessa muito mais o que Obama fará na Casa Branca (já que é o dono do local, segundo o termo cunhado pelos chineses) do que a fala diante da família Bush, dos seus seguidores e de seus opositores. Ali, ele tinha de ser elegante, polido, burocrático, sim, e inteligente o suficiente pra apontar caminhos.

Neste sentido, acho que ele tocou em temas que precisava. A crise por que passam os Estados Unidos agora é comparada à de 1929, então não estamos brincando de eleger um presidente negro para mudarmos a cara do poder estadunidense. Estamos realmente diante de desafios que exigirão dele maturidade e competência. Uma palavra em todo o discurso me tocou, curiosidade. É desse valor, disse Obama, que os norte-americanos precisam para enfrentar os desafios e chegarem ao sucesso. Curiosidade aliada a trabalho duro e honestidade, coragem e justiça, tolerância, lealdade e patriotismo.

Pra mim, é mais do que bonito falar em curiosidade. E, sim, tolerância ao lado da curiosidade, como usou Obama no discurso, é tudo o que faria do mundo um lugar melhor, na minha visão. Barulho ele já começou a fazer. Poucas horas depois de ser efetivamente o presidente, ele já pediu que os processos conduzidos ante comissões militares da Base de Naval de Guantánamo fossem suspensos por seis meses. Seriam 21 casos, um dos quais envolve cinco homens acusados de tramar os ataques de setembro de 2001 - momento emblemático do governo de Bush filho, em que a guerra ao terrorismo passou a ser a desculpa oficial para ocupações em outros países e aperto nas regras relativas a estrangeiros no país.

***

A imagem deste post é uma reprodução do site especial que a CCTV, a televisão estatal chinesa, fez sobre a posse do Obama, que às vezes vem acompanhado só do Barack, às vezes do H. e, como ele usou na hora do juramento antes da posse, do Hussein que traz no nome.

Nenhum comentário: