Há uma semana
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Um primeiro-ministro internético
Wen Jiabao (温家波), o primeiro-ministro chinês, é conhecido aqui na China pela simpatia e pela maneira afável, bonachona, com que trata os chineses. Hoje ele quis ser moderno também e participou pela primeira vez de uma entrevista online.
Apareceu de tudo, como dúvidas em relação ao salário de um premiê, se ele alguma vez na infância havia almejado chegar ao cargo e até uma pergunta infame perguntando o quanto - e quando - de álcool ele bebe, comparando-o a um dos antecessores, Zhou Enlai (bueno, não sabia que o amigo do Mao tinha fama de bebum, mas vai ver que tem). O episódio do sapato arremessado contra ele em Cambridge no início deste ano também veio à baila.
A preocupação central, no entanto, tem a ver com empregos e crise. Ou a falta de emprego e a necessidade de se ampliar o consumo. Apesar de até agora 15,3% dos 120 milhões de trabalhadores migrantes terem abandonado as cidades para voltar às suas aldeias, no chat quem mais perguntava sobre o tema desemprego eram jovens recém saídos da faculdade e também ainda sem ocupação. Aliás, a quantidade de perguntas de jovens pode indicar que a rede é mesmo popular nesta faixa estária.
A China, como diversos outros países, vê o desemprego afetar prioritariamente duas esferas diferentes da sociedade, os pouco instruídos trabalhadores migrantes (mão de obra barata para pegar no pesado) e os graduados ainda sem experiência profissional.
Wen não foi lá muito otimista. Disse que a crise está longe de acabar e que o caminho para superá-la será árduo. Sobre as decisões do governo acerca da questão e de outras más, ele disse que os cidadãos têm o direito de criticar e expressar suas opiniões.
Zona Política Especial
O fórum para a declaração de Wen acerca das críticas populares parece adequado. A Internet é vista na China como um espaço de construção democrática e de discussões que levam a decisões políticas, inclusive. Inclusão digital...
A coisa é levada tão a sério que o espaço, mesmo controlado por diversos filtros impostos pelo próprio governo chinês, é chamado de Zona Política Especial, uma referência às Zonas Econômicas Especiais, as cidades chinesas que têm status diferentes das demais e que, na prática, detém mais flexibilidade na hora de negociar com o Exterior. O modelo foi implantando no país pela primeira vez há 30 anos, mais ou menos.
Os chineses, que aprenderam que podem criticar, também aprenderam ser irônicos. Quando querem falar de algum tema mais sensível, usam a expressão hexie. Um chiste com o significado "harmonioso" que hexie pode encerrar, se grafado 和谐. É assim que o presidente, Hu Jintao, classifica a sociedade da China, uma sociedade harmoniosa - e é neste caminho que ele busca apoiar suas políticas. Os sensores, ao descobrirem que a harmonia pretensa dos internautas trazia vozes dissonantes àquelas almejadas pelo poder central, começaram a censurar mensagens e sites que continha a expressão. Mas o mandarim permite que um mesmo som tenha outro significado - e, na grande maioria das vezes, isso é escrito com diferentes caracteres. Agora, para marcar temas sensíveis, os internautas usam o mesmo hexie, mas para significar caranguejo do rio: 河蟹.
Aberto a críticas
Wen Jiabao disse estar aberto a críticas, não é mesmo? Um internauta aceitou a provocação do premiê. Há poucos dias na China ele provocou polêmica a ajudar com dinheiro uma criança portadora de leucemia de uma província vizinha a Beijing, Hebei, a garantir vaga e tratamento em um hospital da capital.
Durante o chat, Wen teve de admitir que não basta um primeiro-ministro bom, mas é necessária a constituição de um sistema médico que satisfaça as necessidades da população. A China tem 4 milhões de crianças com leucemia. O tratamento para cada uma é avaliado em quase US$ 15 mil. Wen, aliás, doou US$ 1,46 mil à paciente em questão.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Boa música para o finde
Hoje o blog está com preguiça.
Vamos ficar com Bod Dylan
"You do good all day
And then you do wrong all night
When you're with me
I'm thousand times happier than I could ever say
What does it matter?
Or what price I pray?"
e Madeleine Peyroux.
Duvido que não levante o astral de qualquer um. Eu sugiro estas duas canções para um delicioso café da manhã em casa. Solzinho, boa companhia e a certeza de um dia perfeito.
Vamos ficar com Bod Dylan
"You do good all day
And then you do wrong all night
When you're with me
I'm thousand times happier than I could ever say
What does it matter?
Or what price I pray?"
e Madeleine Peyroux.
Duvido que não levante o astral de qualquer um. Eu sugiro estas duas canções para um delicioso café da manhã em casa. Solzinho, boa companhia e a certeza de um dia perfeito.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
China Daily nos Esteites
O maior jornal chinês em língua inglesa agora tem uma redação nos Estados Unidos. Desde segunda-feira, 23 de fevereiro, o China Daily USA circula nas bancas norte-americanas com uma proposta um tanto ousada, transformar o inverno econômico em primavera, segundo escreveu em carta aos leitores o editor-chefe da publicação, Zhu Ling.
O braço estatal do governo chinês chega com pompa e anuncia que é espaço para os tomadores de decisões e os pensadores independentes. Sem crise. Com tanto jornalão norte-americano pedindo água, o aporte chinês pode ser até alívio para os jornalistas. Entre as propostas, está a apuração dos fatos em cima dos fatos, com repórteres in loco. Certa contradição para uma imprensa - a chinesa - vista com ressalvas. Seria a forma de apuração o pulo do gato? Em tempos de enxugamento de redações, os chineses vão contra a maré.
Mas há mais coisas neste caldo do que só salvar jornalistas aflitos por empregos. Por mais que eleger modelos midiáticos mais modernos - e objetivos, digamos assim - possa ser um truque interessante, o alvo parece outro. O slogan do jornal é claro ao dizer a que ele veio: "Traga o seu negócio para perto da China". Somado a isso, o desejo claro dos chineses de propagandear o seu país por meio de uma visão sem preconceitos ocidentais.
Por enquanto, o China Daily USA circula em todos os estados norte-americanos e no Canadá na edição de segundas-feiras. Já de terça a sexta, a tiragem abrange apenas a cidade de Nova York.
Na China, a publicação em inglês, o único jornal nacional do gênero, tem uma tiragem diária de 260 mil exemplares. No celular, o número de assinantes supera os 150 mil. Segundo o próprio China Daily, 85% dos leitores estão na faixa dos 31 a 55 anos. Gente que consome - e que gera renda pra isso -, saca?
Para o outono de 2010 na Europa, o que a gente pode contar como algo perto de setembro, está previsto o lançamento da edição China Daily Velho Continente.
A iniciativa norte-americana é o primeiro passo concreto de um pacote governamental não anunciado formalmente, mas que vazou em janeiro na imprensa de Hong Kong. O governo planejaria gastar mais de US$ 6,5 bilhões para melhorar a imagem do país no Ocidente. Toda esta grana, voltada às principais mídias estatais chinesas.
Com uma estratégia a ser construída junto a consultores internacionais, o objetivo seria ganhar notoriedade. A Xinhua, agência oficial, por exemplo, ampliaria a presença exterior dos atuais 100 países para 186. Aliás, este mesmo ramal seria o responsável pela criação de um canal de televisão em português, o que até agora não consegui confirmar. Ai, mal de fontes. Para a telinha, um dos modelos a serem seguidos é o da televisão Al Jazeera, do Qatar.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Vai um cinezinho aí?
Primeiro vieram os Oscar, depois os holofotes todos para Slumdog Millionaire, o filme baseado no livro do indiano Vikas Swarup, batizado em 2006 no Brasil como Sua Resposta Vale Um Bilhão - e que agora tem nova edição em português.
Imagino que você saiba do que falo. A história se passa na Índia. Um ex-garoto de rua sofre durante infância e adolescência justamente em razão da condição financeira miserável - o que destrói a família, o leva para o mundo dos pequenos crimes, o deixa em contato com gente grande do crime. De repente, ele se vê prestes a botar a mão numa bolada por acertar respostas de perguntas sobre conhecimento geral em um programa de TV.
Na ficção, os responsáveis pela versão indiana do Show do Milhão (ai, o Sílvio Santos) desconfiam de Jamil Malik (o personagem principal, vivido por Dev Patel). Ele seria ou alguém de muita sorte, ou um gênio, ou um trapaceiro. Melhor mandar prender.
O roteiro eu vou parar de contar, caso alguém ainda não saiba. E se já sabe, menos motivo pra falar disso. Fato é que a história de miséria na Índia, em que há criminalidade, favelas e grandes diferenças entre ricos e pobres e que termina com final feliz, no jogo e no amor, chegará aos cinemas chineses até abril, segundo anunciou o Grupo de Cinema da China, responsável pela importação dos filmes estrangeiros no país.
Passou assim pela minha cabeça se um programa de TV como o que conduz o filme faria sucesso por aqui. Imagino que sim, que muito. Segundo o governo, Slumdog Millionaire irá para as telas sem cortes, pois traz uma mensagem positiva, de perseverança. E viva a liberdade! O anúncio oficial diz assim: "A decisão de adquirir os direitos de exibição do filme se deu devido ao valor artístico e ao tema positivo, saudável e inspirador da produção, comprovados pelos oito Oscar que conquistou neste domingo".
No site IMDb, o Internet Movie Database (ou banco de dados de filmes na internet), quem gostar da obra indiana com roteiro e direção ingleses também deve gostar de O Caçador de Pipas e de Cidade de Deus. Basicamente um sessão de "vamos entender como a pobreza funciona em diferentes países".
Pobreza indiana
Para mim, que pouco entendo do riscado, os planos e as sequências na favela indiana muito lembram Cidade de Deus. Como se não bastasse uma galinha aparecendo, destaque para a fala do bandido mirim Salim, irmão de Jamil (que quando criança é interpretado pelo fofo aí abaixo, o Ayush Mahesh Khedekar), que muda de nome quando resolve assumir a pose de chefe do crime.
- Dadinho é o caralho, meu nome é Zé Pequeno, porra - você deve ter lembrado. Ou deveria. Eu lembrei, pelo menos.
Toda a plasticidade sobre a pobreza em amarelo - a brasileira era mais cinza, tinha uma cor ocre só lá no início da Cidade de Deus - explorada pelas lentes e olhares britânicos, no entanto, viaja sem dó no mundo da pieguice de Bollywood ao terminar o filme dum jeito água com açúcar, com uma coreografia de "gosto duvidoso" ilustrando os créditos. Olha, foi de propósito, né? Tanto o final meloso quanto a dancinha, eu digo. Era uma ironia acerca de quão pobre um filme pode terminar, se esta for a intenção. Eu sinceramente espero que sim. Não vi nenhuma conexão entre o final e o resto.
Estrangeiros na China
Desde a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), 20 filmes estrangeiros podem ser exibidos nos cinemas do país, desde que haja divisão de lucros. Antes, eram 10 títulos.
A restrição, somada às pesadas taxas impostas às distribuídoras, faz que somente filmes muito atraentes aos espectadores chineses venham parar nas telas. Perder dinheiro por aqui é que não dá.
Para além de 20
Claro que um DVDzinho sempre rola. Eu já comprei meu Slumdog, assim como uma lista gigante de indicados e vencedores do Oscar por cerca de R$ 4, cada. Tenho restrições a esta prática, mas tem horas que me sinto tão feliz atualizada. Aliás, se alguém ainda não se atualizou, aqui vai o trailer do filme.
Constatação. Mesmo que seja para menos gente, a magia do cinema ainda está lá. Ver um filme na tela grande é outra história. O preço do ingresso aqui em Beijing varia entre algo em torno de R$ 10 e R$ 35, dependendo do cinema e também da classe da sala. Tem umas tais de salas VIP a que nunca fui. O truque é pegar o cineminha esperto às terças, quando todos os estabelecimentos da capital oferecem 50% de desconto. Adoro esta ideia!
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Comer, beber, ler
A Bookworm é o que mais se aproxima de uma Livraria Cultura aqui na China, com sede em Beijing e filiais em Chengdu e Suzhou. Você come, bebe, vê gente interessante e tem acesso a livros que nem o governo permitiria. Em inglês - ou caso você seja um associado, na língua em que você encomendar sua obra preferida. Associados, aliás, podem pegar emprestados os títulos do acervo da biblioteca.
Este universo literário-gastronômico-etílico está aberto diariamente das 9h à 1h e eu só fui conhecer na semana passada. Sorte ou azar, ainda não sei. Certo é que posso gastar lá muitos e muitos kuais, como é chamado o dinheiro chinês na gíria, tipo mango, pau, pila. Pensando assim, sorte que poupei um monte de grana.
Sorte que fui a tempo até a Bookworm - que significa traça, mas, na gíria, designa devoradores de livro. Quer dizer, na prática também, anyway. O a tempo eu já explico. É que de 6 a 20 de março o local vai celebrar o Festival Literário, evento que trará à China escritores libaneses, norte-americanos, jornalistas, poetas, chineses, outros estrangeiros, uma porção de gente bacana. A programação é tão extensa que pretendo ir falando sobre ela aos poucos.
Agora, se você for curioso, pode clicar aqui para estudar por si próprio e decidir se terás ciúmes de mim nestes dias. Eu teria. Seria o maior azar se não tivesse pintado pela livraria na hora certa.
Aliás, o que nos ensina a Bookworm:
"Não há amor mais honesto do que o pela comida", Bernard Shaw
"Vinho é a coisa mais civilizada do mundo", Ernest Hemingway
"Ler para viver", Gustave Flaubert
**
Apesar de os autores aí acima serem bem conhecidos do público ocidental, é a quantidade de gente destas bandas daqui ou que fala sobre a China e arredores o que mais me prendeu à livraria. Eu estou lendo agora, por exemplo, Socialism is Great, da chinesa Lijia Zhang. A história é sobre ela mesma, como deixou um trabalho em uma fábrica de foguetes em Nanjing para se tornar jornalita. Eu ainda estou no início, mais eu conto depois, prometo também. Lançado em 2008, não creio que haja versão em português.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
BRIC
A coisa é mesmo russa quando uma brasileira se interessa por indiano na China. E ele não quer nada com ela.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Um restaurante
Dali Courtyard 北京 (caracteres que significam Beijing) é um dos melhores restaurantes a que já fui na capital chinesa. Por menos de R$ 40, incluindo uma bebida, você faz um passeio gastronômico pelo sudoeste do país, mais precisamente à província de Yunnan, que faz fronteira com o Vietnã. Dali é o nome de uma cidade da região.
O restaurante fica no hutong Xiaojingchang, na região de Gulou, próximo a Nanluoguxiang, uma das ruas de bares e restaurantes mais cool da cidade. Ficar dentro do hutong, as antigas vilas da capital, neste caso, significa ser construído numa casa que preserva o mesmo design daquelas construídas séculos atrás, conhecidas em chinês como siheyuan (四合院) - nome que se refere aos quatro pontos cardeias, leste, sul, norte, oeste. Em termos bem simples, é uma caixa com um jardim no meio. E mais explicações ficam para outro post, porque agora nós vamos falar de comida.
Dali tem mais de 4 mil anos de história e reúne 25 minorias étnicas da China, entre as quais a Bai é a maioria, representando 65% da população. Hoje, a cidade é paraíso de hippies mochileiros, um tanto pela natureza, outro tanto pelo astral, que dizem ser ótimos. Eu nunca fui. Ainda!
Fato é que a comida de lá é maravilhosa. Ou a comida de lá servida em Beijing. Se você pensa em uma comida chinesa muito saudável, certamente irá procurar pelos sabores de Yunnan.
O restaurante a que fomos tem uma regra especial. Você não escolhe os pratos, apenas informa aos garços se tem alguma restrição alimentar. Não tendo, prepare-se para uma um banquete de delícias. Ontem começamos com uma salada de tofu em lascas, numa espécie de talharim, temperado com vinagre e hortelã. Tivemos ainda carne de gado, macarrão de arroz frio temperado com pimentas vermelhas e... um camarão a vapor temperado com folhas de limoeiro que vou te contar. Come-se de joelhos.
O mais legal do restaurante é ir no verão, quando a gente senta ao ar livre. O único truque é ligar para reservar, sob pena de você chegar e bater com a cara na porta. Se estiveres em Beijing, aqui está o site. Pegue o telefone e vá com fome, muita fome. Ah, para beber, a cerveja Dali é a pedida.
O restaurante fica no hutong Xiaojingchang, na região de Gulou, próximo a Nanluoguxiang, uma das ruas de bares e restaurantes mais cool da cidade. Ficar dentro do hutong, as antigas vilas da capital, neste caso, significa ser construído numa casa que preserva o mesmo design daquelas construídas séculos atrás, conhecidas em chinês como siheyuan (四合院) - nome que se refere aos quatro pontos cardeias, leste, sul, norte, oeste. Em termos bem simples, é uma caixa com um jardim no meio. E mais explicações ficam para outro post, porque agora nós vamos falar de comida.
Dali tem mais de 4 mil anos de história e reúne 25 minorias étnicas da China, entre as quais a Bai é a maioria, representando 65% da população. Hoje, a cidade é paraíso de hippies mochileiros, um tanto pela natureza, outro tanto pelo astral, que dizem ser ótimos. Eu nunca fui. Ainda!
Fato é que a comida de lá é maravilhosa. Ou a comida de lá servida em Beijing. Se você pensa em uma comida chinesa muito saudável, certamente irá procurar pelos sabores de Yunnan.
O restaurante a que fomos tem uma regra especial. Você não escolhe os pratos, apenas informa aos garços se tem alguma restrição alimentar. Não tendo, prepare-se para uma um banquete de delícias. Ontem começamos com uma salada de tofu em lascas, numa espécie de talharim, temperado com vinagre e hortelã. Tivemos ainda carne de gado, macarrão de arroz frio temperado com pimentas vermelhas e... um camarão a vapor temperado com folhas de limoeiro que vou te contar. Come-se de joelhos.
O mais legal do restaurante é ir no verão, quando a gente senta ao ar livre. O único truque é ligar para reservar, sob pena de você chegar e bater com a cara na porta. Se estiveres em Beijing, aqui está o site. Pegue o telefone e vá com fome, muita fome. Ah, para beber, a cerveja Dali é a pedida.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Como ficar totalmente desapontada
Um cara que voce acha que está a fim de você conta que mora com a namorada. E você sente que seu feeling falhou, o que é quase pior do que a rejeição...
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
12 anos da morte de Deng Xiaoping
19 de fevereiro é a data da morte de Deng Xiaoping (邓小平), que, pra quem não sabe, foi o responsável por implementar a política de reforma e abertura da China. Hoje, no 12º aniversário de morte,flores foram levadas ao túmulo do ex-presidente, na cidade de Guangan, província de Sichuan.
Deng foi o sucessor de Mao no governo. A política que ele conduziu é simplesmente o motivo pelo qual o país deixou de ser uma nação pobre para se transformar na quarta maior economia mundial. Nada mal para 30 anos.
Oficialmente, a política entrou em vigor em 18 de dezembro de 1978, durante a terceira Sessão Plenária do 11º Comitê Central do Partido Comunista da China. Em julho do ano seguinte, o país implementaria quatro zonas econômicas especiais, umas das iniciativas mais visíveis para o exterior de o que a China se propunha no momento: fazer negócios com os demais países. As zonas escolhidas foram as cidades de Shenzhen e Zhuhai, em Guandgong (Cantão), então meras vilas de pescadores, e Shantou e Xiamen, em Fujian, outras duas cidades costeiras.
Em 1997, prestes a comemorar 20 anos da implementação da nova diretriz, a China recebeu da Inglaterra a então colônia Hong Kong, inaugurando um inusitado modelo que muito orgulha os dirigentes chineses, o de um país, dois sistemas. Hong Kong, centro financeiro mundial, manteve sua política capitalista, mesmo sob o manto do governo central de Beijing, que se denomina socialista, com características chinesas.
Tais características garantiram a entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, o que, na prática ajudou as commoditties da China a circularem mundo afora. Lembrem, as zonas especiais constituídas lá em 1979 tinham uma razão de ser. Para o país? Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu a invejáveis 9,67%, bem acima da média mundial daquele ano, de 3,3%. O Brasil, para quem não lembra, após uma revisão dos métodos de cálculos feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em honrosos 3,7%.
Nestas últimas três décadas, o ganho anual dos moradores urbanos, numa média per capita, pulou de US$ 46 para US$ 1,611. Nas zonas rurais, este valor era de US$ 18 e hoje passou para US$ 491, segundo números do governo chinês. Aliás, a foto das moças aí abaixo é da década de 1980 e integrou uma exposição sobre os anos subsequentes à adoção da política de Deng realizada em Beijing no ano passado.
Livro
Deng Xiaoping tem todo este papel central nas reformas que garantiram à China o papel que ela ocupa hoje na política e economia global. No entanto, não sei se esta é uma impressão só minha, mas ele me parece um personagem esquecido quando o tema é governo, economia e política chineses.
Em português, um livro de leitura chata (opinão minha, dã), mas interessante, é A China de Deng Xiaoping, escrito por Michael E. Marti. No site da Livraria Cultura, é possível entrar o PDF do primeiro capítulo. Aproveita a palhinha.
Outro que citou o Deng foi o jornalista Daniel Piza, no artigo Ensaio da China, publicado por ocasião da Olimpíada do ano passado. O clique no link é mais do que recomendado.
**
Ah, as fotos que ilustram este post estão no especial sobre os 30 anos da reforma de política e abertura publicado pela agência de notícias Xinhua. Em inglês.
Pintou clima
Beijing teve três dias de neve seguidos, de terça a quinta-feira, tempo suficiente para a paisagem mudar e a gente ficar com o maior jeito de criança pelas ruas, de câmera na mão querendo registrar tudo. Ok, falo por mim, mas é inevitável esta sensação boba que chega junto aos flocos brancos.
Para nevar, sabe você, é necessário a temperatura adequada somada a uma umidade também, veja só, adequada. E, bem, esta última não é exatamente o forte de Beijing. Depois que a neve se foi, agora o índice já está em 29%.
Mas numa cidade em que existe o Centro de Comando de Modificação do Clima, seus problemas praticamente acabaram. São Pedro, ou o equivalente a ele nestas bandas asiáticas, garantiu nuvens e frio por um dia. O Centro não teve dúvidas. Aproveitou a mãozinha e pediu o braço inteiro. Conseguiu ampliar os dias de precipitação graças ao bombardeio de nuvens com cápsulas de iodeto de prata.
O objetivo principal era acabar com a seca. Para se ter uma idéia, Beijing ficou 110 dias sem chuva, até 12 de fevereiro. Foi a maior estiagem em 38 anos. A chuva - ou neve - veio exatamente no dia da Água da Chuva, uma das 24 divisões solares de acordo com o antigo calendário solar-lunar chinês, data em que normalmente chove. São bons estes caras, né?
As fotos que ilustram este post foram tiradas na manhã desta quinta-feira, a caminho do trabalho, à exceção da primeira, tirada à noite, quando voltava pra casa depois de uma bela cervejada.
O Jogo das Nossas Vidas
O poster aí de cima foi lançado na Coréia do Norte em 1966, quando a seleção do país participou da Copa do Mundo, realizada naquele ano na Inglaterra. Os donos da casa, aliás, foram os campeões, na competição que reuniu outras 15 equipes e da qual o Brasil se despediu ainda na primeira fase.
Apesar de ter sido o palco da última atuação oficial conjunta de Pelé e Garrincha, não houve brilhantismo para seguir adiante. Eles foram até marcaram os gols na única vitória do Brasil naquela campanha, quando o time estreou com um 2 a 0 sobre a Bulgária.
Voltemos à Ásia. Até agora, esta foi a única participação da Coréia do Norte no torneio (cujo cartaz você vê ali abaixo) - talvez em 2010 a coisa mude, pois a equipe está em segundo lugar no Grupo 2 das Eliminatórias Asiáticas para a Copa, atrás da vizinha Coréia do Sul. Na competição regional, classificam-se automaticamente os dois primeiros colocados de cada grupo (ainda há mais quatro jogos pela frente, mas quem sabe, né).
A estréia norte-coreana nas Copas ocorreu de forma inusitada. Após um boicote dos países africanos e de uma vitória inesperada sobre a Austrália em território neutro - Mianmar -, os norte-coreanos garantiram a vaga na Inglaterra. Fechados em seu regime, foram recebidos com curiosidade pelos ingleses.
Um feito brilhante - ou apenas golpe de sorte - alçou os moços ao topo. Na primeira fase, eles foram responsáveis por despachar os italianos, ao vencerem a Azurra por um modesto, mas surpreendete 1 a 0. A garra norte-coreana parecia não ter limite. Nas quartas, em 22 minutos de jogo, a equipe abriu uma vantagem de três gols sobre os portugueses, fato no qual ninguém acreditava, nem mesmo o narrador da partida. Os lusos, no entanto, não deixaram barato. Eusébio - que terminou como artilheiro em 1966, com nove gols, e cuja foto está logo ali abaixo - marcou quatro vezes, na partida que terminaria em 5 a 3 para os portugueses. Fim de competição para o único representante da Ásia, que resultou numa volta para casa celebrada como um retorno de heróis. A história é fofa, fofíssima.
Pois Dan Gordon e Nichollas Bonner fizeram um documentário exatamente sobre ela, chamado O Jogo das Suas Vidas (numa tradução totalmente livre que eu fiz para o título original The Game of Their Lives). O documentário vale a pena cada minuto. Não só pela história, pelas imagens de arquivo, mas pelo valor que tem como documento de um país tão fechado em si mesmo que, para ser mostrado, exige mil e uma aprovações, o que a dupla Dan e Nichollas garantiu.
***
Hoje pesquisando na internet, vi que há outro documentário sobre futebol chamado The Game of Their Lives, este falando sobre os norte-americanos na Copa de 1950, aquela mesma entalada na garganta dos brasileiros quando os donos da casa, o Brasil, perderam a final em pleno Maracanã para o Uruguai. Não confunda os dois documentários, pois.
***
O documentário sobre os norte-coreanos, não sei se há como encontrar na internet. Mas, repito, vale cada minuto. Recomendo.
Desespero
Você sabe que está mais ou menos desesperada para encontrar alguém quando a qualidade solteiro faz de praticamente qualquer homem um alvo em potencial.
Ô, vida.
Ô, vida.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
A neve do 19º andar
Ontem voltei pra casa com neve, minha roupa ficou branquinha. Hoje ao acordar, me deparei com este cenário branco, tão raro na Beijing que, na maior parte do tempo, é seca, seca. Para se ter uma idéia, havia mais de 100 dias que não chovia por aqui, período interrompido por um mísero diazinho e uma chuvinha mais ou menos semana passada.
Agora, as condições climáticas garantiram uma nevinha, que, vez ou outra, é tri charmosa, ainda mais se eu pensar que no Brasil eu nunca vejo os floquinhos (aliás, uma das coisas mais engraçadas a se descobrir em relação à neve, é que os flocos são mesmo como os desenhos mostram, ou seja, tem extermidades que se dividem em uma espécie de estrela. E têm uma textura de isopor.
Hoje a humidade relativa do ar está em 86% - um montão, se pensares que há dias em que este índice cai para menos de 20%, a neve é leve e, pelo que vejo na previsão, amanhã continuaremos a ter floquinhos na cabeça.
Ah, ontem à noite, vindo de bike pra casa, descobri que neve nos olhos incoda. Tive de botar meus óculos escuros pra andar. Pedalando e aprendendo.
As duas fotos foram tiradas na hora em que acordei, de dentro do meu quarto, que fica no 19º andar.
Massinhas chinesas
Dia desses fui a um restaurante chamado Loft MianKu (escrito assim em madarim: 面酷), um local onde se comem massas (mian) oriundas da província de Shanxi (山西). A região, famosa pela produção de carvão, também responde pelos mais deliciosos vinagres da China. E vinagre é assunto sério nestas bandas. Vai com a massa, com saladas, com jiaozi - os famosos gyoza, como ficaram popularizados no Brasil.
O restaurante tem um astral muito peculiar. As paredes são pintadas num clima meio grafite. Panelas imensas com água fervendo lembram os restaurantes de lamen (ラーメン) que encontramos às pencas no Japão - pra quem está em São Paulo, a dica é ir ao gracinha Aska, na Liberdade.
Voltando a Beijing, o MianKu se notabiliza pelas massas feitas na hora, o que inclui modelar os pedaços em frente aos clientes. De um pedaço considerável de massa saem deliciosos espaguetes, bastando para isso que o cozinheiro antes se dedique a um intrincado estica e puxa - a expressão notabilizada pela Xuxa, vejam só.
Para quadradinhos, pega-se uma tira e vai-se arrancando nacos quadrados até que todo o pedaço tenha ido parar dentro d'água. Outro show. Tem foto aí abaixo, mas ao vivo é bem melhor. Quem diz isso acho que é o Faustão. Nossa, que fase a minha.
Uma das especialidades da casa é o macarrão de espinafre. Um fio comprido, comprido é cozido junto (sério, as massas ficam menos de dois minutos na água fervente, al dente, al dente!) e depois colocado inteiro no prato. Comprido é tipo uns 2 metros, imagino. Pois no dia do aniversário, o vivente tem de comer o fio de massa de cabo a rabo sem quebrá-lo ou mordê-lo, a fim de garantir que terá uma vida longa e sem percalços. Haja coração! Ai, não, Galvão Bueno só poderia aparecer por aqui pra indicar que esta é a rua onde fica o Aska, no número 466 (e pra quem perdeu o fim da meada, o Aska é o restaurante de lámen em São Paulo).
Bueno, o MianKu tem características chinesas que vão além da feitura das massas e do vinagre como condimento especial. O horário é o de jantar chinês, o que significa que é melhor nem pensar em ir até lá se já tiver passado das 21h30min. O preço segue os padrões chineses e, com duas cervejinhas por pessoa, a refeição custa uma média de 60 kuais, ou em torno de R$ 20.
Aqui abaixo, você vê dois tipos de massa, a de espinafre e um espaguete. Ao lado, estão diferentes molhos que acompanham. Você pode escolher entre sabores como refogado com carne de gado, beringela em conserva, entre outros. A pequenina chaleira - marrom que se vê na foto - traz o vinagre.
Pulinho no Japão
Se pela China as massas de Shanxi fazem sucesso, no Japão são as de Kyushu que têm boa reputação. O nome remete à ilha mais ao sul do arquipélogo, considerando-se as principais do país, que incluem ainda Hokkaido, Honshu e Shikoku.
O lámem de lá é o tonkotsu ramen (os japas escrevem ramen, e em katakana fica assim: ラーメン), massa também al dente cozida num ensopado consistente de porco. Na hora em que o prato é servido, dá-lhe fatias de porco para completar o visual e o sabor.
Quem estiver por Tokyo ou de viagem marcada para lá, é bom guardar o nome Kyushu Jangara Ramen, que em japonês é escrito assim 九州じゃんがらラーメン. Espalhado pelos principais bairros da capital japonesa, como Harajuku e Shibuya, a rede é simplesmente deliciosa - Taihen oishi desu!
Dica: o cardápio vem só em japonês e escolhido o prato, você faz o pedido no caixa e paga antes. Depois fica atento até o cozinheiro chamar.
De volta pra casa
Depois do passeio oriental, observe como terminou a noite no MianKu.
Enquanto os meninos que antes preparavam a massa matavam a fome,
outros davam um jeito de deixar tudo limpo pro dia seguinte.
Achei o maior barato a limpeza. Juro.
O restaurante tem um astral muito peculiar. As paredes são pintadas num clima meio grafite. Panelas imensas com água fervendo lembram os restaurantes de lamen (ラーメン) que encontramos às pencas no Japão - pra quem está em São Paulo, a dica é ir ao gracinha Aska, na Liberdade.
Voltando a Beijing, o MianKu se notabiliza pelas massas feitas na hora, o que inclui modelar os pedaços em frente aos clientes. De um pedaço considerável de massa saem deliciosos espaguetes, bastando para isso que o cozinheiro antes se dedique a um intrincado estica e puxa - a expressão notabilizada pela Xuxa, vejam só.
Para quadradinhos, pega-se uma tira e vai-se arrancando nacos quadrados até que todo o pedaço tenha ido parar dentro d'água. Outro show. Tem foto aí abaixo, mas ao vivo é bem melhor. Quem diz isso acho que é o Faustão. Nossa, que fase a minha.
Uma das especialidades da casa é o macarrão de espinafre. Um fio comprido, comprido é cozido junto (sério, as massas ficam menos de dois minutos na água fervente, al dente, al dente!) e depois colocado inteiro no prato. Comprido é tipo uns 2 metros, imagino. Pois no dia do aniversário, o vivente tem de comer o fio de massa de cabo a rabo sem quebrá-lo ou mordê-lo, a fim de garantir que terá uma vida longa e sem percalços. Haja coração! Ai, não, Galvão Bueno só poderia aparecer por aqui pra indicar que esta é a rua onde fica o Aska, no número 466 (e pra quem perdeu o fim da meada, o Aska é o restaurante de lámen em São Paulo).
Bueno, o MianKu tem características chinesas que vão além da feitura das massas e do vinagre como condimento especial. O horário é o de jantar chinês, o que significa que é melhor nem pensar em ir até lá se já tiver passado das 21h30min. O preço segue os padrões chineses e, com duas cervejinhas por pessoa, a refeição custa uma média de 60 kuais, ou em torno de R$ 20.
Aqui abaixo, você vê dois tipos de massa, a de espinafre e um espaguete. Ao lado, estão diferentes molhos que acompanham. Você pode escolher entre sabores como refogado com carne de gado, beringela em conserva, entre outros. A pequenina chaleira - marrom que se vê na foto - traz o vinagre.
Pulinho no Japão
Se pela China as massas de Shanxi fazem sucesso, no Japão são as de Kyushu que têm boa reputação. O nome remete à ilha mais ao sul do arquipélogo, considerando-se as principais do país, que incluem ainda Hokkaido, Honshu e Shikoku.
O lámem de lá é o tonkotsu ramen (os japas escrevem ramen, e em katakana fica assim: ラーメン), massa também al dente cozida num ensopado consistente de porco. Na hora em que o prato é servido, dá-lhe fatias de porco para completar o visual e o sabor.
Quem estiver por Tokyo ou de viagem marcada para lá, é bom guardar o nome Kyushu Jangara Ramen, que em japonês é escrito assim 九州じゃんがらラーメン. Espalhado pelos principais bairros da capital japonesa, como Harajuku e Shibuya, a rede é simplesmente deliciosa - Taihen oishi desu!
Dica: o cardápio vem só em japonês e escolhido o prato, você faz o pedido no caixa e paga antes. Depois fica atento até o cozinheiro chamar.
De volta pra casa
Depois do passeio oriental, observe como terminou a noite no MianKu.
Enquanto os meninos que antes preparavam a massa matavam a fome,
outros davam um jeito de deixar tudo limpo pro dia seguinte.
Achei o maior barato a limpeza. Juro.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
No mundo da lua
Quer um passeio rápido, fácil e barato de fazer em Beijing e ainda superinteressante, vá ao Antigo Observatório da Cidade, o Guguanxiangtai, ou 古观象台.
Pra chegar, basta pegar o metrô linha 2 até a estação Jianguomen, sair pela saída C e você vai dar de cara com a construção que se transformou no primeiro museu da república chinesa. São peças da astronomia antiga, algumas das quais datam dos idos - e que idos! - de 1400 e tantos, num mix de sabedoria astronômica chinesa com os conhecimentos trazidos pelos jesuítas já nos séculos 17 e 18.
Um dos instrumentos menina dos olhos é a Esfera Armilar (foto abaixo), criado pelos chineses e que teve papel fundamental durante as navegações, pois como mostra as coordenadas celestiais, servia para que os navegadores soubessem de sua posição aproximada em relação aos astros. É praticamente um bisavô dos telescópios, que, a partir de anéis articulados nos pólos, traz representações do equador, dos meridianos e dos paralelos, por exemplo.
Esta tal esfera armilar é tão importante para as expedições que virou símbolo do português Dom Manuel I - o rei português durante cujo reinado foi descoberto o caminho marítimo para as Índias e o valoroso Brasil, terra em que se plantando tudo dá. Aliás, até hoje a esfera compõe o brasão de armas de Portugal, que está na bandeira do país. Ela também já tremulou no pavilhão do Brasil Império, simbolizando as conquistas e a influência lusa em todo o mundo.
Outros dois ângulos da esfera:
Mas deixemos tanto papo familiar para voltarmos à China.
O observatório foi aberto em 1442, durante a dinastia Ming (1368-1644), na mesma época da inauguração da Cidade Proibida, quando a capital foi transferida para Beijing. À época, ficava colado a um dos muros de proteção da cidade - hoje, com a expansão da capital, a localização é supercentral.
Além da esfera armilar, feita em 1436, foi instalado uma esfera simplificada, que tinha as mesmas atribuições da primeira, mas era constituída de um mecanismo mais simples. Esta, foi desenvolvida em 1439 e você pode ver ali na foto abaixo. Além disso, havia um globo terreste e um relógio de água - para contar as horas e os dias do mês, construído quatro anos depois.
Em 1900, quando o local já estava bem mais preparado, Beijing foi invadida por tropas de oito países diferentes. França e Alemanha ocuparam o observatório. Os franceses confiscaram vários dos objetos - que misturavam o barroco à ciência astronômica chinesa - até a embaixada, devolvendo-os um ano depois. Já os alemães levariam cinco dos objetos para "casa", só os devolvendo em 1921, finda a I Grande Guerra Mundial.
O observatório funcionou ininterruptamente até 1929, quando foram criadas unidades em Shanghai e na Montanha Púrpura. Depois de instituída a República Popular da China, em 1949, o local passou a ser o braço histórico do Planetário de Beijing, só reaberto ao público em 1983.
Abaixo, outra esfera, com os detalhes que poderiam ser barrocos, mas com características mais do que chinesas.
Bichos
Os animais, na astronomia chinesa antiga, representam os quatro pontos cardeias e dividem as posições das estrelas, como mostra este esquema na foto acima. Pra se coordenar, lá vão as explicações:
- Dragão Azul: Leste
- Pássaro Vermelho: Sul
- Tigre Branco: Oeste
- Tartaruga Preta: Norte
Tudo bem que o desenho está em preto e branco, mas vocês podem imaginar o azul, o vermelho e o branco do dragão, do pássaro e do tigre, né!
**
Eu disse que o passeio era barato. Pra terminar este post gigante, a informação. O ingresso pra visitar o observatório custa 10 yuans, ou algo em torno de R$ 3 e R$ 4.
Figuras chinesas
Morar na China é viver eufemismos.
Bem, chegar aqui significa conhecer e incorporar uma gama incrível de novas habilidades, da gastronomia ao andar de bicicleta em meio a este trânsito maluco. Fora as questões práticas do dia a dia, talvez seja importante prestar atenção no quanto os eufemismos permeiam a sociedade. Eles podem ser a chave para uma vida tranquila por aqui. Pensando bem, eu classificaria o tema como outra das questões práticas do dia a dia.
Incorporar os eufemismos e conviver com eles pode ter dois impactos fortes: você pode se tornar cínico ou adotar uma postura um tanto quanto hipócrita em relação a tudo que o cerca. Entendê-los como fundamentos de uma sociedade que não é a minha me parece o melhor caminho. Sem meias palavras e sigo em frente, me resignando quando não tenho outra escolha.
No último sábado, fui com a Cláudia Trevisan ao distrito de arte 798, um antigo chão de fábrica da época de Mao que hoje abriga de galerias a restaurantes - e recebe democraticamente artistas de rua com violãozinho e voz chata e estridente na calçada, além de ambulantes.
O local, no qual a arte contemporânea começou a aparecer entre 2002 e 2003, já recebeu mais turistas do que a Cidade Proibida em 2007. Lá nos deparamos com a exposição Solution Scheme, ou um esquema para a solução, série de fotos em que a prostituta Yu Na é dirigida pelo fotógrafo Xu Yong, que ganhou fama na China ainda na década de 1990 ao fotografar hutongs, o emaranhado de casas e ruelas que abrigavam os altos funcionários de governo nas dinastias Qing e Ming em Beijing e que hoje servem de moradia para gente de classe mais baixa, especialmente.
Mas voltemos à Solution Scheme e aos eufemismos. As fotos trazem Yu Na nua, no comando das cenas, em que vários homens atuam como coadjuvantes. É ela quem tem o disparador na mão (claramente presente nas imagens) e escolhe o momento exato do clique. Na descrição em inglês, entendemos que se trata de uma prostituta dirigida por um artista. Na versão em chinês, ela é apresentada como uma acompanhante (getingzuotaixiaojie, ou 歌厅坐台小姐) - garota que trabalha em bares, boates e casas de karaoke, mas que, necessariamente, nao precisam fazer sexo com o cliente. Eufemismo, ainda que descarado. Ou imagens valem mais do que mil traduções?
Conversei com dois amigos chineses e fiz a mesma pergunta: Qual o significado de 歌厅坐台小姐? Um prontamente me disse que se tratavam de garotas pagas para fazerem sexo. O outro me "vendeu" a tese de se tratar apenas de acompanhantes. Seja qual for o caso, ainda na versão em inglês da apresentação da exposição, os artistas deixam claro que a prostituição é tema tabu na sociedade chinesa. Alguém duvida?
***
Eu precisava de uns dias de folga, e teria de tirá-los adiantado, pois ainda não os tenho. Tentei todas as negociações possíveis, mas não houve jeito. Resignei-me. Hoje me ligaram do Departamento Pessoal para avisar sobre meu cartão de saúde, que está pronto desde JUNHO. Estamos em FEVEREIRO.
Moral da história: a ligação ocorreu hoje apenas para que eles se certificassem de que eu não viajei escondida, tendo eventualmente negociado com instâncias inferiores. Dizer que meu cartão estava pronto foi um eufemismo. Poderia ter sido simplesmente: "Que bom que você está aí, não viajou".
Bem, chegar aqui significa conhecer e incorporar uma gama incrível de novas habilidades, da gastronomia ao andar de bicicleta em meio a este trânsito maluco. Fora as questões práticas do dia a dia, talvez seja importante prestar atenção no quanto os eufemismos permeiam a sociedade. Eles podem ser a chave para uma vida tranquila por aqui. Pensando bem, eu classificaria o tema como outra das questões práticas do dia a dia.
Incorporar os eufemismos e conviver com eles pode ter dois impactos fortes: você pode se tornar cínico ou adotar uma postura um tanto quanto hipócrita em relação a tudo que o cerca. Entendê-los como fundamentos de uma sociedade que não é a minha me parece o melhor caminho. Sem meias palavras e sigo em frente, me resignando quando não tenho outra escolha.
No último sábado, fui com a Cláudia Trevisan ao distrito de arte 798, um antigo chão de fábrica da época de Mao que hoje abriga de galerias a restaurantes - e recebe democraticamente artistas de rua com violãozinho e voz chata e estridente na calçada, além de ambulantes.
O local, no qual a arte contemporânea começou a aparecer entre 2002 e 2003, já recebeu mais turistas do que a Cidade Proibida em 2007. Lá nos deparamos com a exposição Solution Scheme, ou um esquema para a solução, série de fotos em que a prostituta Yu Na é dirigida pelo fotógrafo Xu Yong, que ganhou fama na China ainda na década de 1990 ao fotografar hutongs, o emaranhado de casas e ruelas que abrigavam os altos funcionários de governo nas dinastias Qing e Ming em Beijing e que hoje servem de moradia para gente de classe mais baixa, especialmente.
Mas voltemos à Solution Scheme e aos eufemismos. As fotos trazem Yu Na nua, no comando das cenas, em que vários homens atuam como coadjuvantes. É ela quem tem o disparador na mão (claramente presente nas imagens) e escolhe o momento exato do clique. Na descrição em inglês, entendemos que se trata de uma prostituta dirigida por um artista. Na versão em chinês, ela é apresentada como uma acompanhante (getingzuotaixiaojie, ou 歌厅坐台小姐) - garota que trabalha em bares, boates e casas de karaoke, mas que, necessariamente, nao precisam fazer sexo com o cliente. Eufemismo, ainda que descarado. Ou imagens valem mais do que mil traduções?
Conversei com dois amigos chineses e fiz a mesma pergunta: Qual o significado de 歌厅坐台小姐? Um prontamente me disse que se tratavam de garotas pagas para fazerem sexo. O outro me "vendeu" a tese de se tratar apenas de acompanhantes. Seja qual for o caso, ainda na versão em inglês da apresentação da exposição, os artistas deixam claro que a prostituição é tema tabu na sociedade chinesa. Alguém duvida?
***
Eu precisava de uns dias de folga, e teria de tirá-los adiantado, pois ainda não os tenho. Tentei todas as negociações possíveis, mas não houve jeito. Resignei-me. Hoje me ligaram do Departamento Pessoal para avisar sobre meu cartão de saúde, que está pronto desde JUNHO. Estamos em FEVEREIRO.
Moral da história: a ligação ocorreu hoje apenas para que eles se certificassem de que eu não viajei escondida, tendo eventualmente negociado com instâncias inferiores. Dizer que meu cartão estava pronto foi um eufemismo. Poderia ter sido simplesmente: "Que bom que você está aí, não viajou".
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Crise na China?
A Rádio Internacional da China (CRI, na sigla em inglês) tem transmissão de notícias e programas em 43 idiomas - entre os quais o português. O site tem até seções de vídeos, mas estes são feitos pelo serviço em inglês, principalmente.
Hoje, um vídeo tenta mostrar como a crise econômica mundial afeta a vida de quem mora em Beijing, sejam eles chineses ou expatriados. Roteiro, edição e imagens são do indiano Rahul Venkit, jornalista que já teve experiências ainda em Cingapura e Londres, além de na própria Índia, obviamente.
A diversidade resulta num olhar preocupado com o cidadão comum e foi para estas pessoas que se perguntou como anda a crise por aqui. Quem quiser conferir, clica ali no vídeo abaixo, em inglês.
By the way, a província de Guangdong, ou Cantão, como a gente conhece, é considerada o motor do desenvolvimento econômico da China. No entanto, hoje o governo local baixou para 8,5% a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, abaixo dos 10% estimados anteriormente.
O valor combinado das importações e importações da província representa um terço do total do país, mas 40% das vendas vão para os Estados Unidos, superatingido pela crise e motivo pelo qual as perspectivas estão sendo revistas para baixo.
2020
Como o governo chinês não perde tempo, Guangdong já busca transformação. Até 2020, quer ser uma base para manufatura avançada, inovação e indústria pesada. Além disso, repetindo passos de 30 anos atrás, Guandong será um campo de teste para novas reformas econômicas que podem pintar por aí, abrindo-se mais par ao exterior. O plano do governo consiste em integrar o Delta do Rio da Pérola a Hong Kong e Macau numa espécia de região competitiva globalmente e um centro de produção e comércio com o maior vigor da região Ásia-Pacífico.
Hoje, um vídeo tenta mostrar como a crise econômica mundial afeta a vida de quem mora em Beijing, sejam eles chineses ou expatriados. Roteiro, edição e imagens são do indiano Rahul Venkit, jornalista que já teve experiências ainda em Cingapura e Londres, além de na própria Índia, obviamente.
A diversidade resulta num olhar preocupado com o cidadão comum e foi para estas pessoas que se perguntou como anda a crise por aqui. Quem quiser conferir, clica ali no vídeo abaixo, em inglês.
By the way, a província de Guangdong, ou Cantão, como a gente conhece, é considerada o motor do desenvolvimento econômico da China. No entanto, hoje o governo local baixou para 8,5% a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, abaixo dos 10% estimados anteriormente.
O valor combinado das importações e importações da província representa um terço do total do país, mas 40% das vendas vão para os Estados Unidos, superatingido pela crise e motivo pelo qual as perspectivas estão sendo revistas para baixo.
2020
Como o governo chinês não perde tempo, Guangdong já busca transformação. Até 2020, quer ser uma base para manufatura avançada, inovação e indústria pesada. Além disso, repetindo passos de 30 anos atrás, Guandong será um campo de teste para novas reformas econômicas que podem pintar por aí, abrindo-se mais par ao exterior. O plano do governo consiste em integrar o Delta do Rio da Pérola a Hong Kong e Macau numa espécia de região competitiva globalmente e um centro de produção e comércio com o maior vigor da região Ásia-Pacífico.
Tattoo - Coming Soon
Barriga fria é assim, espalha a notícia antes de ela se concretizar. Quero fazer uma nova tatuagem. Já decidi onde, o que vou fazer, falta ajustar o desenho. Na real, escolher bem todo o desenho. Coisa de mulher Gostosa. Quer algo mais sexy que tattoo?
Tá, tem várias coisas mais sexies, mas eu adoro tatuagem, assim mesmo. Aliás, tenho cinco até agora.
Hoje, fazendo uma busca por modelos, encontrei este site de um estúdio espanhol, cuja capa abre este post, que é um tudo. Adorei o site, adorei as tatuagens dos profissionais. Curtam, que os caras parecem feras.
Aqui, o link para um pé e outro pé que vão me servir de inspiração. Depois eu conto como foi tatuar na China.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Dengjia!
Entrou no táxi, disse que é brasileiro, pronto, está dada a deixa para que o assunto seja futebol. Ontem, ao conversar com o shifu, mestre, ou, na gíria, o taxista, novamente o tema veio à baila.
Eu já conhecia os tradicionais Luonaerduo (Ronaldo - 罗纳尔多), Xiaoluo (Ronaldinho - 小罗), Beili (Pelé - 贝利) e até Luomaliau (Romário - 罗马里奥), mas aí ele me pegou com o tal Dengjia (邓加). Ao elencar jogadores brasileiros famosos, ele insistia no Dengjia, que tinha passado por Japão e Itália. E começou a comparar o cara ao Maradona, da Argentina. Bueno, só poderia estar falando do Beili, mas definitivamente o Dengjia não era o Beili.
Sem matar a charada, liguei para um colega chinês que fala português e é louco por futebol. O Dengjia é como eles chamam o Dunga por aqui. Esta coisa de ex-jogador de seleção virar treinador cria novos parâmetros de comparação, né, não?
Aqui, página da wikipedia chinesa sobre o Dengjia.
Eu já conhecia os tradicionais Luonaerduo (Ronaldo - 罗纳尔多), Xiaoluo (Ronaldinho - 小罗), Beili (Pelé - 贝利) e até Luomaliau (Romário - 罗马里奥), mas aí ele me pegou com o tal Dengjia (邓加). Ao elencar jogadores brasileiros famosos, ele insistia no Dengjia, que tinha passado por Japão e Itália. E começou a comparar o cara ao Maradona, da Argentina. Bueno, só poderia estar falando do Beili, mas definitivamente o Dengjia não era o Beili.
Sem matar a charada, liguei para um colega chinês que fala português e é louco por futebol. O Dengjia é como eles chamam o Dunga por aqui. Esta coisa de ex-jogador de seleção virar treinador cria novos parâmetros de comparação, né, não?
Aqui, página da wikipedia chinesa sobre o Dengjia.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Uma brincadeira
Veio do Facebook, mas como eu fiz a lista, vou copiar aqui.
1. How am I feeling today?
Marina - Charme do Mundo
2. How far will I get in life?
Beatles - When I'm 64
3. What is my best friend’s theme song?
Vinicius de Moraes - Onde Anda Vocë
4. What was high school like?
Nação Zumbi - A Praieira
5. How will today be?
Belle & Sebastian - Like Dylan in the Movies
6. What is in store for me this weekend?
Diana King - I Say a Little Prayer for You
7. What is the best thing about me?
Chico Buarque - Folhetim
8. What song describes my parents?
The Platters - Smoke Gets in Your Eyes
9. How is my life going?
Cazuza - Blues da Piedade
10. What song will they play at my funeral?
Some samba
11. How does the world see me?
Santo Forte - Ultramen
12. What do my friends think of me?
Dívida - Ultramen
13. Do people secretly think I’m good looking?
Jorge Ben Jor - Ela é Gostosa
14. How can I make myself happy?
Os Mutantes - A Minha Menina
15. What should I do with my life?
Os Mutantes - Top Top
16. What is some good advice?
Bob Marley - Three Little Birds
17. Will I get married?
Vinicius de Moraes - Regra Três
18. Where will I go in life?
Chico Buarque - A Banda
19. Will I Have Kids?
Toquinho - O Filho que Eu Quero Ter
20. What is my current theme song?
Caetano Veloso - Ta Combinado
1. How am I feeling today?
Marina - Charme do Mundo
2. How far will I get in life?
Beatles - When I'm 64
3. What is my best friend’s theme song?
Vinicius de Moraes - Onde Anda Vocë
4. What was high school like?
Nação Zumbi - A Praieira
5. How will today be?
Belle & Sebastian - Like Dylan in the Movies
6. What is in store for me this weekend?
Diana King - I Say a Little Prayer for You
7. What is the best thing about me?
Chico Buarque - Folhetim
8. What song describes my parents?
The Platters - Smoke Gets in Your Eyes
9. How is my life going?
Cazuza - Blues da Piedade
10. What song will they play at my funeral?
Some samba
11. How does the world see me?
Santo Forte - Ultramen
12. What do my friends think of me?
Dívida - Ultramen
13. Do people secretly think I’m good looking?
Jorge Ben Jor - Ela é Gostosa
14. How can I make myself happy?
Os Mutantes - A Minha Menina
15. What should I do with my life?
Os Mutantes - Top Top
16. What is some good advice?
Bob Marley - Three Little Birds
17. Will I get married?
Vinicius de Moraes - Regra Três
18. Where will I go in life?
Chico Buarque - A Banda
19. Will I Have Kids?
Toquinho - O Filho que Eu Quero Ter
20. What is my current theme song?
Caetano Veloso - Ta Combinado
Gato na banca
Perto da minha casa há uma banca de revistas. As revistas - e os jornais e demais publicações - estão todas em chinês, motivo pelo qual é simplesmente melhorar ignorar o que talvez eles quisessem me dizer. Eu não entenderei de forma alguma.
No entanto, dia destes, ao ver a capa da Men's Health, não desgrudei do moço da capa. Gente, que gato. Ele ainda tem uma tatuagem abaixo do umbigo que é só pra deixar o cara mais perfeito ainda. Sério, tem gente que não curte muito asiático, mas com um destes por perto... Ouch...
Bueno, dando uma olhadinha no site da revista, achei esta foto pra lá de provocante.
Coloquei o texto no Google Translator e o que eu achei foi uma espécie de crônica a respeito do sexo em 2.049, quando um homem falava espantado que havia transado com uma menina de carne e osso, em vez do sexo que andava fazendo via msn, facebook e etc.
Pelo menos durante as fotos, o cara parece que se divertiu. Ou, será que mesmo em 2009, esta imagem é fruto de montagem? Olha...
Esqueça o Youtube
Os sites chineses populares por aqui não são Youtube ou Google, muito menos Orkut. Aqui se assiste vídeo no Youku, se faz buscas no Baidu. Redes sociais, não sei, mas que o Facebook até que tem adeptos por aqui, ah, isso tem.
Pois hoje buscando no Baidu, descobri inúmeros vídeos sobre o incêndio que atingiu o prédio do hotel Mandarin Oriental logo atrás da nova sede da CCTV, no centro econômico e financeiro de Beijing.
Ontem, ao chegar ao local, foi fácil perceber todo o mundo capturando imagens com telefones e câmeras. Hoje a rede está inundada de flagras.
O governo chinês hoje se pronunciou oficialmente sobre as causas do fogo. Uma empresa contratada para fazer um show pirotécnico do topo do prédio de 40 andares teria usado artefatos proibidos. No incêndio, não houve vítimas, mas um bombeiro que atuou no combate ao fogo morreu na manhã desta terça-feira em decorrência de problemas respiratórios. Outros seis bombeiros estão internados, além de um trabalhador da construção civil.
O que eu ainda não ouvi falar é sobre o destino do prédio.
***
As imagens sáo da página do Baidu sobre o incèndio de ontem.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Hotel no complexo da CCTV arde em chamas em Beijing
Beijing – e a China inteira – celebra hoje o Festival das Lanternas, comemoração de origem milenar que marca o fim dos festejos do Ano-Novo Chinês e última data em que é possível soltar fogos de artifício na região central da Capital. E talvez um destes fogos tenha dado início a um incêndio que, pelo que vi, destruiu um prédio de 40 andares que daria lugar a um hotel da rede Mandarin Oriental, marca de luxo.
O edifício fica no novo complexo da CCTV, a rede estatal de televisão chinesa cujo projeto arquitetônico é aclamado como uma das maravilhas contemporâneas. Quem assina é o holandês Rem Koolhaas. Certo é que deveria estar pronto antes da Olimpíada, mas não deu, a área toda ainda estava vazia. Motivo por que se acredita que não haja vítimas.
A hipótese do fogo provocado por petardos pra mim ainda é muito remota. A gente sai pela rua e tem foguinho de tudo quanto é lado. Difícil um acertar justamente um dos prédios modelo de arquitetura e urbanismo contemporâneo. Ou só uma triste coincidência, ainda mais no último dia em que a brincadeira era permitida. Mais, só no ano que vem.
Correndo para pegar um táxi e ver as chamas, um fogo estorou bem perto de mim, dentro do meu condomínio, fazendo com que uma janela de um apartamento simplesmente se estilhaçasse. Pensei: onde estou me metendo...
O táxi parou a cerca de dois quilômetros do prédio que ardia em chamas. Corri como uma louca, mas quando cheguei, se o fogo ainda estava longe de ser controlado, pelo menos não se viam mais labaredas gigantes, como eu soube que teve ao ver vídeos e fotos de pessoas que haviam chegado bem antes do que eu. Atravessando um viaduto para acessar a região, apinhada de chineses tentando entender o que acontecia próximo a um dos símbolos da cidade – fincado no centro financeiro de Beijing – alguns avisavam: feiji lai le, feiji lai le, que significa que vinha vindo um avião. Realmente algo se movia no céu, e acho que deveria ser um helicóptero da polícia. As referências ao 11 de Setembro e um temor de ataque terrorista, acho, no entanto, acabam sendo inevitáveis.
Já perto do complexo, um vaivém de carros da polícia e ambulâncias, além de viaturas do corpo de Bombeiros, dava um tom de filme. Surreal, na minha frente. Mesmo tendo chegado mais de 21h à região de Guomao – cuja tradução é World Trade Center -, ainda não havia um cordão de isolamente, e os curiosos, que somavam milhares, sem ser exagerada, andavam pra lá e pra cá fazendo imagens, conversando com as pessoas, observando. Jornalistas de todo o mundo brotaram e se perguntavam o que poderia estar acontecendo.
Velhos, jovens, adultos, crianças, policiais, freelancers, fotógrafos, repórteres de todas as mídias estavam todos ali, alguns dos quais me provocando inveja. Sem um smartphone ou algo que o valha, estava no local da cena, mas nem sequer o Twitter eu poderia atualizar. Fiquei pensando o quanto somos já dependentes da informação instantânea, mesmo que ela não contenha o número de vítimas, as causas do fogo, o que vai acontecer com o prédio.
Mais, daqui a pouquinho.
»»»
A primeira imagem é minha, mas cheguei quando as chamas já estavam meio que sob controle e, além disso, minha maquininha é bem ruim.
A segunda imagem é de um especial sobre o caso publicado pelo site chinês Tencent QQ, um dos mais famosos do país. Detalhe: o especial está no ar desde cerca de três horas depois do início do fogo.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Comer, comer
Este post é só para dar uma dica deliciosa: a reunião dos melhores blogs grastronômicos do Brasil numa só página. Fiquei com água na boca, depois de roubar a dica ali do Sérgio.
Engraçado é como há posts sobre comida chinesa, especialmente porque com a chegada do Ano-Novo chinês, teve muito blogueiro que resolveu aproveitar a data para se aproximar da culinária deste lado de cá.
Aqui tem uma história bacana do jornalista Daniel Buarque, que foi ao Chi Fu, restaurante chinês no bairro da liberdade, em São Paulo - que eu não conheço, mas fiquei com vontade de desde que o Sérgio havia me falado sobre ele.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
O Festival das Lanternas
Mais uma celebração chinesa se aproxima, o Festival das Lanternas, ou YuanXiaoJie (元宵节). Na tradução é algo como Festival da Noite do Primeiro Mês Lunar. Na prática, a comemoração se dá no 15°dia após o início do ano (ano segundo o calendário chinês, claro), quando ocorre a primeira lua cheia. É a data que encerra as festividades do Festival da Primavera (pra quem ainda não sabe, o Ano-Novo Chinês).
Neste dia, e durante a noite, as pessoas celebram carregando lanternas, cujo nome em chinés é tùzidēng (兔子灯), muitas das quais contêm espécies de enigmas, escritos em papéizinhos e que, se decifrados, trazem desejos de boa sorte. Estes bilhetes são chamados cāidēngmí (猜灯谜). Também é a data para comer bolinhos de arroz doce, chamados justamente de yuanxiao.
Bueno, será a partir desta noite que os fogos de artíficio irão parar de vez, não sem antes, claro, uma bela saraivada de luzes e estampidos - e estrondos. É certo que agora pouco se percebem espocares na cidade de Beijing, mas, de qualquer forma, o Festival das Lanternas será a última chance para fazer isso. Neste ano, a celebração será no dia 9, próxima segunda-feira.
Hoje as pessoas vão aos parques e às ruas. Talvez seja legal dar uma espiada para ver o que está acontecendo. Tomara que não seja super frio, mas até acho que não.
A origem do festival remonta mais de 2 mil anos, no entanto, várias lendas tentam contar como ele surgiu. Fato é que após a lua cheia, os agricultores se voltavam ao cultivo. Seria, então, também o momento para pedir boa sorte na plantação, antes de botar a mão na massa. Uma simbiose entre crença, natureza e festividade. Afinal, como eu contei no início do post, o YuanXiaoJie acontece na primeira noite de lua cheia do novo ano.
Ah, tem um detalhe. O festival também ganhou uma conotação romântica. É que durante a China feudal, moça não saía de casa. A exceção era justamente o festival, quando elas tinham oportunidade de conhecer rapazes. E eles, claro, de conhecê-las. Como a data marcava esta minialforria, passou a ter também um caráter de dia dos namorados.
***
A imagem, roubada daqui, mostra um trabalhador de Zhengzhou enfeitando a cidade para a celebração com as lanternas.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Qual o melhor homem?
Ok, caso você não saiba, invariavelmente um bando de mulheres reunidas falarão sobre homens. Sejam elas solteiras ou não, o tema das conversas serão aquele partidão, namorados, maridos e ou amantes e, sim, os ex.
Falar sobre as experiências passadas é tema recorrente. Morando no exterior e convivendo com gente oriunda de um monte de países, descobri uma coisa. Aqui, classificamos homens TAMBÉM pelas nacionalidades e origens.
Os brasileiros estão com tudo. Têm fama de quentes. Quem já leu o best-seller Comer, Rezar e Amar, da jornalista e escritora norteamericana Elizabeth Gilbert, sabe que uma das maiores delícias que ela descobriu no namorado brasileiro foi o fato de ele a chamar de gostosa na cama. A gente já sabia, poderíamos dizer, nós brasileiras.
Em alta estão os italianos, na visão de várias européias. Aplausos para os espanhóis e, diga-se de passagem, independente da nacionalidade, os moços afro têm forte cotação entre a galera feminina.
Nestas conversas noturno-etílicas pelas ruas de Beijing acerca de o que elas sonham sobre os homens, percebi algo: nós, expatriadas, somos atraídas pelo desconhecido. Assim, eu que já sei o quão bons são os brasileiros, aqui vou estender meus horizontes para cidadãos de outros países. O mesmo vale pra italianas, espanholas. Santo de casa não faz milagre, já diz a sabedoria popular. Até faz, mas a gente quer mais. E, ademais, vivemos num país onde a religião não está entre as prioridades, viva o pecado.
Tem horas em que se esquecem as barreiras linguísticas e até o aprender novas palavras se torna divertido. Mistura-se inglês ao chinês, com algumas incursões na língua nativa do casal e tá feita a receita de um tesãozinho internacional. Sério, quer mais gracinha que um francês tentar te chamar de gostosa? Sai com biquinho e tudo e única reação, involuntária, é encher o cara de beijo. Experimente, eu recomendo.
Aliás, tags sobre os franceses: eles te proveem perfume, cigarro, vinho, queijo, sexo sem compromisso e croissant! Surgiram agorinha mesmo, conversando com uma brasileira que entende do riscado.
Vive la France!
A imagem é de um francês pra lá de delicioso, o creme para o corpo ultra-hidrante de carité da L'Occitane, a marca de comésticos francesa que faz qualquer uma ficar cheirosa e com a melhor pele e cabelos do mundo.
Falar sobre as experiências passadas é tema recorrente. Morando no exterior e convivendo com gente oriunda de um monte de países, descobri uma coisa. Aqui, classificamos homens TAMBÉM pelas nacionalidades e origens.
Os brasileiros estão com tudo. Têm fama de quentes. Quem já leu o best-seller Comer, Rezar e Amar, da jornalista e escritora norteamericana Elizabeth Gilbert, sabe que uma das maiores delícias que ela descobriu no namorado brasileiro foi o fato de ele a chamar de gostosa na cama. A gente já sabia, poderíamos dizer, nós brasileiras.
Em alta estão os italianos, na visão de várias européias. Aplausos para os espanhóis e, diga-se de passagem, independente da nacionalidade, os moços afro têm forte cotação entre a galera feminina.
Nestas conversas noturno-etílicas pelas ruas de Beijing acerca de o que elas sonham sobre os homens, percebi algo: nós, expatriadas, somos atraídas pelo desconhecido. Assim, eu que já sei o quão bons são os brasileiros, aqui vou estender meus horizontes para cidadãos de outros países. O mesmo vale pra italianas, espanholas. Santo de casa não faz milagre, já diz a sabedoria popular. Até faz, mas a gente quer mais. E, ademais, vivemos num país onde a religião não está entre as prioridades, viva o pecado.
Tem horas em que se esquecem as barreiras linguísticas e até o aprender novas palavras se torna divertido. Mistura-se inglês ao chinês, com algumas incursões na língua nativa do casal e tá feita a receita de um tesãozinho internacional. Sério, quer mais gracinha que um francês tentar te chamar de gostosa? Sai com biquinho e tudo e única reação, involuntária, é encher o cara de beijo. Experimente, eu recomendo.
Aliás, tags sobre os franceses: eles te proveem perfume, cigarro, vinho, queijo, sexo sem compromisso e croissant! Surgiram agorinha mesmo, conversando com uma brasileira que entende do riscado.
Vive la France!
A imagem é de um francês pra lá de delicioso, o creme para o corpo ultra-hidrante de carité da L'Occitane, a marca de comésticos francesa que faz qualquer uma ficar cheirosa e com a melhor pele e cabelos do mundo.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
E um tesãozinho intelectual não rola?
Neste mês, a publicação de uma pesquisa que indica que homens ricos garantem mais orgasmos às suas parceiras ganhou a atenção da mídia. Os evolucionistas Thomas Pollet e Daniel Nettle estudaram, sob o viés evolutivo, os resultados de um levantamento feito pelo governo chinês com 5 mil pessoas. Na análise, levaram em conta as respostas de 1.534 mulheres, sobre as quais tinham mais dados e variáveis para cruzar e formular conclusões.
A primeira é de que ricos dão mais prazer. Funcionaria mais ou menos assim: as mulheres, sob o ponto de vista evolutivo, procurariam machos mais capazes. E o dinheiro, na nossa sociedade, seria indicador fundamental da capacidade do parceiro.
Pollet e Nettle, no entanto, dizem não serem conclusivos. Aliás, mesmo informando que a pesquisa é a que tem a maior amostragem até agora neste gênero, deixam expresso no título e ao longo do texto (em inglês) que se trata de uma análise sobre as mulheres chinesas, sejam elas urbanas ou rurais, com diferentes níveis educacionais e de informação.
Logo, pra mim, fica claro que apesar do número, estamos falando de uma sociedade única. E 1.534 mulheres no universo chinês é bem pouco. No universo mundial, menos ainda.
Mas tudo bem. Estatísticas à parte, entre todas as variantes e hipóteses levantadas pelos pesquisadores, uma me chamou mais a atenção: talvez os parceiros ricos sejam aqueles homens que tenham namoradas, amantes, mulheres ou etc com mais nível de escolaridade, melhor situação financeira e um perfil mais ocidentalizado - sim, o perfil mais ocidentalizado está ali, definidor de que há uma diferença imensa entre o que pensam as chinesas e as brasileiras, por exemplo, só pra citar o quadro no qual me encaixo e sobre o qual tenho alguns relatos empíricos, mas não menos reveladores.
Anyway, voltando ao perfil da suposta maioria das mulheres que têm namorados ricos, não seriam estas mais instruídas e talvez com menos e pudores justamente as que conseguiriam ter mais prazer, por entenderem o sexo como não tabu?
A questão, neste caso, seria: as mulheres que atraem os homens ricos são as mais "evoluídas"? Se eles o são porque têm dinheiro, suas presas também o seriam, com carreira, dinheiro, educação, estilo e valores éticos e morais que as diferenceriam de outros exemplares do gênero.
Caso contrário, sobraria para nós acreditarmos que o dinheiro traz não só felicidade, mas, traduzido pelo homem-amante, mais prazer sexual. Ô, que triste! Pra piorar a situação dos pobres homens pobres coitados, o levantamento dos evolucionistas ainda sugere que são dos altos que elas gostam mais, porque estes também dariam mais prazer.
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Me poupe!
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Falar em altura, a dupla Pollet e Nettle publicou outro estudo bastante interessante no ano passado. Na zona rural da Guatemala, as mulheres mais altas se saem melhor em ambientes estressantes, na comparação com as de estatura baixa ou mediana.
Agora vai. Eu, aliás, vou ali comprar um plataforma pra ver se minha autoestima cresce aqui pela China.
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Sobre a pergunta título: um tesãozinho intelectual não rola? Poutz, meu mundo por um namorado criativo, online, culto e inteligente. De verdade.
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A primeira imagem lembra que, mesmo sem orgasmo, homem pobre às vezes é pura gozação. O infeliz dizer que esqueceu a carteira pra deixar a moça pagar a conta é de última, né? Pra estes, valem, sim, serem chamados de pobres e virarem piadas entre as amigas da vítima.
Já a segunda imagem é de uma mulher no interior da Guatemala. Não faço a mínima ideia se ela é alta ou não, mas não parece estressada.
O mundo lusófono está na China
"É um ópio...esta China! Que o vício da escrita (e o da leitura também) venha dar a este blog!". É acertando na mosca em relação ao ópio que é a China e pedindo leituras e escritas viciantes que a jornalista Vera Pêneda apresenta o seu De olho no Dragão.
Eu ontem estava procurando mais e mais blogs em português que falassem sobre a China (até agrupei-os na lista aí ao lado) e me deparei com o De Olho. A Vera é conhecida desde os tempos que chegou a Beijing, amiga de festas, amiga de outras horas. Mas não sabia que ela tinha um blog. Foi depois de buscar referências em Macau que descobri o diário desta jornalista portuguesinha que está por estas bandas há bem mais de um ano.
Minha intenção é, mesmo que os links estejam ali ao lado para vocês clicarem, falar um pouco de por que escolhi os blogs que estou recomendando. Algo como: leiam porque eu acho isso. Tudo bem, minha opinião pode até nem ser tão válida, mas se você está me lendo por aqui, imagino que dê bola para o que eu penso.
O blog da Vera tem inúmeras coisas giras. O layout é agradável, só pra começar. Os textos são uma delícia e a construção tem uma unidade que poucos conseguem dar, especialmente porque a moça é fã do teclado e digita posts grandes. Mais do que recomendadíssimos. Leitura é um vício, a Vera já avisou.
Para mim, outro destaque nos textos da Vera são a diversidade de temas que ela aborda e a quantidade de fontes que usa ao discorrer sobre os temas. Trabalho de quem pesquisou, se interessa, conhece e quer dividir o que sabe. Eu virei fã, irei sempre lá me informar mais e mais.
E, bom, tem mais uma coisinha. Ler em português de Portugal é um prazer por si só. Parece que a língua tem um tratamento mais elegante. E, claro, vários "c" que eu não sei pra que servem, de facto, mas que fazem parte da prosa escrita dos nossos lusófonos europeus.
Bueno, chega de ler sobre a Vera aqui. Quem perdeu a chance de clicar lá em cima, agora não tem mais desculpa. Tó o link!
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Gostosa Way of Life
Agora vai. Vou tentar escrever sobre meninas, mas o endereço é outro: clica aqui.
Aí a gente separa um pouco, fala um tanto aqui, um tanto lá e vocês vão exercitando o Control^T, ou Control^N, depende do navegador, ou mesmo o Alt Tab.
Aí a gente separa um pouco, fala um tanto aqui, um tanto lá e vocês vão exercitando o Control^T, ou Control^N, depende do navegador, ou mesmo o Alt Tab.
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