
Está frio, mas a bicicleta é companheira
Foto: Jana Jan/Chinainblog
Existe sensação mais gostosa do que andar pela cidade e saber que aquela rua desembocará naquela outra, onde as árvores são verdes, há um restaurante bacana e o parque é perfeito para ver o pôr-do-sol? Conhecer o bairro, cumprimentar o vizinho, ter quase a certeza de que se chuta a mesma pedrinha a cada vez que se passa pelo local?
Talvez a sensação de descobrir novos lugares... Será?

O LuoGu é maravilhoso para comer. Tem até batata frita!
Crédito: Jana Jan/Chinainblog
Fico numa dúvida danada, e arrisco a dizer que a primeira opção tá quase ganhando... Explico: estou adorando conhecer um pouquinho mais de Beijing e de já ter adotado lugares preferidos, cantinhos que, se não têm a minha cara, pelo menos me fazem me sentir bem.
E há um cantinho mega-especial aqui, que mistura gastronomia a lazer e shopping junto ao cheiro da capital de outros anos. Chama-se Nanluoguxiang (南锣鼓巷), uma ruazinha que poderia ser de mão única - pois é estreita -, ladeada por casinhas antigas, antigas, hoje reformadas e que dão lugar a restaurantes internacionais, chineses de outrora, cafés, lojas de roupa, de arte, de badulaques para casa.

12 metros quadrados: O menor café de Beijing está em Nanluoguxiang
Crédito: Jana Jan/Chinainblog
A mistura de novo antigo está dentro e fora dos estabelecimentos, cuja decoração me lembra e muito a minha segunda casa porto-alegrense, o Mercatto D`Arte. Longe de casa, de volta pra casa.
Nanluoguxiang é apenas um dos charmes da região conhecida por abrigar as torres do Sino e do Tambor, antigo portão de proteção à cidade. Dentro do Segundo Anel viário (a cidade é circundada por cinco anéis), a área ainda é o endereço da região de bares chamada Houhai (后海)e de duas das casas noturnas mais alternativas daqui, Mao e Yu Gong Yi Shan (愚公移山). Sem contar loja de CDs, de jogos para computador, restaurantes 24 horas. E uma infinidade de hutongs (胡同), as vilas típicas de Beijing que há séculos abrigam os moradores da capital.

Como nos antigos hutongs - e Nanluoguxian é cercada por eles - , os banheiros são públicos, na maioria
Crédito: Jana Jan/Chinainblog
Todo este mix moderno e tradicional suscita nostalgia, não? Dia desses, estava conversando com uma colega chinesa, a Joana, e ela contou sobre uma música que fala sobre a região. Gravada no início dos anos 90, me chamou a atenção por ainda ser atual: os problemas que apareciam lá ainda são os vividos hoje.
O cantor, He Yong (何勇), cuja carreira foi abreviada por uma doença mental, fala sobre a poluição, sobre as pessoas que passam o dia a falar da vida alheia, sobre quem vem do interior pra trabalhar na capital ganhando pouco, sobre as delícias de viver num lugar assim, mesmo com todos estes problemas.

O Pass By é o bar mais antigo da rua, o banheiro, aliás, fica na rua, característica de muitos outros. Abriu em 1999
Crédito: Jana Jan/Chinainblog
A música, que o nome da região - Zhong Gu Lou (钟鼓楼)- você escuta clicando aqui. As saudades são da Cidade Baixa, e o convite é para um passeio por esta gracinha chinesa.
Hm... também não perca a tradução, feita pela Joana. O vídeo, quem encontrou pra gente foi minha fiel escudeira Mariana.
2 comentários:
Jana, que delícia de texto! Deu vontade de sair de novo (rsrs). O bom é que não precisamos escolher entre ter os cantos familiares ou explorar os desconhecidos. Dá para ter os dois. Beijo. Cláudia
Haha. Gosto de ter os dois também.
Obrigada pelo texto delícia.
Postar um comentário