A história de horror das jornalistas norte-americanas Euna Lee e Laura Ling acabou graças a uma visita surpresa de Bill Clinton à obscura Coreia do Norte, o vizinho comunista chinês fechado que só. O ex-presidente dos Estados Unidos - e a Casa Branca - garante que a iniciativa de visitar Kim Jong Il foi privada, mas a agência norte-coreana faz questão de dizer que o final feliz se deve principalmente a uma mensagem de Barack Obama. Especulações diplomáticas numa missão que tem caráter histórico.
Primeiro, o que veio depois. A dupla de intrépidas jornalistas, com origens asiáticas, uma coreana, outra chinesa, foi presa em março ao supostamente adentrar o território da Coreia do Norte. Pena: 12 anos de reeducação via trabalhos forçados. Resultado, moeda de troca no jogo de gato e rato empreendido por Pyongyang, com tiro na mosca, o inimigo número um, os EUA.
Desde maio que o governo do querido líder, a alcunha de Kim Jong Il, anda bem saidinho, entrando de vez para as manchetes mundiais ao promover exercícios militares, como testes com mísseis e tals. A quase esquecida Coreia do Norte volta ao palco midiático alvo de sanções e tema em sessões da ONU, outro dos vilões da vez.
As apirações nucleares herdadas já dos tempos de papai Kim Il-Sung, o Grande Líder, fundandor da Coreia do Norte e objeto de culto fanático ainda hoje, causam dores de cabeça aqui pelos pagos asiáticos. E seu Clinton resolve aparecer. Ele é o segundo ex-presidente norte-americano a visitar a capital do lado norte da península coreana, o primeiro foi Jimmy Carter, em 1994.
Hoje, a mídia chinesa, que dá voz aos despachos oficiais da KCNA, a agência norte-coreana, ecoou:
"A decisão de libertar as jornalistas norte-americanas é uma manifestação da política humanitária e pacífica da República Popular e Democrática da Coreia." Sim, aqui o reino do sagrado querido líder tem nome e sobrenome, segundo a mesma cartilha imposta ao povo que, pasmem, ganha menos do que 2 euros ao dia. A fonte desta última informação é o blog delícia www.coreiadonorte.wordpress.com, que acabei de encontrar. Curtam, viu.
A abreviação do pesadelo de Euna e Laura foi alcançada, seguem as agências oficiais daqui, em meio a uma atmosfera sincera, na qual Clinton e Kim Jong Il tiveram conversações francas e profundas. E eles acrescentam:
"Clinton transmitiu de forma cordial uma mensagem verbal do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que expressou seu profudndo agradecimento por isso".
Quem falou o que, não se sabe, mas os norte-coreanos dizem que a visita contribuirá para fortalecer o entedimento entre os inimigos de longa data, a fim de que desenvolvam confiança bilateral. Um passo a mais de Clinton, cuja mulher, a Hillary, havia pedido na semana passada, durante encontro na Tailândia, a retomada das conversações sobre a questão nuclear na península, que ainda integra Coreia do Sul, Japão, China e Rússia. Conversas estas interrompidas unilateralmente desde finais de 2008 pelo querido líder.
Falar em querido líder, amanhã o programa da noite será conhecer cartazes de cinema norte-coreano, numa iniciativa da livraria mais bacana de Beijing, a Bookworm, oásis cultural da cidade e espaço de debates que em geral não se debatem por aqui. Volto para contar depois.
Há uma semana
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