De quais sites você, meu querido leitor, depende para viver?
Se depender de Youtube, estarás com problemas por estes dias na China. O portal foi bloqueado, sem motivo aparente. Poderia ser por causa de protestos envolvendo tibetanos no Tibete e mesmo em outras regiões chinesas, como Qinghai e Sichuan. Ou devido a vídeos sobre o embróglio envolvendo norte-americanos e chineses no Mar do Sul da China.
Fato é que ninguém sabe ao certo por que não temos Youtube por aqui nestes dias - senti falta nesta segunda-feira, 23 de março. Esta foi a segunda queda no mês de março, obra do Great Firewall of China (um trocadilho para Great Wall of China, ou a Grande Muralha).
Pois o GFC, como é carinhosamente chamado pelas próprias vítimas que vivem por aqui e o mecanismo mais popular no exterior, não é o único sistema de controle sobre o que passa e o que não passa na internet de cá. Ele consiste em bloquear sites e portais inteiros, como o caso do Youtube, mas somente para os internautas que estão dentro da China continental (e que não possuem um endereço de IP falso, como um norte-americano, que engana o controle).
Claro que quando ocorrem estes bloqueios em megaportais, há apenas alguns conteúdos que incomodam, mas se toma a parte pelo todo e se derruba o acesso. Simples assim. Era isso o que ocorria com todos os blogs hospedados no Blogpost, por exemplo, que ressuscitou no ano passado, ou no Wordpress, que apareceu como um milagre na última semana. O GFC é um mecanismo sensível, que permite e bloqueia sites conforme o humor. O mau humor pode levar horas ou anos, o que me leva a crer que o GFC tem belas crises de TPM. PQP!
Ah, o GFC tem um quê de ironia. Na maior parte das vezes em que o acesso é bloqueado, ele tenta disfarçar a censura mostrando mensagens de erro que atribuem o fato a problemas técnicos na rede chinesa.
Hoje, os internautas chineses se referem mais à Net Nanny, uma espécie de babá virtual, mas com todas as características de governanta má. A partir do olhar inquisidor da Net Nanny, o que ocorre é até auto-censura, ninguém quer se expor demais. Auto-censura, neste caso, significa a não publicação de conteúdos. O conteúdo, assim, não é eliminado, ele simplesmente nunca vai ao ar. Logo, nem aí nem na China você verá o que poderia estar vendo caso não houvesse assuntos proibidos e sensíveis ao governo chinês, que age no mundo virtual por meio da Divisão de Gerenciamento de Internet do Departamento de Informação do Conselho de Estado.
Um terceiro mecanismo na web chinesa é a Manipulação de Mecanismos de Busca (SEM, na sigla em inglês para Search Engines Manipulation). Aqui na parte continental, o SEM esconde conteúdos, deixando alguns sites invisíveis. É o preferido de Nanny. Ouve o que a governanta má tem a dizer e harmoniza os resultados das buscas dos internautas de acordo com o que os internautas chineses podem ouvir e ler.
Há uma semana
2 comentários:
"liberdade, liberdade..."
e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz
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