Há uma semana
sábado, 31 de maio de 2008
Depois da Olimpíada, a Paraolimpíada
Fu Niu Lele retrata espírito de lealdade e amor à vida
Foto: Reprodução/Site oficial Beijing 2008
Beijing se prepara para receber a Paraomlimpíada de 6 a 17 de setembro, ou seja, 12 dias após o término da Olimpíada. Os atletas irão disputar medalhas em 20 modalidades. E você já conhece o mascote da Paraomlimpíada?
A Fu Niu Lele é uma vaquinha inspirada em antigas culturas de fazendas chinesas. O animal escolhido para representar os jogos em 2008 traz, segundo os chineses, um espírito de lealdade, amor à vida, além de ser realista e prático. Seria a síntese do conceito paraolímpico deste ano "transcendência, eqüidade e integração".
A vaquinha Fu Niu Lele representa ainda a simbiose entre homem e natureza. Na cultura tradicional chinesa, as vacas são consideradas amuletos para atrair bom tempo e boa colheita.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Contribuições às vítimas do terremoto
Funcionários da Agência Xinhua prestam homenagem às vítimas do terremoto
Foto: He Meng, a Mariana/Especial China in Blog
O terremoto de 8 graus na escala Richter que atingiu a província chinesa de Sichuan no dia 12 de maio deixou um saldo de mais de 68 mil mortos, segundo dados do governo chinês, e há mais de 20 mil desaparecidos. As perdas para os sobreviventes são inúmeras.
Cálculos estimam entre um ano e três anos o prazo para a reconstrução da região atingida. De urgente, se sabe que é preciso alimentar e garantir um lugar para ficar para quem perdeu casa, trabalho, lavoura. Também é preciso investir em saúde e evitar epidemias nestas áreas.
Em face desta realidade de devastação é que a solidariedade se torna tão importante. Contribuir é fundamental. Aqui, deixo a foto enviada pela Mariana como contribuição para mostrar a comoção e o respeito do povo chinês às vítimas e duas iniciativas tomadas em Portugal, enviadas pelo querido e assíduo leitor Manuel Lopes, de Lisboa.
O governo português enviará material de ajuda às vítimas. São tendas, esteiras, cobertores, "kits" de cozinha, de higiene, além de alimento. Já a sociedade civil, lembra o Manuel, recolhe doações em dinheiro por meio de uma conta bancária.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Eu e o carste
Os picos rochosos se enfileiram pela beira do rio
Foto: Jana Jan/China in Blog
Hoje saio para novas férias. Desta vez, o destino é o Vietnã, país vizinho à China. Além da capital, Hanói, vou a Halong Bay e Sapa. Mas é em Halong Bay que encontrarei uma das paisagens mais espetaculares de carstes. Carstes? Bom, eu não sabia. Na verdade, são formações rochosas - e porosas -, em geral de calcário. Formam o que se chama dolinas (parecem montanhazinhas) e cavernas. Caverna eu conhecia por caverna. Agora sei que o nome da rocha é carste.
Bueno, nas últimas férias, fui a Guilin e Yangshuo, cidades chinesas famosas pelos carstes e natureza exuberante, localizadas na província de Guangxi. Merecem o título. Mas meu guia sobre o Vietnã diz que são apenas um ensaio para o que verei em Halong Bay. A mesma formação se repete em Krabi, na Tailândia, caso alguém esteja querendo ir até lá. De novo: dizem que o top é Halong Bay.
Antes da ida ao país vizinho, deixo vocês com um pouco de carste em Yangshuo, mas da parte visível sobre as águas. Se é um ensaio para o que conhecer depois, não sei. Mas fiquei encantada com a paisagem: muito verde, água e rochas.
Yangshuo fica a cerca de uma hora de ônibus de Guilin. Bem menor, é recanto de mochileiros e lugar pra se fazer escalada ou curtir os rios da região, como o Rio Li. Aliás, de barco de Guilin para Yangshuo, a viagem dura cerca de quatro horas e meia, com paisagens muito bonitas - carste, carste, carste! - em todo o percurso. Vale muito a pena.
Além de tudo, é barato viajar por lá. Hospedagem e comida caem bem para um turista estrangeiro - e mesmo nacional. É possível dormir por menos de 10 dólares em bons hotéis (nada de quatro estrelas, mas com ar-condicionado, chuveiro quentinho) e jantar por uma média também de 10 dólares, ou até menos. Olha, o tal paraíso de mochileiros ainda é pródigo em comida ocidental. Sou da opinião de que quem está na China, tem de comer comida chinesa. Mas o café da manhã é difícil para a maioria dos brasileiros, pelo menos, então outra vantagem de Yangshuo: os inúmeros pubs e cafés da cidade abrem logo cedo e oferecem opções de café ocidental. Ah, o café chinês traz pães diferentes, massas, conservas de verduras e umas sopas de arroz bem típicas.
Se pensarem em férias na China, incluam Yangshuo, pelo menos, no roteiro de pesquisa.
Yangshuo tem rafting com estes barquinhos de bambu para duas pessoas
Yangshou tem o parquinho Shangri-La. Cês não têm noção da minha alegria com este verde todo
Yangshuo é paraíso dos mochileiros, muita gente vai pra escalar
Yangshuo tem cenários deslumbrantes, como este no fim da tarde no Rio do Dragão alguma coisa
Yangshuo tem este passeio de barquinho em que o verde é deslumbrante
Yangshuo tem barqueiros que falam ao celular numa boa enquanto "dirigem" a embarcação
Hein? Fala mais devagar
Sobre Amor, produção de 2005 dos diretores Ten Shimoyama (Japão), Chin-yen Yee (Taiwan) e Yibai Zhang (China) conta três histórias sobre três casais. Todas se interligam.
Bacana... Mas e daí? Daí que assisti hoje a este romance e pensei: Encontros e Desencontros (a tradução super estranha para o Lost in Translation, 2003, de Sofia Coppola) já era. Tá, não é pra tanto, mas eu me apaixonei por Sobre Amor, fazer o quê?
Primeiro, o que tenho a fazer é contar um pouco do filme pra vocês.
Bem, Sobre Amor é a tradução para o título em inglês About Love. Em mandarim, a película é 恋爱地图, Lian Ai Ditu, ou Mapa do Amor. Chineses e japoneses vivem romances dificultados - ou ampliados e aprofundados - pelas barreiras da língua. No casal, ou projeto de, um fala japonês, outro chinês. Num dos casos, um inglesinho bem básico ajuda.
Sempre há um estrangeiro nas histórias, ou seja, gente que vive fora do seu país - e que não fala, ou não domina e até está bem longe disso, o idioma local. Perfeito para eu me sentir quase dentro do filme. Também perfeito para saber que esqueci o japonês que sabia, que estou longe de saber mandarim. Mas isso é outro papo.
Lian Ai Ditu é pura poesia nas ruas de Tokyo, Taipei ou Shanghai. Mostra solidão, insegurança, conquista, amizade e curiosidade na medida certa, aquela que te faz te aproximar de alguém pra falar mais com olhos e o corpo do que usando palavras.
Para quem é apaixonado pela Ásia, nada melhor do que passear pelas ruas abarrotadas de Tokyo, visitar a beira da praia em Taipei (lá ainda não fui, será que é legal como parece? Tinha até um Fuca estacionado numa das ruas) e curtir a mistura moderna e suburbana/caótica de Shanghai. Destaque para as roupas penduradas para fora das janelas todo o tempo.
O filme é delicado sem ser meloso, e o desafio está em entender o outro na comunicação falha que leva à irritação, aos momentos de profundo silêncio, às gargalhadas inevitáveis e a uma curiosidade crescente. E o "Te Quiero", espanhol que cruza a fronteira e representa com louvor uma língua latina nesta babel asiática, tem um papel fundamental. Entenderá o corajoso que seguir a minha dica e resolver assistir ao filme.
Estou mesmo encantadíssima. Quem se aventurar, encontra inteirinho aqui (em japonês e mandarim, com legendas em chinês). Talvez haja em locadoras no Brasil. Numa busca rápida pela internet, vi em algumas listas de sites brasileiros especializados em cinema. Aqui, encontrei o filme graças a Aida, chinesa que me ensina mandarim e que... já morou em Porto Alegre.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Girassol
Aqui em Beijing, ao ouvir falar em Girassol, procure o endereço do bar que receberá os músicos. Você encontrará uma bossa nova daquelas.
- Super Tropicália esse nome - opina o músico Leon Lee, amigo do trio Girassol e responsável pela casa de jazz OT Lounge, localizada na região de Jianguomen, rodeada de embaixadas, cheia de estrangeiros, cheia de chineses, claro.
Foi no OT que ouvi Girassol pela primeira vez. Tive a honra de acompanhar a segunda performance dos músicos. Achei ótimo. Tenho certeza de que serão cada vez melhores. Mas quem são os responsáveis pela bossinha brasileira aqui?
A vocalista é a Kamila Nasr, canadense que vive hoje em Beijing, mas já morou um ano em Recife. Aliás, ela costuma brincar que alem de inglês, fala portuchinês, numa referência a estas duas línguas tão diversas e que tenta de todo o jeito dominar. Cantando, o português sai fluente. A Kamila é responsável por escolher o repertório, junto aos amigos, claro. Chega de Saudade tá lá. Garota de Ipanema também, claro. Ambas da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. E vamos a um sambinha gostoso, como Danca da Solidão, de Paulinho da Viola.
A guitarra é do Benny Oyama, de Nova York. O norte-americano descendente de japonês está com viagem marcada de volta para casa: julho. Motivo pelo qual o Girassol procura um integrante.Isso quem me contou foi o percussionista Jimmy Biala, outro norte-americano, este de São Francisco, Califórnia.
Bom, falei do trio, apresentei o povo, e você está vendo quatro pessoas na foto. Loucura minha? Não, é que é assim: Kenny, daqui mesmo de Beijing, está tocando flauta. No entanto, ele é um músico convidado, fazia uma participação especial. E que participação. Parece que tocou música brasileira a vida toda.
O Girassol também conta com o saxofonista Nathanial Gao, outro dos Estados Unidos. Mas neste dia ele não estava, ainda não tive a oportunidade de vê-lo.
E se estávamos falando em oportunidades, a bossa nova vai soar outra vez na noite de Beijing no sábado 7 de junho no Stone Boat Cafe, um bar gracinha dentro do parque Ritan. Ao ar livre, dá quase os ares do Café do Lago, pra quem é de Porto Alegre e já foi até a Redenção (aliás, ouvi dizer que a versão porto-alegrense havia fechado). Depois, no dia 28, eles voltam ao OT Lounge.
Percussão brasileira autêntica
O Jimmy já morou no Brasil dois anos - entre Salvador, especialmente, e Rio. Trouxe o samba de lá. A música já corria nas veias desde os cinco anos, quando aprendeu a tocar bateria. Junto ao samba, Jimmy trouxe percussão brazuca. Nos shows de bossa, lá estão rebolo, pandeiro, tamborim e ganza.
Pára o metrô, começam boatos
Os trens da linha 2 de metrô em Beijing, que circunda a área central da cidade, pararam hoje por cerca de 30 minutos por volta das 18h - horário local -, hora de pico, em que muita gente tenta voltar pra casa.
Metrô parado, adivinha qual a suspeita? Sempre, sempre os boatos são de ataque terrorista. A polícia negou prontamente qualquer ameaça deste tipo e disse que se houvesse qualquer suspeita, o serviço não teria sido retomado em tão pouco tempo.
Eu saio do trabalho às 20h. Por via das dúvidas, vim de táxi. Já haviam me alertado que a cidade estava praticamente sem táxi, talvez porque muitos moradores resolveram tomar um ao invés de ficarem esperando a reabertura das estações de metrô. No entanto, por volta das 20h, a situação estava normal, havia vários táxis vazios pelas ruas. Também passei por uma estação de trem, só para conferir. Tudo normal.
Metrô parado, adivinha qual a suspeita? Sempre, sempre os boatos são de ataque terrorista. A polícia negou prontamente qualquer ameaça deste tipo e disse que se houvesse qualquer suspeita, o serviço não teria sido retomado em tão pouco tempo.
Eu saio do trabalho às 20h. Por via das dúvidas, vim de táxi. Já haviam me alertado que a cidade estava praticamente sem táxi, talvez porque muitos moradores resolveram tomar um ao invés de ficarem esperando a reabertura das estações de metrô. No entanto, por volta das 20h, a situação estava normal, havia vários táxis vazios pelas ruas. Também passei por uma estação de trem, só para conferir. Tudo normal.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Crianças recebem apoio psicológico em frente a barracas em Chengdu
Foto: Agência Xinhua
Todo o dia, a rotina se repete. Novos tremores assustam moradores das regiões próximas a onde ocorreu o terremoto de 8 graus na escala Richter no dia 12 de maio, em Sichuan, na China.
Ou melhor, assustam quase todo mundo. O português Paulo Xavier, 25 anos, que vive em Chengdu, está super calmo.
Hoje, por volta de 16h20min, horário local, me deparei com uma nota urgente aqui na agência onde trabalho sobre uma réplica na capital de Sichuan. Chamei o moço no msn e perguntei se havia se assustado com o tremor.
- Que nada. Há um minuto acabou de dar um mais forte. Não me assusto mais com isso - digitou o estudante de chinês.
Tá bom, então. É bom ver pessoas tranqüilas como Paulo. Até porque hoje um especilista no asunto, o ex-subdiretor do Departamento de Sismologia da China He Yongnian, afirmou que um forte terremoto, especialmente acima de 8 graus, como o que atingiu Sichuan há pouco mais de duas semanas, pode trazer sismos secundários por meses.
Relato
O Paulo tem relatos bem legais sobre o terremoto e as réplicas no blog dele. Vale muito conferir.
Ali você descobre por que as pessoas estão acampadas nas ruas!
domingo, 25 de maio de 2008
Manicure sempre em dia
A Lily Nails fica no quarto andar do Yashow, shopping que vende de tudo perto de Sanlitun, reduto de estrangeiros da cidade
Foto: Jana Jan/China in Blog
Minha vinda pra China foi decidida rapidamente - ou não. Digamos que foram cerca de três meses entre o convite e a partida. Até é um tempo considerável, mas na confusão de deixar emprego, entregar apartamento e se despedir da família e dos amigos, este tempo passa num susto. Quando lembro desta época, lembro das coisas que procurava na internet sobre Beijing, a cidade que seria minha nova casa.
A primeira coisa que descobri é que as informações em português eram poucas. A segunda, pelo Youtube, é que praticamente sá haveria ou hot pot (a Tati explica sobre este prato aqui) ou insetos para comer. Depois, que eu poderia sair à noite em Houhai (vou fazer um post sobre a região outra hora).
Tá, mas e como seria encontrar as facilidades a que tanto estava acostumada no Brasil e indispensáveis pra quem é minimanente vaidoso, como manicure, pedicure, cabeleireiro? Lembro de ter achado alguma informação sobre mãos no blog de uma canadense - que agora me escapa. Sem crise. Na dúvida, trouxe uma base e lixas de unha. Chegando aqui...
A capital chinesa tem salão de beleza a cada 10 metros. Óbvio, esta não é uma estatística oficial, é uma percepção desta que vos escreve, tamanho o número destes estabelecimentos espalhados pela cidade. Mas aqui tem um detalhe: salão para fazer unhas, é salão para fazer unhas. Lugar de cortar cabelo é outro. Pra se depilar, então, é preciso procurar outro lugar. Surpresa pra mim. E você, garota que pensa em passar um tempo aqui, prepare-se: ficar bonitona praquela ocasião especial requer troca de salões, ou seja, mais tempo disponível.
Vamos ficar pelas mãos hoje. Com tanta oferta, não é preciso marcar hora pra fazer unhas. Os preços variam entre o equivalente a R$ 5 e R$ 20, numa média. E esta média depende da marca de esmalte que se escolhe, se queres tratamento especial para as unhas e mãos, massagem nas mãos, algum desenho diferente. O resultado é bem semelhante ao que temos no Brasil e esta foi a grata surpresa: descobrir que não passaria trabalho na hora de procurar manicure.
Pra mim, o inusitado mesmo é a distribuição dos lugares de clientes e manicures e pedicures nestes lugares. Na maioria deles, são sofás lado a lado e fica uma confusão e uma barulheira típica daqui, imagino. Se optares por pé e mão, terás duas pessoas te atendendo. Se ainda fizeres sobrancelha, chega a três o número de gente trabalhando ao mesmo tempo para a cliente ficar mais bonita ;p (isso já me aconteceu e foi engraçado, pois há quase um contorcionismo tanto de clientes quanto de profissionais para caberem todos num espaço limitado).
Ah, outra coisa. A maioria das manicures é mulher (uma vez só fui atendida por um homem). Mas há muito, muito menino trabalhando como pedicure.
Perigo de inundações após tremores
Em Sichuan, oito dos lagos represam mais de 300 milhões de metros cúbicos de água
Foto: Wang Jianmin/Agência Xinhua
Na China, já é segunda-feira, 15 dias após o tremor de 8 graus na Escala Richter que deixou milhares de mortos, especialmente na província de Sichuan. O país vive agora o risco de uma nova tragédia: inundações provocadas pelos lagos formados depois dos tremores - tanto o principal, quanto os secundários que se sucederam na região.
O governo garante que a situação está sob controle, mas admite que ainda preocupa. O principal desafio está nos próximos três dias, quando há previsão de chuvas.
Os tremores criaram 35 lagos deste tipo, 34 em Sichuan, o que coloca em risco uma população de mais de 700 mil pessoas. O maior problema é o lago Tangjiashan, cujo nível subiu 2 metros apenas no sábado, chegando a 723 metros, apenas 29 abaixo da parte menor da barragem que o represa. Há cerca de 1,6 mil soldados trabalhando para desviar as águas e evitar uma inundação.
O governo já estuda planos de evacuação nos arredores de 19 dos lagos recém formados.
Perigos nas represas
Há 69 represas em risco de se romper em Sichuan. Outras 310 foram gravemente afetadas pelo terremoto e há mais de 1,4 mil com risco moderado de acidente. A prioridade é consertar as unidades com maiores danos até julho, quando começa o período de chuvas na área.
A represa de Zipingpu, a apenas 17 quilômetros do epicentro do terremoto, em Wenchuan, será a primeira a receber reparos. A estrutura se mantém estável, diz o governo, mas caso se rompa, pode afetar 11 milhões de pessoas.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Futebol começa em cidade histórica
O palácio começou a ser construído em 1625 e ainda há 114 prédios na área de 60 mil metros quadrados
Foto: Li Gang/Agência Xinhua
O futebol brasileiro irá aportar na maior cidade do Nordeste da China: Shenyang. Será lá que tanto as seleções feminina e quanto a masculina começarão a busca pelo ouro olímpico, ainda inédito.
Shenyang é a capital da provínia de Liaoning, mas sua importância não reside apenas no tamanho da população, estimada em 7,2 milhões, nem na potente indústria. A cidade já foi capital da Dinastia Qing, antes de Beijing ser nomeada novamente como o centro político da época, em 1644.
O berço da Dinastia Qing, aliás, guarda a prosperidade chinesa daquele tempo e mostra a decadência do sistema de dinastias feudais. Um resumo de tudo isso é o Palácio Imperial de Shenyang, cuja importância histórica, segundo se lê por aqui, só fica atrás do complexo que chamamos de Cidade Proibida, em Beijing. Outras duas estruturas da Dinastia Qing famosas na cidade são as tumbas Fuling e Zhaoling.
Como ir para Shenyang?
Shenyang fica a pouco mais de mil quilômetros distante de Beijing. Há mais de 30 viagens de trens diárias atá lá, algumas durando até 11 horas. Mas nos trens rápidos, é possivel viajar em quatro horas. A passagem sai por cerca de R$ 65 - um trecho.
De avião, há 15 opções todos os dias - e há promoções cujas viagens ida e volta saem por pouco mais de R$ 120. O vôo dura perto de uma hora.
International Favorito
Fernandão treina para jogo contra Flamengo
Foto: Alexandre Lops/Internacional
Ontem eu estava procurando informações na página sobre futebol do site oficial da Olimpíada e uma das primeiras coisas que me chamou a atenção foi o fato de as notícias sobre o Brasil, futebol e atletas brasileiros dominarem a lista de notícias sobre o esporte.
Tudo bem, talvez nem seja tanta supresa. Somos reconhecidos pelo mundo como os craques da bola - e aqui na China, as mulheres também são as donas da bola, depois do vice-campeonato mundial conquistado pelas meninas (elas perderam para a Alemanha) no ano passado e pelo chocolate de 5x1 ante Gana, que garantiu a vaga na Olimpíada.
Aliás, acho que é justamente por causa da fama das gurias por aqui que muitos me perguntam:
- Sabes jogar futebol?
A pergunta me espanta porque mesmo tendo meninas atuando nos campos, o futebol ainda não é no Brasil um esporte tão "unissex" quanto o badminton ou o ping pong são aqui na China. Às vezes eu tenho a impressão de que eles têm esta impressão - e meu chinês parco não me permite ir muito adiante nos diálogos.
Mas voltando à página sobre futebol e às notícias sobre o futebol brasileiro, eis que resolvi clicar numa que contava sobre o início do Brasileirão. Os times favoritos? Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro e International. Tá, bem que tem um "T" onde nao deveria, eles traduziram o nome do Colorado. Mas que tá citado na China como favorito, isso está!
Já na tabela da vida real... :(
Bem, neste domingo é hora de torcer contra outro dos favoritos, segundo os chineses. O Inter enfrenta o Flamengo, no Maracanã, às 18h10min.
Sobre a foto
O Fernandão está de visual novo. Quem conta é a Cláudia, no blog N9ve.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
60 mil poderão ver estréias do futebol do Brasil
A construção do estádio de Shenyang, capital da província de Liaoning, será finalizada em junho
Foto: Zhang Wenkui/Agência Xinhua
O futebol brasileiro tem endereço definido na estréia na Olimpíada 2008: o Estádio Olímpico de Shenyang, cidade a cerca de 700 quilômetros de Beijing, no nordeste da China.
A construção está quase pronta e terá capacidade para 60 mil torcedores. Ali, serão disputadas 12 partidas de futebol. As meninas do Brasil entram em campo já no dia 6 de agosto, uma quarta-feira, ante a Alemanha. Os garotos encararão a Bélgica no dia seguinte. Ambas as partidas ocorrem antes da abertura oficial dos Jogos, marcada para o dia 8 de agosto de 2008 - uma sucessão de números 8 que significam sorte para os chineses. É que a pronúncia "ba" para o numero oito é semelhante a da palavra que significa prosperidade por aqui.
O estádio tem forma de pétalas. O gramado, resistência para os invernos rigorosos da região. A cobertura de vidro, aliás, foi pensada para que a grama crescesse saudável.
A obra teve início em 1º de março de 2006. Além do estádio de futebol, o complexo inclui um ginásio para 10 mil pessoas, um centro de natação com capacidade para 4 mil espectadores e uma quadra de tênis com o mesmo porte. No total, são 260 mil metros quadrados de área voltada ao esporte.
Solidariedade com tempero brasileiro em Beijing
No aniversário do SambAsia, em abril, encontrei o Cui Jian sambando e conferindo a performance dos amigos
Foto: Algum fã do Cui Jian, do SambAsia, ou dos dois
Três gerações do rock chinês se reúnem na noite desta quinta-feira para o show beneficente "Para Superar Aquele Dia" em Beijing. Toda a renda será revertida para as vítimas do terremoto que atingiu Sichuan no dia 12 de maio. O evento, organizado pela rádio Hit FM, é capitaneado pelo pai do rock por aqui, Cui Jian.
Além de idealizar o show, é ele quem batiza a função. Para Superar Aquele Dia, ou, em chinês, Chaoyue Nayitian, é o nome de uma das suas músicas. E, aí, um tempero brasilieirinho no show de solidariedade. Cui Jian convidou o SambAsia, a escola de samba aqui de Beijing, para tocar com ele. O SambAsia vai ainda participar de Congtou Zailai e tocar outra música solo (ainda não definida, me contou há pouco um dos fundadores do grupo, o taiwanês Leon Lee).
A escola de samba aqui de Beijing repete a dobradinha que fez em janeiro deste ano para um público de 8 mil pessoas na cidade e que, por coincidência, reeditou em abril em Chengdu (a capital de Sichuan, a província mais atingida pelo tremor de 8 graus na Escala Richter).
O show ainda tem a queridinha Ai Jing, os cantores Jun Zheng, Wang Feng e Lao Lang, além da banda Zaiyue Akino, outra do tempo de Cui Jian.
Fim do Luto
O show desta quinta ocorre depois de um luto oficial de três dias decretado pelo governo e que impediu atividades de recreação e lazer em todo o país. Na TV, filmes e programas de entretenimento foram proibidos. O revezamento da tocha olímpica foi suspenso. Até mesmo em bares e restaurantes, não havia música ou shows, em sinal de respeito pelas vítimas.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Revezamento é retomado, mas muda data em Sichuan
Na segunda, quando comecou o luto e a tocha deveria chegar a Ningbo, portadores prestaram homenagens a vítimas do terremoto
Foto: Xing Guangli/Agência Xinhua
O revezamento da tocha olímpica na China foi retomado nesta quinta-feira, após três dias de luto oficial em razão do terremoto de 8 graus na escala Richter que atingiu a província de Sichuan no dia 12 deste mês.
A parada foi em Ningbo, cidade de mais de 5,6 milhões de habitantes a leste da China.
A novidade na manhã desta quinta (horário local chinês) foi a mudanca das datas do revezamento em Sichuan. Originalmente previsto para ocorrer entre os dias 15 e 18 de junho na província, a região agora receberá o símbolo olímpico entre os dias 3 e 5 de agosto, ou seja, às vésperas de o evento comecar.
Ningbo
Ningo fica perto de Shanghai e é um porto importante da China. Aliás, desde a Dinastia Tang (618-907), a cidade é destacado porto comercial internacional. É considerada uma cidade vital do sul do Delta do Rio Yangtze - o mais longo rio da China e o terceiro do mundo.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Gaúcho ganha férias forçadas de terremoto
Gustavo e os companheiros de clube Danilo, outro brasileiro, o uruguaio Pablo e o argentino César
Foto: Arquivo Pessoal
O resultado de uma lesão no joelho são férias forçadas para Gustavo Saibt Martins, de 28 anos, centroavante do time chinês Wuhan. O gaúcho natural de Gravataí embarca ainda esta semana para o Rio Grande do Sul. Vai ficar em Canoas, sob cuidados médicos e, claro, na companhia da mulher, Silvana, 26, e do filhote Davi, 4 anos.
A lesao não é grave.
- Mas com joelho não se brinca - avalia o jogador, que já enviou imagens da ressonância magnética a fim de que o médico brasileiro adiante os trabalhos.
Será boa esta pausa, ele admite. Na China há pouco mais de dois meses, está louco de saudades de casa. E com o terremoto que atingiu o país:
- Vai ajudar bastante - afirma ele, em relação à ida ao Brasil. E completa:
- Os meus familiares ficam a toda hora ligando pra eu voltar pra casa. Acho que ficam mais assustados do que nós que estamos aqui - diz Gustavo, ou o Papa, apelido que ganhou nos tempos em que atuava no Colorado.
Wuhan fica a 1,1 mil quilômetros de Chengdu, capital da província de Sichuan, onde ocorreu o epicentro do terremoto de 8 graus na Escola Richter. É praticamente o que separa Porto Alegre de São Paulo. O gaúcho não sentiu nada de tremor, estava de carro. Mas ele viu o pânico nas ruas.
- Todo o mundo saiu correndo dos prédios e bancos. Eu não sabia o porquê, só depois fiquei sabendo - conta ele.
Gustavo relata o que muitos outros contam por aqui: quem estava pelas ruas, no térreo, não sentiu. Isso se repetiu em Beijing e mesmo em Chengdu, durante os tremores secundários que ainda ocorrem pela China. Mas deu medo de continuar em Wuhan?
- Sim, você fica nervoso, pensando: "E se der um mais forte?", "E se o epicentro for perto?". Tudo passa na cabeça - lembra o jogador.
Volta marcada
Com ou sem nervosismo, Gustavo volta para Wuhan. Quer ajudar o time da primeira divisão do campeonato chinês. Até agora, o gaúcho fez um gol pela equipe asiática. Vai ter de fazer bem mais no retorno. É que o Wuhan (nome do time, nome da cidade) ocupa a lanterna, atrás de outras 15 equipes que compõem a elite do futebol chinês. Hein? Como é a elite do futebol chinês?
- A maneira de jogar do chinês é muito diferente. A primeira coisa que eles pensam é em defender. Já no Brasil, a primeira coisa é atacar - compara o centroavante que, ironia ou não, se pegou defendendo a meta pelos campos asiáticos numa partida em que o goleiro foi expulso.
Gustavo se vira. Já jogou por um ano na Suécia, outro meio ano na Alemanha. Em gramados gaúchos, além do Inter (clube em que ficou por dois anos), defendeu o Juventude e o Grêmio, esses no início da carreira. No ano passado, foi campeão da Serie B do Brasileirão pelo Coritiba.
No Wuhan, o contrato vai até dezembro. A passagem de volta para a China tem data, 12 de junho. Hm... Dia dos namorados. A Silvana vai entender? Ele garante que sim. Aliás, está ansioso por julho, quando a mulher e o filho embarcam rumo à Asia. Por enquanto, aguardam o fim do semestre dela, que cursa Direito na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas.
Resgate depois de 179 horas
Ma pediu comida assim que deixou escombros
Foto: Agência Xinhua
Faça as contas: 179 horas equivalem a sete dias e 11 horas. Foi este o tempo que o executivo Ma Yuanjiang, de 31 anos, ficou preso sob escombros da usina de energia onde trabalhava em Wenchuan - a cidade onde ocorreu o epicentro do terremoto de 8 graus que atingiu a China na segunda-feira retrasada.
Ma foi resgatado a 0h50min desta terça-feira (horário local chinês). Saiu lúcido e conversando. A primeira providência foi pedir algo para comer, conta o colega Wu Geng, que acompanhou o resgate.
Até domingo, Ma nem tinha sido descoberto. Como participava de uma reunião no primeiro andar do prédio, ficou preso sob uma montanha de cimento e ferro retorcido.
O executivo foi encontrado graças ao resgate do colega Yu Jinhua - outra das vítimas que teve de ser amputada para se ver livre dos destroços, como o caso que relatei ontem aqui no blog. Desde então, Ma era alimentado com água açucarada por meio de uma sonda.
Agora, o executivo vai para um hospital maior em Chengdu, capital da província de Sichuan, para se recuperar.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Vida em meio ao horror
Gong Tianxiu amputou a própria perna para escapar dos escombros após 73 horas presa
Foto: Reprodução
A chinesa Gong Tianxiu, de 46 anos, ganhou as páginas dos jornais chineses nesta segunda-feira pela história de coragem e o desejo de sobreviver. Presa sob escombros de um condomínio do Banco da Agricultura da China em Beichuan, uma das localidades mais atingidas pelo terremoto de 8 graus na Escala Richter que atingiu a China há uma semana, foi resgatada com vida após 73 horas. O marido morreu ao seu lado meia hora depois de o prédio desabar.
Para deixar os escombros, ela amputou a própria perna direita usando tesouras e uma serra. Os equipamentos, pediu às equipes de resgate.
O motivo para tanta vontade de viver? Reecontrar o filho, Wangtao, que vive em Chengdu, capital de Sichuan, a província onde ocorreu o epicentro do tremor. Durante os dias em que ficou presa, Tianxiu se alimentou de urina e do sangue que escorria pelos ferimentos.
A história da gerente de empréstimo do banco foi publicada hoje pela manhã no jornal Beijing News - e ganhou espaço em diversos sites chineses. Quem me alertou para o exemplo dado por Tianxiu foi a Mariana - que, como uma vez já disse, é meus olhos, ouvidos e muito do que sei sobre a China. Claro que foi ela que me ajudou na tradução.
Tianxiu já reencontrou o filho e está internada em um hospital, onde passa bem. Viva, quer agora adotar dois órfãos do terremoto. Wangtao, o filho, conhece a vitalidade da mãe. Ela já havia sido baleada durante um assalto a banco. Sobreviveu.
- Ela é muito corajosa. Só que tem medo de dormir sozinha - contou Wangtao.
O medo de ficar sozinha fez Tianxiu gritar por socorro, mas ela passou muito tempo sem resposta. Somente quando um dos colegas voltou para procurar sobreviventes, é que ouviu os apelos da mãe obstinada.
Três minutos de silêncio
Crianças em silêncio na cidade de Harbin, capital da província de Heilongjiang
Foto: Li Yong/Agência Xinhua
Às 14h28min desta segunda-feira, chineses e estrangeiros que vivem no país se uniram em uma corrente solidária. Houve três minutos de silêncio para homenagear as vítimas do terremoto de 8 graus na Escala Richter que atingiu a província de Sichuan há uma semana (neste mesmo horário). O silêncio total foi quebrado pelas sirenes e buzinas de baterias anti-áreas, navios, trens e automóveis.
Eu estava com a minha colega Paula Coruja no cruzamento das avenidas Xuanwumen Xidajie e Xuanwumen, aqui em Beijing. A poucos minutos da homenagem, as pessoas começaram a se aglomerar nas esquinas. Quase na hora, a polícia chegou, as sinaleiras foram fechadas e os buzinaços tomaram conta do ambiente, enquanto os cidadãos oravam, choravam, homenageavam as vítimas.
Em empresas, também houve respeito aos três minutos de silêncio. Ainda pela manhã, via celular, a Paula recebeu uma mensagem, em inglês, convidando todos os estrangeiros a participarem da mobilização.
O clima aqui é de consternação. Em meio a tudo isso, dados oficiais elevam para 34,073 o número de mortos - e o governo estima que a cifra chegará a mais de 50 mil. Os feridos já somam 245.108.
Integrantes de equipes de resgate fazem silêncio em Mianzhu, província de Sichuan - Crédito: Yang Ying/Agência Xinhua
No Consulado-Geral da China no Rio de Janeiro, funcionários prestam homenagem - Crédito: Xu Tao/Agência Xinhua
Reconstrução: objetivo após o tremor
Praça Tiananmen amanheceu com bandeira a meio mastro, em Beijing
Foto: Tang Zhaoming/Agência Xinhua
A manhã desta segunda-feira é de luto. Por toda a China, as bandeiras a meio mastro revelam o sentimento em relação às vítimas do terremoto que já deixou pelo menos 32 mil mortos e mais de 220 mil feridos. O terror espalhado pelo sismo em Wenchuan é revisto em números, cada vez mais sombrios. Até a intensidade do sismo foi revista para cima pelas autoridades chinesas. Segundo o Departamento de Sismologia da China, o terremoto atingiu 8 graus na Escala Richter, de acordo com novas medições realizadas no domingo.
A gravidade e o tempo decorrido após o tremor já diminuem as chances de se encontrarem sobreviventes. Apesar de o resgate ser encorajado todo o tempo pelas autoridades, o foco agora parece ser mesmo a reconstrução. Os sites chineses reforçam hoje o dia de luto (e muitos trocaram as cores para cinza, em forma de homenagem), mas alertam para a necessidade constante de doações para as áreas atingidas - um total de 100 mil quilômetros quadrados.
De hoje até quarta-feira, o país vive luto nacional. Às 14h28min (horário local, na China) todas as sirenes de carros, trens e navios devem soar no país enquanto as pessoas deverão prestar três minutos de silêncio. É exatamente nesta hora que o terremoto atingiu Wenchuan há uma semana.
O sina.com, um dos mais populares, adotou mesmas cores em homenagem às vítimas
Site da agência Xinhua usa cores cinzas nesta segunda
domingo, 18 de maio de 2008
China de luto
Os chineses estão unidos em torno de uma causa: auxiliar as vítimas do terremoto que já deixou 32.476 mortos até este domingo, segundo dados oficiais, e mais outros 220 mil feridos. A rede de solidariedade país afora mobiliza empresas, setor civil, autoridades.
Dentro e fora da China há mobilização. Países como Japão, Rússia e Cingapura enviaram equipes às regiões mais atingidas, na província de Sichuan, para ajudarem no resgate. Estrangeiros que vivem por aqui auxiliam como podem.
Internautas exibem nos programas de trocas de mensagens eletrônicas imagens de apoio. E esta manifestação online já percorreu o mundo. Quem me alertou para ela foi o português Manuel Lopes, que mora em Lisboa.
Silêncio e sirenes às 14h28min
Às 14h28min desta segunda-feira a China lembrará os mortos pelo terremoto. É quando se completa uma semana do abalo principal em Wenchuan, província de Sichuan. Em todo o país, os habitantes deverão fazer três minutos de silêncio. Apenas as sirenes e buzinas de carros, trens e navios deverão soar.
O governo também declarou luto oficial de três dias e ordenou o cancelamento de todas as atividades públicas de diversão, inclusive o revezamento da tocha olímpica durante o periodo. As bandeiras devem ser hasteadas a meio mastro. O mesmo deverá ocorrer nas embaixadas da China pelo mundo, que ainda abrirão livros de condolências.
Manifestação online
O Manuel explicou o que diz cada uma das imagens utilizadas pelos internautas e reproduzidas aqui.
Na primeira, no canto superior esquerdo, está escrito Wenman Zhongguo, que significa "calor que enche a China". Na segunda, a mensagem é Women zai yiqi, ou "estamos juntos".
As outras duas imagens remetem a Wenchuan, epicentro do tremor. À esquerda, Xinji Wenchuan, ou "coração em Wenchuan". A ultima é Xinxi Wenchuan, que singifica "unidos pelo coração a Wenchuan".
Recado direto de Portugal
O Manuel também deixou um comentário bem interessante sobre o terremoto no post "Solidariedade Online" e que reproduzo aqui:
Janaina: Estou convencido que este terramoto vai ter as mais profundas implicações sociais na China, pela intensíssima divulgação e acompanhamento pelos Media nacionais e internacionais. A China como que se desviou das Olimpíadas de Beijing para se centrar nas mais diferentes formas de apoio e solidariedade às vítimas do Sismo em Wen Chuan. Julgo que vale a pena mostrar algumas imagens que interpretam o grau de mobilização actualmente em curso. .
Manuel, concordo contigo. E prometo mais imagens sobre a mobilização, que é realmente impressionante por aqui.
Táxis adaptados em Beijing
A frota de táxi de Beijing ganhou 70 táxis adaptados para facilitar o acesso de portadores de deficiência. Com assento traseiro melhor e acesso facilitado a cadeirantes, os veículos poderão ser solicitados por telefone - mas o número ainda não foi divulgado.
A iniciativa foi de uma das companhias de táxi da capital chinesa e visa atender a demanda durante a Olimpíada e a Paraolimpíada. Mas o serviço continuará na cidade - e poderá até aumentar, se houver demanda.
O valor cobrado é o mesmo dos táxis atuais, ou seja, de 2 yuans por quilômetro rodado, algo em torno de R$ 0,40. O serviço já comeca nesta terça-feira.
A iniciativa foi de uma das companhias de táxi da capital chinesa e visa atender a demanda durante a Olimpíada e a Paraolimpíada. Mas o serviço continuará na cidade - e poderá até aumentar, se houver demanda.
O valor cobrado é o mesmo dos táxis atuais, ou seja, de 2 yuans por quilômetro rodado, algo em torno de R$ 0,40. O serviço já comeca nesta terça-feira.
Revezamento da tocha é suspenso
Portadores participam de revezamento neste domingo em Hangzhou
Foto: Xing Guangli/Agência Xinhua
A China declarou luto oficial de três dias a partir desta segunda-feira e suspendeu todas as atividades públicas de lazer ou entretenimento no país em memória às vítimas do terremoto que atingiu a província de Sichuan. Com isso, o revezamento da tocha olímpica está suspenso.
A última cidade por que a tocha passou foi Hangzhou, província de Zhejiang, neste domingo. Na quinta, o percurso será retomado, garante o comitê organizador dos jogos.
sábado, 17 de maio de 2008
4,8 milhões de desabrigados
Universo de pessoas sem endereço busca abrigo nas cidades atingidas
Foto: Jana Jan - China in Blog
A China tem 4,8 milhões de desabrigados em razão do terremoto. Em cidades como Beichuan, 80% dos prédios foram destruídos. É um universo de gente que tem como necessidade fundamental agora comer, beber, ter um local para dormir, ter remédio e mínimas condições de higiene.
O governo instalou as vítimas em tendas ao longo de estradas, parques, avenidas. Suprimentos onde as estradas estão em operação chegam diariamente. E muitos destes suprimentos acabam vindo ou de doações, ou do trabalho de voluntários.
Em Chengdu, um grupo de estudantes estrangeiros que está mobilizado para auxiliar as vítimas já sabe: irá pedir doações de material de higiene (xampu, sabonete, pasta de dentes). Motivo: os jornais informam que há comida e bebida suficientes para os próximos dias, mas os desabrigados precisam se manter asseados - especialmente porque se tratam de áreas com alto risco de epidemias.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Solidariedade online
Crianças são foco da solidariedade de casais que desejam adotar órfãos do terremoto
Foto: Jana Jan - China in Blog
Os últimos números divulgados pelo governo chinês mostram que há 22.069 mortos vítimas do terremoto desta segunda-feira, além de 168.669 feridos. Apenas na província de Sichuan, onde ocorreu o epicentro, são 21.577 mortos. Ainda há cerca de 14 mil soterrados e, embora haja histórias milagrosas de sobreviventes sob escombros, as esperanças de encontrar gente com vida diminuem a cada dia.
Apenas na cidade de Mianyang, são pelo menos 8.767 mortos. Além disso, 59.616 pessoas ficaram feridas. Cerca de 4,1 milhões de moradores da cidade - que tem 5,2 milhões de habitantes - foram afetados pelo terremoto.
As histórias pessoais revelam tragédias ainda mais pungentes. Famílias que vivem sob a política do filho único (em vigor na China desde o final da década de 1970) e que o perderam. Filhos únicos que perderam os pais.
É justamente em relação aos órfãos que a internet chinesa revela outra face da solidariedade. Muitos casais já expressaram o desejo de adotar as crianças sem pai e mãe vítimas do horror. Apesar da política de filho único, a lei chinesa permite que um casal adote uma criança e tenha um filho biológico.
O chão está tremendo
Evânia acampou durante três dias no campus da universidade em Chengdu
Foto: Jana Jan/China in Blog
Vir à China era o sonho de criança da acreana Evânia Maria Maia, 30 anos. Há quatro meses, ela garantiu o passaporte - e o dinheiro suficiente - e se instalou em Chengdu, capital de Sichuan, onde estuda mandarim na Southwest University for Nationalities. Aí na segunda-feira passada, o sonho ganhou contornos de pesadelo.
- O chão está tremendo - alertou a colega com quem Evânia divide o apartamento no terceiro andar, a mexicana Arele Barde Perez, 42.
- Tremendo? - duvidou a acreana, que estava entretida mesmo em uma faxina.
É, tremia. Quando se deram conta, foi o tempo de correrem aos quartos e pegarem os passaportes. Uma eternidade para alcançar a rua.
- Demorou muito, foi o tempo mais longo do mundo - diz Evânia, ao lembrar do tremor de 6.5 graus na escala Richter que atingiu a cidade por volta das 14h28min.
Na rua, hora de decidir para onde ir: o campus da universidade onde estuda. Ela, a colega e milhares de pessoas (o milhares fica por conta de Evânia) tiveram a mesma idéia.
- O campus tava cheio. Mas qual o lugar que não é cheio quando se fala em China, né? - ri a estudante.
Cheio ou não, o fato é que o pátio do campus se transformou na casa de Evânia por três dias. No primeiro, ela nem buscou roupa, dinheiro, celular. Ganhou emprestada esteira e cobertor de uma colega e foi com isso que passou a noite. No campus, eles também receberam alimentação e orientações pela rádio da universidade. Além disso, tendas coletivas foram instaladas. O objetivo dela e dos recentes vizinhos do acampamento improvisado era o mesmo: estar o mais longe possível de prédios, a fim de escapar de queda de lajes, paredes, aço e qualquer outra coisa na eventualidade de um novo terremoto.
Aulas suspensas, trabalhadores sem trabalhar, a rotina deu lugar à apreensão.
- Tive de ligar pra casa, imagina a minha mãe lá no Acre, sabendo que estou aqui - conta Evânia.
É, parece que foi bom mesmo ligar para a dona Maria de Nazaré, 75. Ela leu a notícia de que nenhum brasileiro havia se ferido no terremoto, mas...
- Entendeu que não havia nenhum brasileiro por aqui. Ficou em pânico pelo que pudesse ter acontecido comigo - diz a filhota que resolveu vir para o outro lado do mundo. Foi aí que Evânia telefonou para a embaixada brasileira em Beijing para dar um sinal e fazer o registro como cidadã do Brasil que mora na China.
Com a Evânia, agora há seis brasileiros registrados que vivem entre Chengdu e Chongqing, diz o primeiro-secretário da embaixada, Celso França.
Susto na volta ao apartamento
Evânia e Arela voltaram para casa quinta-feira. Era o que podiam fazer, pois o governo local pediu que as pessoas deixassem o campus. A primeira noite foi relativamente tranquila, apesar de o sono ter demorado a chegar.
- Dormi só pelas 2h. Lembrava das rachaduras pelo teto e da sensação de que iria morrer soterrada pelos escombros do edifício - diz a brasileira, que mora no terceiro andar de um prédio de 11.
- Apaguei de cansaço mesmo, mas acordei às 6h, ao sentir um novo tremor - conta. Ela se referia a um aftershock, fenômeno comum após terremotos. E constantes na região: foram mais de 1,9 mil nas últimas 28 horas perto de Chengdu. O pior na cidade hoje foi por volta do meio-dia, quando até um porta-retrato caiu da estante.
- Deu medo, mas vou dormir em casa hoje de novo. O que ainda não consigo é pegar elevador. Quem sabe amanhã? - fala a garota, sem demonstrar convicção.
Pouco depois Evânia encerrou a entrevista. Hora de comprar lona para fazer uma tenda.
- Só para alguma eventualidade - riu.
Medo, mas bem pouquinho
A acreana levou a sério o que sentiu na infância. Se antes era só um desejo de vir à China, com o tempo, se transformou na vontade de aprender mandarim.
- Fiz as contas. O custo de vida aqui é bem mais barato do que pagar universidade particular no Brasil - fala Evânia.
Foi graças a esta contabilidade que ela saiu da pequena Sena Madureira, na fronteira com o Peru e a Bolívia, e foi morar em Rio Branco. Fez só o Magistério, era professora do Ensino Fundamental. Perfeito. Com este currículo, pouco tempo depois se mudou para São Paulo, onde juntou dinheiro por dois anos e conheceu o bairro da Liberdade. O contato no cantinho oriental da cidade aumentou o desejo de vir à China. Frequentou algumas aulas de mandarim e, sim, não tinha mais volta. Queria vir pra cá. O plano inicial era ficar um ano. E agora, com o terremoto?
- Em um mês, já sabia que teria de ficar dois anos se quisesse falar mandarim. Agora, já sei que tenho de ficar três ou quatro anos. Essa língua, sim, é difícil. Com terremoto, a gente acostuma - garante.
Medo de epidemia
Equipes de resgate trabalham com máscaras, as mesmas usadas pela população nas áreas atingidas
Foto: Jana Jan - China in Blog
A tragédia de um terremoto como o que atingiu a província de Sichuan nesta segunda-feira pode ter consequências ainda mais trágicas para os sobreviventes. O governo chinês está preocupado agora com o possível aparecimento de epidemias.
O motivo para preocupação é a demora em enterrar os corpos das vítimas. Muitos estão soterrados em locais onde máquinas pesadas estão impossibilitadas de ir, o que impede o resgate.
Na prefeitura de Aba, uma das mais atingidas pelo tremor, as altas temperaturas aceleram a decomposição dos corpos, fator que pode levar a doenças. Bai Licheng, da prefeitura, afirma que são necessários sacos para a remoção dos mortos. Muitos estão depositados no chão, relata ele.
Outro problema é a falta de água potável. Com recursos limitados nas áreas de mais difícil acesso, algumas pessoas recorrem a mananciais da montanha - e não se sabe se estas águas são potáveis ou não.
Mais de 4,4 mil tremores desde segunda
Sem ter onde morar, pessoas levam consigo os poucos pertences que restaram
Foto: Jana Jan - China in Blog
Até a meia-noite desta quinta-feira, horário local da China, um total de 4.432 abalos secundários foram registrados no sudoeste do país, depois do terremoto devastador de 7.8 graus na Escala Richter ocorrido segunda-feira na província de Sichuan. As informações foram divulgadas hoje pelo Departamento de Sismologia local.
Os abalos secundários são comuns após um terremoto. A expressão em inglês que designa o fenômeno, aftershocks, é uma nova conhecida para mim - e já bastante íntima.
É em razão dos inúmeros aftershocks que muita gente procurou as ruas para se proteger. Mesmo morando em prédios cujas estruturas não foram abaladas pelos tremores, Chengdu foi tomada por barracas, onde as pessoas buscavam abrigo durante a noite e, de alguma forma, se sentiam mais seguras. A Tati Klix relata aqui o que viu pelas ruas da capital de Sichuan.
Nas regiões mais atingidas, a situação é pior. Muitos estão na rua por não terem mesmo outra opção - perderam as casas ou estas estão condenadas. Após o tremor principal, o sismo mais forte foi de 6,5 graus na escala Richter, segundo o departamento de sismologia.
Turistas ficam retidos em reserva natural
Grupo de turistas chegou nesta manhã a Chongqing
Foto: Liu Chan - Agência Xinhua
Cerca de 200 turistas estrangeiros retidos desde o terremoto desta segunda-feira na província chinesa de Sichuan se preparam para voltar para casa. Eles estavam no parque Jiuzhaigou (九寨沟), cenário do filme O Clã das Adagas Voadoras, de Zhang Yimou (o diretor responsável pelas cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada, aliás).
A reserva natural tem mais de 620 km². Nesta manhã, quatro dias após o tremor de 7,8 graus na escala Richter, um grupo de 31 turistas estrangeiros aterrisou no aeroporto de Chongqing, município vizinho a província de Sichuan. De lá, seguem para seus países. Durante os dias retidos no parque, este grupo foi abrigado no berçário de pandas da reserva, segundo a mídia local em Sichuan.
Jornais locais falam em 4.557 pessoas resgatas em perfeito estado de saúde de dentro do parque Jiuzhaigou.
Ainda não há informações sobre as nacionalidades de todas as pessoas que estavam no parque - onde os sinais de telefone ainda são precários (tentando telefonar nesta manhã, não consegui contato). Mas entre os resgatados, há turistas australianos, europeus, norte-americanos, taiwaneses e de Hong Kong.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Alerta tecnológico
Foto: Agência Xinhua
Em meio ao pânico pós-terremoto em Chengdu, capital da província de Sichuan, a mais atingida pelo terremoto desta segunda-feira na China, as mensagens via celular tiveram papel fundamental. Por volta das 14h de terça, os moradores começaram a trocar mensagens alertando sobre os perigos de tomar água da torneira, que poderia estar contaminada.
O medo disseminado via celular fez com que milhares de pessoas corressem a supermercados e mercados, o que deixou o estoque de água - e de todas as bebidas disponíveis, o que vai de cerveja a leite - a zero.
Às 18h, o governo local entrou em ação. Também via celular, enviou mensagens aos moradores garantindo a potabilidade da água. A prática é praxe por aqui. Em muitos casos emergenciais, o governo recorre ao SMS para alertar a população.
A difícil volta para casa
Voltar para casa pode ser uma tarefa difícil após um terremoto como o que atingiu a província chinesa de Sichuan nesta segunda-feira.
–Você não estava aqui, por isso diz que posso voltar. Sinto o chão tremer, jamais vou poder pisar forte, tenho a impressão de que meu apartamento irá desabar - desabafa a espanhola Sara, 35 anos, há três em Chengdu, capital de Sichuan.
Na segunda, quando o terremoto atingiu 6.5 graus na escala Richter na cidade de 3,2 milhões de habitantes, Sara estava trabalhando no apartamento em que vive, no sétimo andar. Ela não sabe quanto tempo durou o tremor, mas sabe que foi tempo suficiente para sair correndo e alcançar o térreo. E tudo ainda balançava.
Descalça, sem celular e sem dinheiro, buscou ajuda com amigos. As pessoas estavam todas nas ruas, segundo conta. Ela ainda não conseguiu dormir em casa, mesmo sabendo que o pior já passou. O departamento de sismologia local ainda prevê outro tremor forte para as próximas 24 horas, mas há quem diga que isso não ocorrerá.
Sara acredita que tudo ficará bem, mas fica a sensação ruim de ter visto a casa tremer. Há rachaduras nas paredes do quarto e da sala. E o clima da cidade aumenta a sensação de insegurança. Segundo ela, pessoas dormem em barracas improvisadas nos parques, há falta de agua nos mercados.
– Todo o mundo quer estocar. Eu mesma comprei três litros de água e uma caixa de chá – conta. Para ela – e para muitos outros moradores – a segurança está em ficar o mais perto do solo possível. Quem não optou por barracas, dorme em carros, mesmo em esteiras estendidas no chão. Salões de festa, saguões de prédios, tudo parece ser mais seguro para quem sentiu seu lar tremer, teve medo por sua integridade física, pelo que poderia acontecer.
– Você não tem noção do barulho dentro de casa, nas escadas do prédio.
Chengdu não foi o local mais atingido. As principais perdas se deram em áreas rurais, vilas como a de Wenchuan, onde milhares de pessoas morreram ou estão feridas ou desaparecidas. Após o tremor principal, vários tremores se seguiram, o que agrava a sensação de insegurança.
Os primeiros dias de resgate foram de chuvas intensas (e, mesmo assim, muita gente dormiu em barracas nas ruas de Chengdu, conta Sara). Agora, o sol parece ter voltado, o que pode auxiliar as equipes de socorro.
–Você não estava aqui, por isso diz que posso voltar. Sinto o chão tremer, jamais vou poder pisar forte, tenho a impressão de que meu apartamento irá desabar - desabafa a espanhola Sara, 35 anos, há três em Chengdu, capital de Sichuan.
Na segunda, quando o terremoto atingiu 6.5 graus na escala Richter na cidade de 3,2 milhões de habitantes, Sara estava trabalhando no apartamento em que vive, no sétimo andar. Ela não sabe quanto tempo durou o tremor, mas sabe que foi tempo suficiente para sair correndo e alcançar o térreo. E tudo ainda balançava.
Descalça, sem celular e sem dinheiro, buscou ajuda com amigos. As pessoas estavam todas nas ruas, segundo conta. Ela ainda não conseguiu dormir em casa, mesmo sabendo que o pior já passou. O departamento de sismologia local ainda prevê outro tremor forte para as próximas 24 horas, mas há quem diga que isso não ocorrerá.
Sara acredita que tudo ficará bem, mas fica a sensação ruim de ter visto a casa tremer. Há rachaduras nas paredes do quarto e da sala. E o clima da cidade aumenta a sensação de insegurança. Segundo ela, pessoas dormem em barracas improvisadas nos parques, há falta de agua nos mercados.
– Todo o mundo quer estocar. Eu mesma comprei três litros de água e uma caixa de chá – conta. Para ela – e para muitos outros moradores – a segurança está em ficar o mais perto do solo possível. Quem não optou por barracas, dorme em carros, mesmo em esteiras estendidas no chão. Salões de festa, saguões de prédios, tudo parece ser mais seguro para quem sentiu seu lar tremer, teve medo por sua integridade física, pelo que poderia acontecer.
– Você não tem noção do barulho dentro de casa, nas escadas do prédio.
Chengdu não foi o local mais atingido. As principais perdas se deram em áreas rurais, vilas como a de Wenchuan, onde milhares de pessoas morreram ou estão feridas ou desaparecidas. Após o tremor principal, vários tremores se seguiram, o que agrava a sensação de insegurança.
Os primeiros dias de resgate foram de chuvas intensas (e, mesmo assim, muita gente dormiu em barracas nas ruas de Chengdu, conta Sara). Agora, o sol parece ter voltado, o que pode auxiliar as equipes de socorro.
Mobilização pela China
O governo chinês está fazendo todos os esforços para auxiliar as vítimas do terremoto que atingiu a província de Sichuan. Apenas na tarde desta quarta-feira é que puderam alcançar a vila mais atingida, Wenchuan. Ainda assim, produtos alimentícios foram arremessados por helicópteros que sobrevoavam a área.
Longe da esfera governalmental, a mobilização também ocorre. Além de campanhas para doação em dinheiro via telefone ou sites populares pelo país, shows, como o que está ocorrendo agora em Beijing, reúnem centenas de pessoas - estrangeiros e chineses. Telefonei há pouco para o guitarrista da banda The Verse, que irá tocar:
- Aqui está cheio, muita gente veio para sentir que pode ajudar de alguma forma - disse Paul Lee, minutos antes de subir ao palco.
Longe da esfera governalmental, a mobilização também ocorre. Além de campanhas para doação em dinheiro via telefone ou sites populares pelo país, shows, como o que está ocorrendo agora em Beijing, reúnem centenas de pessoas - estrangeiros e chineses. Telefonei há pouco para o guitarrista da banda The Verse, que irá tocar:
- Aqui está cheio, muita gente veio para sentir que pode ajudar de alguma forma - disse Paul Lee, minutos antes de subir ao palco.
terça-feira, 13 de maio de 2008
A dimensão de uma tragédia
A chuva que cai na região de Sichuan, província a sudoeste da China onde se localiza a vila de Wenchuan (汶川), epicentro do terremoto no país, retarda os trabalhos de resgate das vítimas e pode esconder a dimensão de uma tragédia ainda maior - se é que números podem transformar em maior ou menor a dor causada por vidas que vão cedo demais, por vidas que precisam ser refeitas.
Enquanto os dados sobre o número de mortos são incertos - e só crescem até agora -, o país se divide entre o clima de comoção e o sentimento de que é preciso continuar.
Cheguei no final da noite a Chongqing (重庆), cidade a menos de 300 quilômetros de Chengdu (成都), capital de Sichuan. Na capital, aeroporto fechado. Por aqui, onde 50 pessoas morreram, o clima é de aparente normalidade. Na madrugada desta terça-feira, muita gente ficou na rua, com medo de dormir nos arranha-céus da cidade. Hoje, o medo deu lugar à retomada das tarefas cotidianas, ao que se percebe.
Nas ruas, ao perguntar para taxistas, garçonetes, atendentes, o que mais se ouve dizer é que eles sabem, sim, do terremoto. E ponto. Apenas no aeroporto duas agentes de turismo admitiram que a terra tremeu por dois minutos na tarde de segunda-feira.
Não há informações sobre brasileiros feridos pelo terremoto. O presidente Lula enviou uma mensagem de condolências à China, reproduzida há pouco pelo canal estatal de televisão, CCTV. Diversos governantes seguiram o mesmo caminho, e o governo chinês já fala em aceitar ajuda internacional. Indicativo de que os números podem ser ainda mais sombrios.
Enquanto os dados sobre o número de mortos são incertos - e só crescem até agora -, o país se divide entre o clima de comoção e o sentimento de que é preciso continuar.
Cheguei no final da noite a Chongqing (重庆), cidade a menos de 300 quilômetros de Chengdu (成都), capital de Sichuan. Na capital, aeroporto fechado. Por aqui, onde 50 pessoas morreram, o clima é de aparente normalidade. Na madrugada desta terça-feira, muita gente ficou na rua, com medo de dormir nos arranha-céus da cidade. Hoje, o medo deu lugar à retomada das tarefas cotidianas, ao que se percebe.
Nas ruas, ao perguntar para taxistas, garçonetes, atendentes, o que mais se ouve dizer é que eles sabem, sim, do terremoto. E ponto. Apenas no aeroporto duas agentes de turismo admitiram que a terra tremeu por dois minutos na tarde de segunda-feira.
Não há informações sobre brasileiros feridos pelo terremoto. O presidente Lula enviou uma mensagem de condolências à China, reproduzida há pouco pelo canal estatal de televisão, CCTV. Diversos governantes seguiram o mesmo caminho, e o governo chinês já fala em aceitar ajuda internacional. Indicativo de que os números podem ser ainda mais sombrios.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
China vive pior terremoto em 30 anos
A China contabiliza as vítimas do terremoto de 7,8 graus na Escala Richter ocorrido às 14h28min (horário local) desta segunda-feira em Wenchuan (汶川) província de Sichuan (四川), sudoeste do país. Números desencontrados do início desta madrugada dão conta de entre 3 mil e 8 mil mortos - 8.533 segundo o site mais popular por aqui, o sina.com.
No início da tarde, 14h44min, recebo uma mensagem da Paula Coruja, jornalista gaúcha que mora comigo e trabalha na Xinhua, na redação em Beijing: "Guria, aconteceu um terremoto aqui, os elevadores estão parados".
Contei para a Tati Klix e achamos que pudesse ser um tremor menos grave. Não tardaram outras mensagens da própria Paula e também da Mariana.
Diversos amigos sentiram a terra tremer em Beijing. Em Shanghai, contou um guia de turismo aqui de Yangshuo, onde estou, os tremores foram sentidos ao longo de cinco minutos - e muita gente teve de deixar os prédios mais altos.
Locais foram evacuados também em Chongqing, nosso destino desta quarta-feira (estou com a Tati em férias). Segundo o repórter da TV estatal CCTV Zhou Yun, que vive em Chongqing, durante a tarde houve problemas nos sinais de celular. Lá, muitas pessoas correram às ruas para se proteger. A cidade confirmou mortos, mas não está entre as mais atingidas pelo terremoto. Amanhã, veremos de perto a situação.
Pelo país, as televisões estão ligadas nos noticiários. Por volta da meia-noite, horário local, o único mercadinho aberto tinha a TV ligada. O casal de donos, de olho grudado na tela. Não entendi muito do que disseram. Mas falaram em mais de 8 mil mortos e foi possível sentir o clima de comoção.
No msn, o tema terremoto também é o mais falado comigo tanto dos amigos no Brasil, querendo saber como e onde estamos, assim como dos amigos aqui, assustados com a tragédia.
Pior em décadas
O terremoto foi o pior em 32 anos na província de Sichuan. Como vou para mais perto nesta terça, recebi advertências de amigos como a Mariana e o Paul, de que talvez fosse melhor não ir para Chongqing. A brasileira Gisele Akiko, que mora na capital chinesa, onde estuda mandarim, também não aprova. Apesar de não ter sentindo o tremor desta tarde, está assustada.
O sentimento geral por aqui é que o número de vítimas deverá aumentar. O Felipe Barreto, outro jornalista que adotou Beijing como endereço, continua apreensivo - e triste - com as notícias que chegam. Depois do tremor principal, outros 19 se sucederam, todos com mais de 5 graus na Escala Richter. Ele (e vocês podem também) acompanha os registros dos abalos por aqui.
Quanto vale um panda?
Estes não são os adotados, são os extras que viram a Beijing para agradar aos esperados 6 milhões de turistas no zôo da Capital
Foto: Chen Xie/Agência Xinhua
Que panda é fofo, quase todo o mundo concorda. Ou, pelo menos, eu acho que quase todo o mundo concorda. Mas para além de ele ser preto e branco, viver na China ou em zoológicos (poucos pelo mundo), se alimentar de bambus e estar em risco de extinção, que mais se sabe sobre o urso?
Eu, bem pouco, confesso. Há poucos dias, lendo sobre a adoção de seis pandinhas pelo magnata taiwanês Terry Guo, fiquei sabendo mais.
Eles vivem, em média, 25 anos. Numa reserva natural de preservação, cada panda consome cerca de 50 mil yuans (pouco mais de US$ 7 mil) por ano. Durante toda a vida, são perto de US$ 178 mil.
Pois este montante multiplicado por seis foi o que Guo pagou para adotar os ursinhos. Foram criados alojamentos para os "primos ricos e sortudos" no Centro de Pesquisa para Reprodução dos Pandas de Chengdu, na China.
Com a doação, o magnata poderá visitar os pandas sempre que quiser, além de ter o direito de publicar fotos e vídeos dos seus filhotes.
domingo, 11 de maio de 2008
Pelsonagem made in China?
Omar, 10 anos, é filho de uma brasileira e de um tunisiano, fala português perfeitamente, mas não nasceu no Brasil. Vive na China. Aprendeu a língua da mãe com ela, claro. Mas foi nas páginas das revistas da Turma da Mônica que aprendeu além de ler, a descobrir brasis diferentes. E jeitos diferentes de usar o mesmo idioma.
No recente encontro com o criador da turma, Mauricio de Souza, aqui em Beijing, Omar lembrou do personagem Chico Bento, o menino da roça apaixonado pela Rosinha e que fala de um modo peculiar, diferente ao povo da cidade.
Pois é nesse pessoal urbano que ele identificou uma característica de um dos personagens semelhante ao modo de falar dos amigos da vida real neste lado de cá:
- Tem até o Cebolinha, que ao trocar o "r" pelo "l" fala como os chineses - afirmou categórico e sério o Omar.
Risos de quem tava na platéia. E do próprio Mauricio.
A propósito
Bem que já vi chinesinhos trocarem "R" por "L". Oh, mas sério: sem genelalizal. Ai, Cebolinha. Sem generalizar, ok?
sábado, 10 de maio de 2008
Mapa de Beijing
É fácil utilizar o gráfico
Foto: Reprodução/Site oficial da Olimpíada
Preparando a viagem para Beijing? Que tal um mapa em mãos? É certo que há guias turísticos que podem ser comprados nas melhores lojas do ramo, mas pra quem gosta de navegar pela internet, aqui tem uma boa dica de mapa online.
Todo em inglês, aponta as principais lojas de vendas de produtos olímpicos, onde há hutongs - as vilas chinesas construídas há séculos e que ainda servem de moradia para muita gente em Beijing -, por onde passam as linhas de metrô. É bem útil e ajuda na hora de começar a se situar por esta mega cidade!
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Extra! Extra!
Jornal de graça na saída do metrô
Foto: Jana Jan/China in Blog
A quinta-feira 8 de maio foi um dia de conquista para os chineses. O registro mostra a edição extra do Jornal da Juventude que contava a chegada de alpinistas portadores da tocha olímpica ao topo do Everest.
O suplemento era entregue de graça em regiões movimentadas de Beijing, como a saída da estação de metrô Chongwenmen (崇文门).
Ah, as estações de trem
Aliás, o clique da distribuição do jornal ocorreu quando encontrei a Mariana e ela me mostrou o que estava acontecendo. Teve tempo para observar bem a distribuição do jornal. Uma meia hora, pelo menos.
Havíamos combinado de nos encontrarmos na saída C da estação Chongwenmen às 12h30min. Trata-se de uma estação em que se encontrar as linhas 2 e 5. Desci do metrô na linha 5, procurei a saída C, lá fiquei esperando a Mariana. Ela estava na linha 2, saiu pela saída C da linha 2, lá ficou me esperando.
Pra complicar a história, eu estava sem celular - havia esquecido em casa - e nós estávamos sem comunicação. Nos encontramos por acaso, quando decidi buscar um telefone público pra telefonar à Mariana.
Cuidado! Ao combinar encontro nas estações de Beijing, cuidem se nestas há linhas que se cruzam ou não. É capaz de o mesmo local ter mais de uma saída A, B, C ou D - uma para a linha X, outra para a linha Y. Só eu que acho que as letras deveriam ser diferentes, e azar que houvesse até a saída H?
Mini-férias a Turismo
Huang Yunba usa técnica milenar de pescaria ao lado de pássaros em Yangshuo
Foto: Zhou Hua/Agência Xinhua
Neste sábado, pego um vôo logo cedo (7h!) e vou para Guilin, na província de Guangxi, onde a Tati Klix e a Irmgard já estarão me esperando. Reservamos hotéis por internet, por meio de uma operadora bem legal, a Ctrip (tem site em inglês).
Graças à reserva, a Ctrip me fez o favor de mandar a previsão do tempo para Guilin. No meu pobre chinês, entendi que iria chover. Não sabia o quanto. Perguntei pra Mariana o que significava aquele caracter antes daquele para "chuva". Sim, é algo como muito, bastante, um montão, chuva torrencial, digamos assim. A ver...
Em Guilin, que recebe 14 milhões de turistas todos os anos (!), veremos formações de pedras calcárias caindo sobre lagos, o que parece ser um dos cenários mais bonitos aqui da China. De lá, pegaremos um barco até Yangshuo, uma pequena cidade perto. O passeio dura cerca de cinco horas pelo Rio Li e dizem ser imperdível.
Eu espero amar. E talvez convencer o Thiago Messias Lima Correa, 20 anos, a ir até lá. Ele e os amigos planejam para outubro uma viagem pela China. Há cinco meses na Austrália, este carioca é um viajante de marca maior e já gastou um mês deste tempo em passeios pela Tailândia, Malásia e Indonésia. Aliás, foi na Tailândia que o conheci. Espero agora ter o prazer de revê-lo por aqui.
Pra tentar ajudar o Thiago - e convencê-lo a ir a Guilin - prometo incrementar mais e mais a sessão Viagens com dicas e roteiros bacanas.
Agora, voltando ao meu roteiro destas mini-férias de uma semana com a Tati e a Irmgard, ainda faremos um cruzeiro pelo Rio Yangtze, o mais longo da China, e visitaremos Xi'an, a cidade dos soldados de terracota.
Ao longo desta semana, pretendo aparecer por aqui vez que outra. Deixei já algumas histórias preparadas para vocês, assim sempre vai ter novidade por aqui. E quando der uma brecha, contarei alguma novidade dos locais por onde estiver.
Carne de cachorro?
Guilin serve carne de cachorro. Definitivamente, não estou a fim de experimentar, já fiz questão de decorar os caracteres que podem indicar a iguaria, a fim de não cometer erros. Prato famoso lá, e que segundo meu amigo chinês Paul Lee, é bom, bonito e barato, é o tal peixe na cerveja. Esse eu já decorei também como se escreve e como se fala, com direito até a biquinho quase francês no final da última sílaba. Lá vai: chama-se "pijiuyu" - e se lê meio "pidiouii".
E aí?
Thiago, tu e a tua turma vão mesmo encarar a China?
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Turma da Mônica em negócio da China
Mauricio de Sousa distribui autógrafos em evento realizado pela Brapeq na embaixada brasileira em Pequim
Foto: Huang Zhen/Agência Xinhua
O mago dos gibis do Brasil, Mauricio de Sousa –criador da Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali e outros personagens infantis que encantam, há décadas, crianças brasileiras e de mais 40 países– poderá ser o primeiro latino-americano a participar de um milionário e gigantesco projeto educativo na China.
Semana passada, ele esteve em Pequim, onde se reuniu com representantes do governo e empresários chineses. Ele tratou, entre outros assuntos, da ampliação de um projeto-piloto com livros didáticos, iniciado em fevereiro, voltado para brasileirinhos em fase de alfabetização que vieram estudar em Xangai, cidade onde o desenhista também esteve.
Em entrevista à agência Xinhua, Mauricio contou como pretende tornar realidade a proposta chinesa, que deverá atender a dezenas de milhões de crianças a partir dos seis anos e que poderá faturar para lá de US$ 90 milhões de dólares, segundo analistas de negócios na China.
Mas Mauricio ainda quer realizar outros sonhos com os chineses. Ele quer retomar um antigo desejo alimentado com seu amigo J. Wang, taiwanês e dono de um dos maiores estúdios de animação do mundo, para "agitar" ainda mais as estripulias da "turminha". E Wang confirmou para Xinhua que está ansioso para entrar nessa.
O pai da Mônica também está disposto a colaborar com o Brasileiros em Pequim (Brapeq) –entidade que promove o português e a cultura brasileira na capital chinesa– nas Paraolimpíadas. Disse que seu personagem Luca –um garoto paraplégico– poderia estar ao lado da delegação brasileira que virá disputar esses jogos na China.
Manuel Martinez-Especial
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