quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Jogo das Nossas Vidas



O poster aí de cima foi lançado na Coréia do Norte em 1966, quando a seleção do país participou da Copa do Mundo, realizada naquele ano na Inglaterra. Os donos da casa, aliás, foram os campeões, na competição que reuniu outras 15 equipes e da qual o Brasil se despediu ainda na primeira fase.

Apesar de ter sido o palco da última atuação oficial conjunta de Pelé e Garrincha, não houve brilhantismo para seguir adiante. Eles foram até marcaram os gols na única vitória do Brasil naquela campanha, quando o time estreou com um 2 a 0 sobre a Bulgária.

Voltemos à Ásia. Até agora, esta foi a única participação da Coréia do Norte no torneio (cujo cartaz você vê ali abaixo) - talvez em 2010 a coisa mude, pois a equipe está em segundo lugar no Grupo 2 das Eliminatórias Asiáticas para a Copa, atrás da vizinha Coréia do Sul. Na competição regional, classificam-se automaticamente os dois primeiros colocados de cada grupo (ainda há mais quatro jogos pela frente, mas quem sabe, né).



A estréia norte-coreana nas Copas ocorreu de forma inusitada. Após um boicote dos países africanos e de uma vitória inesperada sobre a Austrália em território neutro - Mianmar -, os norte-coreanos garantiram a vaga na Inglaterra. Fechados em seu regime, foram recebidos com curiosidade pelos ingleses.

Um feito brilhante - ou apenas golpe de sorte - alçou os moços ao topo. Na primeira fase, eles foram responsáveis por despachar os italianos, ao vencerem a Azurra por um modesto, mas surpreendete 1 a 0. A garra norte-coreana parecia não ter limite. Nas quartas, em 22 minutos de jogo, a equipe abriu uma vantagem de três gols sobre os portugueses, fato no qual ninguém acreditava, nem mesmo o narrador da partida. Os lusos, no entanto, não deixaram barato. Eusébio - que terminou como artilheiro em 1966, com nove gols, e cuja foto está logo ali abaixo - marcou quatro vezes, na partida que terminaria em 5 a 3 para os portugueses. Fim de competição para o único representante da Ásia, que resultou numa volta para casa celebrada como um retorno de heróis. A história é fofa, fofíssima.



Pois Dan Gordon e Nichollas Bonner fizeram um documentário exatamente sobre ela, chamado O Jogo das Suas Vidas (numa tradução totalmente livre que eu fiz para o título original The Game of Their Lives). O documentário vale a pena cada minuto. Não só pela história, pelas imagens de arquivo, mas pelo valor que tem como documento de um país tão fechado em si mesmo que, para ser mostrado, exige mil e uma aprovações, o que a dupla Dan e Nichollas garantiu.

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Hoje pesquisando na internet, vi que há outro documentário sobre futebol chamado The Game of Their Lives, este falando sobre os norte-americanos na Copa de 1950, aquela mesma entalada na garganta dos brasileiros quando os donos da casa, o Brasil, perderam a final em pleno Maracanã para o Uruguai. Não confunda os dois documentários, pois.

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O documentário sobre os norte-coreanos, não sei se há como encontrar na internet. Mas, repito, vale cada minuto. Recomendo.

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