segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nos trilhos

O governo chinês anunciou neste final de semana um plano tanto ambicioso quanto espetacular, a menos para mim, que tenho medinho de avião. Em 2012, será possível viajar de trem entre as principais cidades do país em até oito horas.

Você bem sabe que a China é maior do que o Brasil, extensão que não acaba mais. O plano nada modesto prevê investimento de ao menos US$ 300 bilhões para completar a façanha. Hoje, já são 10 mil quilômetros de trilhos para os trens expressos em construção (ou seja, que só irão atender ao transporte de passageiros, e rápido). Somado à rede atual, em 2009 o sistema deverá chegar a 13 mil quilômetros de ferrovias do tipo.

Viajar de Beijing a Guangzhou, lá naquela província que a gente costuma chamar de Cantão e fica nos recantos sulinos do país - a capital está para o norte, tanto no mapa quanto no batismo (Beijing significa literalmente Capital do Norte) - em sete horas. Imagine que um voo leva cerca de três horas e você ainda tem de pegar um táxi para chegar ao aeroporto, o que pode levar até mais de uma hora, fazer check-in, esperar embarque. Somadas ao medinho de avião, as horas a mais no trem são desprezíveis. Já fiquei fã da possibilidade de ir até a estação de trem mais próxima.

A China tem no cuidado com logística e sistema de transporte de passageiros um dos principais pontos fortes - e, quiçá, de diferencial digamos competitivo em relação a outros países. Em muita biboca você encontra aeroporto. Tem trem por todo o lado, apesar de alguns bem antigos e bem lentos.

Aí me volto à realidade rodoviária brasileira, paraíso nos ares da atrapalhada TAM, que detém uma fatia bem maior do que a outrora brilhante Gol, que incorporou a estrela Varig, e que agora tem a Azul como concorrente (tem mesmo?). Aí vejo o fulgurante plano para a construção de um trem-bala ligando São Paulo ao Rio. Vai ficar pronto em 2014, se não entrar no balaio das grandes obras que podem salvar vidas e impulsionar a economia, mas se arrastam eternamente, caso da duplicação do trecho sul da BR-101, aquele que um dia ligará com segurança Florianópolis, em Santa Catarina, a Osório, no Rio Grande do Sul.

O trem brazuca tem custo estimado de R$ 34,6 bilhões e ligaria as capitais em uma hora e 33 minutos, segundo matéria de julho da Folha. Até dezembro, a China terá um total de 86 mil quilômetros de trilhos, cifra superada apenas pelos Estados Unidos.

Ah, a matéria da Folha
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u596156.shtml

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