terça-feira, 31 de março de 2009

O Rio Grande à minha volta

A semana está supergaúcha em Beijing. Nada a ver com China velha ou qualquer outra coisa.

Desde 15 de novembro, a calefação foi desligada na maior parte das casas - apartamentos funcionais dentro de órgãos governamentais ainda mantêm o aquecimento. Assim, passo frio dentro de casa, pois a temperatura está ou próxima ou abaixo de zero. Igual aos tempos dos rigorosos invernos gaúchos, cujas pendengas eu já havia esquecido. Ai, como é chato ter de tomar banho tiritando de frio e como é difícil sair de manhã do quentinho das cobertas.

Pra completar o clima sulino, um passeio até Osório, a terra do vento. Aqui, março se encarrega de trazer a ventania.

Pronto, não bastasse ir de mochilinha pra aula, agora sim me senti na adolescência. Fiz o Segundo Grau, que agora seria chamado de Ensino Médio, em Osório, que se acha a metrópole cosmopolita do Litoral Norte.

Aliás, já que estou falando de Rio Grande à minha volta, vou voltar aos tempos do colégio. Em Osório, estudei no Marquês de Herval, escola cenecista e pá. O corpo docente tinha uma sensiblidade super no que diz respeito a integrar os alunos que não eram da cidade. No meu primeiro ano, havia a turma A para alunos do Marquês, a turma B, para outros estudantes da cidade, a turma C, para adolescentes dos arredores, como Santo Antônio da Patrulha e Tramandaí, e a turma D, para o resto dos caipiras. Sim, a gente era chamado de caipira pelos colegas - e, a meu ver, com aval deste sistema ridículo da escola. Eu era de Terra de Areia, tinha vários colegas de Palmares do Sul.

Fui chamada à direção apenas duas vezes. A primeira ocorreu quando a escola resolveu implementar a obrigatoriedade do uso do uniforme. Calça azul, camiseta branca. Eu morava em Terra de Areia e pegava (e pagava) ônibus todo o dia, num trecho de uma hora para ir, outro tanto para voltar, enfrentando a BR-101 congestionada, esburacada e perigosa. Chego com um logotipo de uns 5cm bordado em branco sobre a camiseta branca. E não pude assistir à aula, sequer entrar na escola. Fui levada à diretoria para dar explicações. Uma boa aula aos 14 anos sobre como micropoderes sobem à cabeça, como a sociedade é instransigente e como o ser humano é patético. Claro que uma semana depois caiu a lei do uniforme e dava pra ir de roupa de escola de samba, se eu quisesse. Minhas aulas, meu tempo e meu dinheiro perdidos ninguém nem tchuns.

A segunda vez, depois de ter passado quase três anos invisível para a trupe de colegas da metrópole e a direção da escola (mas não para alguns professores de Português, Matemática e Física, graças!), foi quando eu passei num vestibular da UFRGS para Letras, acho que em 95 ou 97, talvez 94, nem lembro. Claro que nem apareci, né.

Humpf.

Era só pra falar do frio. Mas frio me deixa de péssimo humor mesmo.

2 comentários:

Tati disse...

Por aqui, eu quero frio!!! nao guento mais o calor. Bjs

Jana Jan disse...

Bah, superaceito trocar. Ta muito chato!