segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fome de quê?


Maíra e eu fazendo pose enquanto pensávamos em encarar o tomate com muuuuuuito açúcar (viram, né? Os pescoços de galinha foram quase todos)
Foto: Rafa Debastiani, Especial

Então, estava de férias. O motivo era nobre: não era um simples descanso, mas a recepção aos meus queridos irmãos Cristiano e Maira e da irmã de coração Rafa. A vontade que dá de mostrar tudo ao mesmo tempo agora te leva a propor programas de índio. E ainda dá vontade de mostrar o quanto se está adaptada ao novo país - onde, no meu caso e em se tratando de China, além de praticamente analfabeta, ainda estou aprendendo a falar.

Na saída do passeio à Cidade Proibida, íamos a Xidan, bairro de compras aqui de Beijing. Pegamos um táxi e ao ler - só com caracteres - que passávamos em frente a um restaurante de jiaozi (os bolinhos estilo ravioli que no Brasil costumamos chamar de gyoza - numa cópia do nome japonês), um dos meus pratos chineses favoritos, não tive a mais mínima dúvida:

- Dao le! - anunciei ao motorista, o que significa: "Chegamos!". Assim, de supetão, sem avisar aos meus irmãos. Pronto, hora de todos descerem.

Desceram, né? Afinal, quem conhece Beijing sou eu. Eles meio que não entenderam por que estávamos entrando em um dos maiores pé-sujo jamais visitado por eles durante toda a vida, mas, pensaram: "ela deve conhecer o dono", "com certeza esse lugar é um dos segredos que só um local da cidade pode desvendar" e outras coisas assim.

Que nada, eu só tinha lido mesmo o caractere de jiaozi.

Aliás, li e devo ter esquecido na hora. Chega o garçom, me dá o cardápio, eu começo a "ler". Totalmente no comando da situação, comecei a pedir os jiaozi. Vi um caractere de galinha e pedi. Outro de tomate, pedi. Outro de carne de gado, pedi. Depois, pedi outro com tofu. É que os jiaozi têm recheios diferentes. O garçom anotou o pedido e foi. Voltou...

- Vocês não vão querer pedir jiaozi? - ele perguntou num chinês tão português que até a Rafa, há dois ou três dias na China, entendeu.

- Hum... Acho que eu não pedi, então, né? - pensei eu em voz alta, já sabendo que viria problema pela frente. Pedi jiaozi, outros dois sabores e respirei fundo, só à espera do que poderia acontecer.


Rafa e Cris amaram os pescocinhos com alho
Foto: Maíra Akemi, Especial

Bem, o que aconteceu foi: uma das primeiras refeições dos meus queridos irmãos em solo chinês foram - nem tão - saborosos salame de carne de gado com temperinho verde, salada apimentada de tofu, pescoço de galinha com muito alho e o tradicional, imbatível e estranho pra maior parte dos brasileiros, imagino, tomate com açúcar. Tomate com muitooooooooooo açúcar. Um milhão de risadas depois e um esforço pra comer algo tão típico, chegaram os jiaozi. A gente até tentou beliscar, mas decidimos que tem horas em que ou o fast food salva, ou o negócio é procurar restaurante cujos cardápios ofereçam fotos.

Sério, ainda tenho muito mico pra pagar antes de ser uma boa anfitriã em terras chinesas...

2 comentários:

Silvia Simeonova disse...

haha, eu adoro essa história:) restaurantes chineses podem ser locais perigosos.

Jana Jan disse...

HAHA. E eu adoro o seu português!