quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Beijing ou Pequim?

Afinal, onde mesmo eu vim parar? Beijing ou Pequim, perguntou o Celso no comentário ali embaixo, ao se referir à grafia correta do nome da capital da China. Eu primeiro fui encontrar explicações e achei que as do professor Claudio Moreno esclarecem bem.

Beijing resulta da reforma feita pelo governo chinês para padronizar a transliteração dos caracteres chineses para o alfabeto que conhecemos, o romano. Esse sistema chama-se pinyin e, pra quem mora por aqui e quer aprender o mandarim, acaba por ser fundamental. Pelo pinyin, então, o som destes dois caracteres 北京 fica Beijing (uma dúvida e uma curiosidade: todos conseguem ler os caracteres ou aparecem quadradinhos? Beijing significa Capital do Norte).


Esquina da capital, vendendo cigarros e frutas
Foto: Jana Jan

Bueno, voltando ao professor. Ele sustenta que em português devemos continuar a utilizar Pequim, como herdamos dos portugueses há meio século. Assim como devemos seguir fiéis a Xangai - e não adotarmos o Shanghai, por exemplo, outro nome que "mudou" com a tal padronização do pinyin. Por quê? Porque são formas consagradas pelo uso. Pra completar, o nome destas cidades, na verdade, não mudaram, apenas seguem um novo padrão, válido, principalmente, para a própria China.

Então, se eu concordei, por que estou escrevendo Beijing mesmo?

Primeiro, concordo em parte. A tal padronização do pinyin ajuda a reconhecer os fonemas chineses. Faz uma diferença danada ler Xangai e Shanghai. E eu por aqui, adoro puxar um sonzinho meio parecido com um "rai" depois do "g", tentando falar como os chineses.

Depois, mesmo que eu ainda seguisse apegada aos nomes que aprendemos nos livros e estamos acostumados a ler nos jornais e revistas do Brasil, ainda assim teria de digitar Beijing, Guangzhou (Cantão essa, sim, pra mim, não tem jeito, estou apegadíssima à forma tradicional brasileira) e diversas outras novidades instituídas pela tal padronização do pinyin porque este é o sistema que a Xinhua, a agência onde trabalho, adota.

Pelo sim, pelo não, optei por acolher o nome que as pessoas do lugar onde moro agora usam mesmo quando estou escrevendo no blog, escrevendo e-mails pessoais, etc. Acho até um sinal de carinho. É preciso falar Beijing, assim como aprender a dizer obrigado (xiexie) e desculpa (duibuqi) assim que se pisa aqui. Agora me bateu uma dúvida. O carinho com o chinês não seria um desrespeito ao português?

Humm... Vai ver é pura afetação mesmo, então, já explico por que sou meio "metida".

Celso, eu gosto de falar Osaka, cidade japonesa, de um jeito pra lá de estranho pra brasileiro, por exemplo. Embora a grafia não mude, eu costumo dizer o "sa" como se fosse grafado com um cedilha, do jeito que aprendi com meus amigos japoneses. Tokyo, se eu pudesse, escreveria deste jeito aí e jamais com um acento em cima do primeiro "O", como Tóquio (mais uma vez, estou num teclado sem caracteres especiais) porque no Japão não há esse fonema de "o" mais aberto, apenas fechado...

Resumo da ópera: eu gosto de me apropriar do jeito que os nativos adotam para me referir a lugares. Aliás, não só a lugares, a todos os nomes próprios.

Aliás, isso rende um post bacana sobre o jeito como os chineses adotam nomes de marcas famosas - e que eu classifico como estranho, pra dizer o mínimo. Nome é nome, não é mesmo? Aqui eu tive de aprender "Xuebi" e "Jialefu", por exemplo. Tenho certeza de que vocês conhecem tanto um quanto o outro. Alguém se arrisca a dizer quais são estas marcas?

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