Recebi há pouco um material produzido em Portugal pelo professor Manuel Lopes, sempre atento à China, para os seus alunos de Relações Internacionais sobre Xinjiang. Vale a leitura para entender mais sobre a região, que nomeadamente é uma Região Autônoma Especial, sob o poder da República Popular da China.
• A Região Autônoma Uigur de Xinjiang está situada em plena Ásia Central, cercada de montanhas (com um grande deserto no interior, o Taklamakan), zona de passagem obrigatória da antiga Rota da Seda e dos atuais projectos de ligação euro-asiáticos e tem 5,6 mil quilômetros de fronteira com oito países.
• População em 2004: 19.630.000. Neste cálculo, a etnia uigur (de origem turcófona) surge com 45% e a etnia han com 41%, sendo os restantes distribuídos por 47 grupos minoritários.
• O Islã é dominante, substituindo o budismo.
• Xinjiang, ou Nova Fronteira, na tradução, deve o seu nome às iniciativas da Dinastia Han (século III aC) de estender a influência para Oeste e assim proteger as rotas de caravanas da Rota da Seda.
• No final do século XIX, a Rússia estendeu a influência à parte desta área, no episódio conhecido como o Grande Jogo,a saber uma disputa com os britânicos.
• Durante o período da República (1911–49), Xinjiang foi dominada por “Senhores da Guerra”, virtualmente independentes do governo central, sendo a então URSS dominante na zona.
• Só em 1950 o poder comunista tomou o controle total de Xinjiang, criando uma Região Autónoma em 1955.
• Também ali chegaram os efeitos do Grande Salto Adiante e da Revolução Cultural, criando instabilidade e fomentando o movimento independentista que atingiu maior expressão violenta após 1980 na sequência da intervenção soviética no Afeganistão, ao favorecer a militância islâmica.
• Em Xinjiang estão presentes, segundo as autoridades chinesas, os “três demônios”: separatismo, fundamentalismo e terrorismo.
• Os ataques de 11 de setembro acabaram por ter um efeito significativo sobre as atividades do movimento independentista Frente de Libertação do Turquestão Oriental, ao ser conotado pelas autoridades chinesas com a Al Qaeda e os talibã, sofrendo os efeitos de uma maior coordenação dos esforços internacionais na luta contra o terrorismo na Ásia.
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Para uma visão econômica
• As principais indústrias estão relacionadas à atividade mineira (carvão), além do aumento da exploração energética (gás e petróleo).
• A importância de Xinjiang também deriva do fato de ser uma área de escoamento da energia vinda da Ásia Central, do Cáspio e da Ásia Setentrional.
• Xinjiang alimenta expectativas com o turismo, através da revitalização da antiga Rota da Seda. A China e quatro países da Ásia Central (Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão), em parceria com o Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas, criaram um programa que visa favorecer o investimento, o comércio e o turismo na região.
Há uma semana
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